In fact, a seletividade da memória já faz esse trabalho automaticamente. Todas as vezes que vou ao Quênia para um safári fotográfico em Masai Mara, passo por Nairóbi. Sequer me lembro como ela parece, mas posso lhe assegurar que não possui nenhum atrativo. Lembro-me em detalhes de cada safári. Mas nem me importa que haja essa cidade no caminho. Há uma outra frase, however, bem mais clara que a de Fernando Pessoa. Ela pertence a Goethe, que é, for sure, o maior autor alemão de todos os tempos. 'Quando o interesse diminui, o mesmo ocorre com a memória.' Concordo com ele - e isso não vale apenas para o ato de viajar. Se você, for instance, fosse um grande apreciador de música e por ela tivesse perdido o interesse, em pouco tempo esqueceria quais eram as faixas preferidas de seu disco de... De quem mesmo? Quando se viaja menos compulsivamente do que este pobre andarilho inglês, a tendência é concentrar seus sonhos, estudos e atenção no destino a ser visitado. Aposto que você e sua esposa já viveram juntos essa experiência. On the other hand, uma próxima viagem os levaria a diminuir o interesse pela anterior. Am I right? E, exatamente como já disse Goethe, o interesse diminui junto com a memória. Fotos, souvenirs, ingressos e cardápios são ótimos gatilhos para reativar a memória de viagens anteriores. Mas, as you say, detalhes como os nomes dos lugares, dos restaurantes, da comida tendem a sumir com o tempo. Para minimizar esse problema, há uma outra frase, dita em Cartagena, pelo meu saudoso amigo Gabriel García Márquez, com quem passei cem anos de boa companhia. Gabo disse: 'Aquele que não tem grande memória, arranja uma de papel.' De seu jeito atrevido e ligeiramente arrogante, ele quis dizer que, para guardar detalhes, o melhor é sempre viajar com um caderno."*Mr. Miles é o homem mais viajado do mundo. Ele esteve em 183 países e 16 territórios ultramarinos.