Das águas às paradas gastronômicas, não perca nenhum detalhe

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Foto do author Douglas Vieira
Por Douglas Vieira
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Se, no inverno, a montanha Cerro Bayo é a opção para esquiar com mais mordomias que o usual - a estação se autodenomina esqui-butique -, no verão, torna-se o mirante perfeito para olhar o horizonte. Lá do alto, a vista para a Península de Quetrihue garante fotos que fazem qualquer um se achar profissional na arte do clique. Você pode subir pelos teleféricos ou optar por caminhadas e escaladas - algumas de nível fácil, portanto, não há desculpa. Para descer, que tal encarar trilhas de mountain bike ou descobrir áreas lindas para fazer rapel? Além da montanha, conheça outras maneiras de explorar a região, sem deixar passar nenhum cantinho das paisagens lúdicas. Parque nacional A navegação de 45 minutos feita pelos lagos, por entre as montanhas e, no meu caso, com a sorte de presenciar inúmeros arco-íris pelo caminho, leva ao belo Parque Nacional Los Arrayanes, demarcado em 1971. O nome Arrayanes vem das árvores homônimas, de tronco duro e gelado, que cobrem toda a reserva e cujos frutos são utilizados para preparar uma bebida alcoólica chamada la chicha. No anzol Onipresente nos restaurantes locais, a truta pode ser pescada nos lagos da região. Há diferentes espécies, que foram levadas para o local e se adaptaram muito bem. Pescadores de ocasião precisam de uma licença, emitida na Casa da Guarda Florestal, no Escritório de Turismo e nas lojas de equipamentos por cerca de 8 pesos (R$ 3,60). A pesca é esportiva: o peixe capturado deve ser devolvido ao lago. Apenas um exemplar pode ser levado para consumo. Hora do chá O chá de rosa moschetta é o clássico local. Fruto típico da região, é usado também em geleias, compotas e produtos de beleza. Escolhi tomar o meu na Pousada Luma (Avenida Siete Lagos, 2.369), diante de uma janela aberta para uma paisagem deslumbrante. Para acompanhar, uma fartíssima mesa de quitutes suficiente para você dispensar o jantar. Cervejas artesanais A cerveja Bauhaus conta com um simpático pub de montanha, no número 3.370 da Avenida Arrayanes, comandada pelo casal Natalia Granzurger e Alejandro Camacho. Ela, mestre cervejeira, cuida da bebida produzida ali, nas versões pale ale, barley ale e stout (essa última, primorosa), Alejandro se encarrega da decoração do ambiente, cheio de discos clássicos. Assim como em Villa La Angostura, visitar Bariloche fora da temporada de inverno foi uma experiência de descoberta. Se no primeiro destino a sensação era de estar diante de um lugar fantástico e pouco conhecido dos brasileiros, o segundo encantou por sua não obviedade sob o sol. Nada de neve, nada de esqui, nada de hotéis lotados. No verão, a ocupação da cidade - que na alta temporada chega a ser de 100 mil turistas, para 140 mil habitantes - é bem menor. E as atividades, completamente diferentes. Mirantes. Além de ser a montanha mais conhecida dos brasileiros, Cerro Catedral é também a maior pista de esqui não só de Bariloche como da América do Sul. No inverno, não existe lugar melhor para estar. Na base da colina há mais de 7 mil leitos - um contraste interessante com Angostura, em que hotéis são proibidos aos pés de Cerro Bayo -, muitos restaurantes, e, claro, inúmeras pistas, para esportistas de todos os níveis, até os que não se enquadram em nenhum. No verão e primavera, o lugar se abre para caminhadas, rapel, escaladas e trilhas de mountain bike. Se quiser garantir a foto mais bonita, vá ao imbatível Cerro Campanario. Com diversos mirantes, cada um apontando uma direção, você tem uma visão em 360 graus de Bariloche - e comprova que é mesmo linda em qualquer estação. Prato. Comparada a Angostura, Bariloche eleva a experiência de comer bem a um patamar fantástico. No El Patacon (elpatacon.com), frequentado por quase todas as autoridades que passam pela cidade, de Lula a Bill Clinton, você prova clássicos da culinária local, como cordeiro e truta, com sofisticação. Mas é no Cassis (cassis.com.ar) que se apaixonará pela gastronomia regional. Primeiro, por causa dos pratos assinados pela chef Mariana Müller de Wolf e, em seguida, pelo atendimento de Ernesto, seu marido e parceiro no restaurante. O ambiente é dos mais lindos. Antes e depois de sentar-se à mesa, saia para dar uma volta no bosque e se embasbacar com a vista do lago. A cavalo. A visita ao Complexo Los Baqueanos (complejobaqueanos.com.ar) impressiona só por saber que há quem viva de maneira tão pacata, num cenário incrível, que beira a ficção. Logo na chegada, como de praxe, a mesa de quitutes já vale o passeio. O roteiro é uma cavalgada - e mesmo que você não seja o melhor amigo dos equinos, pode ficar sossegado: os animais são muito tranquilos. Ao se embrenhar no bosque, cruzar riachos e beirar montanhas, ficará fácil esquecer o medo. Rafting. Para fechar a visita, uma sugestão é entrar na água com mais emoção. Há descidas de diferentes níveis, em botes para grupos ou caiaques individuais. Para os menos pilhados, a Extremo Sur (extremosur.com) tem opções como a flotada no Rio Limay: versão de rafting com pouca adrenalina e muita contemplação no fim da tarde. Durante nosso passeio, quando passávamos calmamente com o bote por entre montanhas, o sol se escondia. E se foi antes que o tour acabasse, o que fez do retorno à terra uma viagem na escuridão completa. Nada a reclamar. Quem se importa com um pouco de breu depois de ver o pôr do sol em ambiente tão surreal? / D.V.

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