De olho no seguro-viagem

Despesas médicas e hospitalares, além do traslado em UTI móvel de volta ao Brasil, passam a fazer parte das coberturas obrigatórias das apólices

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Por Felipe Mortara
Atualização:
Só na esteira o viajante sabe se deu tudo certo com sua bagagem Foto: José Patrício/Estadão

Desde outubro de 2015, quem viaja com a proteção de um seguro-viagem tem motivos de sobra para se sentir mais... seguro. Despesas médicas, hospitalares e odontológicas passarão a fazer parte das coberturas obrigatórias das apólices, além do traslado do passageiro de volta ao Brasil em UTI móvel, caso necessário. A resolução 315/2014 da Superintendência de Seguros Privados (Susep), divulgada em setembro de 2014, deu o prazo de um ano para as empresas do ramo aplicarem as novas regras.

Seguem inalteradas as coberturas de morte e invalidez permanente, assim como outras proteções clássicas do serviço, como compensação por atraso ou cancelamento de voo, localização e reembolso por atraso e perda de bagagem. Tampouco afeta outras assistências complementares, como adiantamento financeiro, auxílio por perda de documentos ou jurídico.

"O seguro passa a ser emitido como uma apólice comum, porém com a opção de bilhete, mais simplificado", explica João Carlos Ayres, gerente de Marketing e Produtos da Mapfre Assistance. Entre as mudanças significativas, Ayres destaca um benefício para viajantes com doenças crônicas. "É obrigatório que todos os planos cubram doenças preexistentes."

Vale ressaltar que a cobertura de gastos médicos pode ser oferecida em diferentes limites, em moeda local ou estrangeira. Alguns países determinam que os seguros cubram despesas acima de um valor preestabelecido - no caso das nações europeias signatárias do acordo de Schengen, o mínimo é de 30 mil.

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Leve em consideração que, dependendo do destino, os custos com tratamento médico podem ser exorbitantes. "Fazemos seguros na esperança de não utilizarmos, mas devemos nos certificar de que o essencial esteja assegurado. Há casos de pacientes que precisaram ser internados por 3 dias nos Estados Unidos e a conta do hospital passou dos US$ 30 mil", conta Raphael Swierczynski, CEO da QBE Brasil Seguros.

De acordo com as empresas, os casos mais comuns de atendimento são por indisposição intestinal, em geral reflexo de uma gastronomia diferente, ou traumas causados por fraturas e quedas.

 

DEPOIMENTO
'Na Grécia, me orientaram aonde ir em português' 
Felipe Mortara, Repórter do 'Viagem'
 
"Após algumas semanas trabalhando como garçom na cidade siciliana de Taormina, um inocente amendoim me arrancou uma obturação. Na maior parte dos países estrangeiros, dentistas são formados em medicina e cobram caro. Arrumei um profissional que tirou uma radiografia e realizou o serviço em pouco mais de 20 minutos. A conta: US$ 583. O seguro-viagem queria reembolsar apenas US$ 300 referentes ao atendimento odontológico básico. Depois de muita negociação, consegui os US$ 500 de cobertura máxima para esta categoria.
 
Com o dente recuperado, segui para a Grécia. Em Atenas, a ideia de pular uma pequena cerca para dar uma volta olímpica no Estádio Panathinaiko, palco da final da maratona em 2004, terminou com a mão esquerda apoiada de mau jeito e uma dor lancinante no pulso de madrugada. Desci para a recepção do hostel, liguei para a seguradora Isis Brasil e expliquei, genericamente, que se tratava de um tombo. 
 
Fui atendido em português, com uma atenção reconfortante. Recomendaram que eu chamasse um táxi, dizendo que em cinco minutos me ligariam confirmando o endereço do hospital para onde seguir. Ainda na porta da clínica, um simpático ortopedista grego me recebeu pelo nome. Em seguida, fez o raio X e engessou meu braço esquerdo. Meus custos com remédios e táxi foram reembolsados pela assistência. E, mesmo imobilizado por três semanas, a viagem prosseguiu muito bem."

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