01 de junho de 2018 | 08h04
Neste domingo, a 22ª Parada do Orgulho LGBT vai tomar conta da Avenida Paulista, em São Paulo. No ano passado, o evento reuniu 3 milhões de pessoas e garantiu a ocupação de 90% dos leitos da rede hoteleira na região da Paulista e do centro da cidade. No entanto, não é preciso esperar o desfile para celebrar a diversidade. Selecionamos cinco roteiros de viagens LGBT que podem ser feitas o ano todo.
O Brasil é um dos 26 países onde o casamento homoafetivo é legalizado. Mas que tal transformar a união também em uma viagem a dois? Las Vegas é um clássico – a grande maioria das capelas realiza cerimônias entre pessoas do mesmo sexo. A Gay Chappel of Las Vegas, no entanto, foi criada por um casal gay, Ron Decar e Jamie Richards, e é especializada no público LGBT. Há várias opções temáticas: com Elvis como juiz de paz (a partir de US$ 260), no gazebo da propriedade, gótico, rock’n’roll e conto de fadas, que inclui dois soldados escoltando a noiva (ou noivo) e uma entrada triunfal (US$ 1.795).
Mas é possível ter algo parecido aqui no Brasil mesmo. Inaugurado no início de maio, o espaço temático Casamento dos Sonhos, em Gramado, realiza cerimônias no estilo Las Vegas também para casais do mesmo sexo. É possível se casar oficialmente, com um juiz de paz, ou apenas por diversão, em pacotes variados. O cover de Elvis também está lá, mas dá para variar de tema, com o pacote romântico, medieval ou de seu filme favorito (Star Wars, Harry Potter)... Para chegar ao local, que conta com uma capela e um jardim com carruagem estilo conto de fadas, dá para optar por uma limusine ou até uma ferrari. Os pacotes custam entre R$ 490 e R$ 1.600.
Algumas são mais festivas, outras mais politizadas. Mas há centenas de paradas que buscam celebrar o orgulho LGBT mundo afora – confira o calendário aqui. Em junho, além da de São Paulo, há a parada de Tel Aviv, no dia 8. Lisboa realiza a sua dia 16 e, no dia 23, promove um Arraial do Orgulho Gay. Em Paris, a parada celebra sua 40ª edição no dia 30. Conhecida pela luta por direitos dos homossexuais, São Francisco, nos EUA, dedica os dias 23 e 24 para uma série de eventos do orgulho LGBT, culminando com um desfile, no domingo – mesmo dia da parada de Nova York.
Em Amsterdã, há eventos temáticos de 28 de julho a 5 de agosto, com uma parada entre os canais da cidade. Buenos Aires, conhecida por sua natureza gay friendly, realiza a sua em 10 de novembro – nessa época, aproveite também o Queer Tango Festival, entre os dias 12 e 18, com apresentações e aulas para iniciantes.
Com um total de 13 edições, o premiado reality show Rupaul’s Drag Race reúne um grupo de drag queens que deve passar por uma série de desafios de performance, costura e passarela. O sucesso do programa impulsionou a cultura drag e criou uma legião de simpatizantes, que buscam ver ao vivo apresentações de suas participantes favoritas.
O apresentador Rupaul Charles aproveitou a popularidade do programa para criar, em 2015, a Rupaul DragCon – evento no estilo das ComicCons de quadrinhos, mas com foco na cultura drag. Há expositores de figurino e maquiagem, sapatos de saltos inacreditavelmente altos, workshops. A de Los Angeles foi realizada no início de maio, mas Nova York também terá a sua, entre 28 e 30 de novembro. Os ingressos já estão à venda e custam a partir de US$ 40. Na programação, painéis com ex-participantes (como Trixie Mattel, vencedora da última edição do All Stars), quadros clássicos do programa (como o desfile e o Snatch Game, um quadro de imitações) e, como não poderia faltar, shows com drag queens...
Há outras opções para mergulhar na cultura drag. Em Chicago, por exemplo, o Kit Kat Lounge é um bar e restaurante de decoração clean, com uma carta de mais de 200 martinis, todos por US$ 12,95. As “divas”, como eles se referem às artistas, se apresentam em intervalos de 1 hora, em média, e passam de mesa em mesa (pode tirar fotos à vontade). Los Angeles tem a Hamburger Mary, que serve hambúrgueres bem avaliados (inclusive veganos) e realiza shows diversos, incluindo um bingo beneficente.
