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Dia 3: todos juntos, até o ponto mais alto da trilha

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Por Redação
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Cores e mais cores provocavam os olhos pela manhã, em Huacawasi. Famosa por sua produção têxtil, a vilinha tem nos moradores seus melhores modelos. Ponchos, saias e chapéus de fitas multicoloridas desfilavam adornando homens, crianças e mulheres. Não é para turista ver, é assim todo dia. Lentamente, cruzávamos o vilarejo rumo a Patacancha, a 14 quilômetros dali e também na faixa dos 3.800 metros de altitude. O problema, ou melhor, o desafio, atendia pelo nome de Passo de Ipsaycocha, a 4.442 metros. Neste dia, os dois grupos passearam juntos. A diferença foi que os semiativos saíram mais de 1h30 antes. Caminhando num ritmo tranquilo, todos encararam a subida de 2h30, inclusive os menos habituados. "Para quem não tem nenhum preparo físico, como eu, foi superpossível. