Dia 2 - Acima dos 4 mil metros

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Por Flavia Alemi
Atualização:
Van ajuda e da uma carona até o ponto de partida da caminhada, que está a 3.800 metros Foto: Flavia Alemi/ Estadão

Os músculos enrijecidos depois da primeira trilha deixam tudo mais complicado, desde pisar no chão até subir os degraus que levam à sala de jantar do chalé de Lamay. Mas a vontade de testar os limites do corpo tornam o segundo dia de trilha indispensável, principalmente quando você descobre que irá passar dos 4 mil metros de altitude. Para ajudar um pouco nessa árdua tarefa, a van dá uma carona até o ponto de partida da caminhada, que já está a 3.800 metros. 

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Lembra quando chega aquele momento do calendário futebolístico em que algum time brasileiro precisa ir para a Bolívia numa decisão da Copa Libertadores? Cada clube arma uma estratégia parecida, que consiste basicamente em chegar a La Paz dias antes da partida. Mas, mesmo assim, parece que os jogadores não conseguem render o máximo que podem, e isso acontece por causa do ar rarefeito, que torna a respiração difícil e faz perder o fôlego com apenas alguns passos. Se isso acontece com atletas profissionais, imagine o efeito em corpos que apenas correm na esteira durante alguns minutos na semana. 

Poucas passadas já faziam ser necessário parar para beber água e recuperar o ar. Na pausa mais longa, Steven, um dos canadenses do grupo, verificou nos seus gadgets que nós havíamos nos deslocado apenas 244 metros em 40 minutos. E ainda faltavam mais 121 metros até a passagem. Em frente.

Para baixo todo santo ajuda?

O pico da caminhada é marcado por um montinho de pedras arrumadas para o clique perfeito do grupo, com o céu e as montanhas ao fundo. Depois do registro, sobra apenas o caminho morro abaixo, para azar dos pobres joelhos, que precisarão aguentar mais 1h30 de descida até Viacha, vilarejo onde será servido o almoço. Na trilha tortuosa, o contato com os animais criados pelas famílias do povoado é direto. 

Caminhando entre rebanhos de ovelhas, finalmente chegamos à casa de Bertha e Julian, casal morador das montanhas que nos recebeu com a pachamanca. Prato típico do Peru, consiste num tipo de cozido de cordeiro, porco e frango – além de vários tipos de batata e milho –, preparados sob a terra.

Pisac 

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Entrada de Pisac, cidade foi uma das maiores durante o apogeu do povo pré-colombiano Foto: Flavia Alemi/ Estadão

Depois do almoço, as ruínas de Pisac são o próximo destino. Construída por civilizações pré-incas, a cidade foi uma das maiores durante o apogeu do povo pré-colombiano e se destacava por sua completude: agrupava torres, edifícios, templos, terraços agrícolas e um cemitério. Explorar Pisac após uma trilha moderada é desafiador, mas a energia dos incas parece dar uma forcinha extra para que você não desista. A vastidão da paisagem sopra um ar contemplativo enquanto o relógio insiste em avançar. Já é hora de ir para o chalé.

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