E vale lembrar que sempre diva Cher, fonte de inspiração para centenas de drags, está em turnê com o show Classic Cher. Em agosto, ela fará várias apresentações em Washington D.C; entre setembro e outubro, ela realiza diversas apresentações na Austrália antes de voltar para os Estados Unidos, em novembro, para uma temporada em Las Vegas. Informações sobre tíquetes em cher.com.
Felizmente, pedir uma cama de casal para duas pessoas do mesmo sexo já é algo corriqueiro em muitos hotéis mundo afora. A rede Accor, por exemplo, ganhou este ano o selo de Empresa Amiga da Diversidade entregue pela Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por seu trabalho com a comunidade LGBT. Associada à IGLTA, Associação Internacional de Viajantes Gays e Lésbicas, na sigla em inglês, a empresa conta com um comitê para auxiliá-la em ações focadas no público homossexual e no treinamento de seus funcionários.
Nos Estados Unidos, a rede de hotéis-butique Kimpton é considerada uma das mais comprometidas com o público gay. Entre as ações da marca, quem doa US$ 10 por dia durante sua estada para o Trevor Project ganha 15% de desconto por diária. O projeto tem como objetivo oferecer apoio psicológico e prevenir suicídio de jovens LGBT, oferecendo aconselhamento em uma linha aberta 24 horas por dia. Outras redes que também constam entre bons exemplos de inclusão são a Starwood, a primeira dos EUA a anunciar na Parada Gay de Nova York, além de Marriott, Hyatt e Hilton.
Na Europa, o site GayWelcome.com listas mais de 4 mil opções de hotéis gay friendly ou mesmo exclusivos para o público gay. Aliás, há cada vez mais opções nessa última categoria. Em Puerto Vallarta, no México, o luxuoso Almar Resort se autodenomina “hetero friendly”, fica em frente à praia e conta com piscina de borda infinita, jacuzzi e ammenities L’Occitane (diárias a partir de R$ 460). Conhecida por suas festas badaladas, Mykonos, na Grécia, conta com o Elisium, em Mykonos, cuja piscina com vista para o Mar Egeu é o centro nervoso da casa. Ali ocorrem festas, shows e pool parties animadas (diárias a partir de R$ 600).
Também conhecida por ser uma cidade gay friendly, Buenos Aires é um verdadeiro oásis de hospedagens amigáveis para casais homossexuais. Localizado na região do Puerto Madero, em Buenos Aires, o refinado Faena, decorado por Philippe Starck, é um antigo queridinho da comunidade LGBT, com quartos lindamente decorados a partir de US$ 529 e bicicletas para emprestar e percorrer a cidade. Não é o único na capital portenha: o Mio, elegante um hotel-butique com quartos a partir de US$ 250, está entre os mais elogiados pela comunidade LGBT.
Independentemente de sua orientação sexual, viajantes querem mesmo é viajar. No entanto, o preconceito ainda existe em muitos lugares: em cerca de 70 países a homossexualidade é considerada crime (leia mais sobre o assunto aqui). Bermuda, no Caribe, vive uma polêmica: menos de um ano depois de aprovar uniões homoafetivas, o governo do país anunciou que vai voltar atrás na decisão, causando uma série de petições online e um boicote por parte de famosos como a apresentadora norte-americana Ellen Degeneres. Por outro lado, alguns destinos vêm se destacando justamente pela inclusão – e, claro, por suas belas paisagens.
Caso da Dinamarca, primeiro país a oficializar o casamento gay, em 1989. Na capital, Copenhague, o Centralhjørnet, de 1917, se autodenomina o bar gay mais antigo do mundo – a partir de outubro, com o inverno rigoroso se aproximando, a casa investe em shows de drags, música e jazz. A Nova Zelândia foi pioneira em adotar a nomenclatura “gay friendly” em estabelecimentos, em 1998, e cada vez mais aparece em guias LGBT como um destino amigável. Conhecida por ser a meca dos esportes de aventura, Queenstown realiza a Gay Ski Week de 1º a 9 de setembro, com atrações pagas e gratuitas para celebrar o orgulho LGBT.
Com seus lindos cenários divulgados na série da HBO Game of Thrones, a Islândia também está entre os países liberais – quando o casamento gay foi oficializado, em 2010, a então primeira-ministra do país Johanna Siguroardottir aproveitou para se casar com sua companheira publicamente.
Na Ásia, a Tailândia é um dos países mais gay friendly – em muitos sites especializados, Bangcok é chamada de “a capital gay da Ásia” por sua infinidade de estabelecimentos com foco nesse público. Pattaya tem algumas das praias mais badaladas, como Dongtan Beach e Jomtien Beach, enquanto Chiang Mai se destaca pela vida noturna.
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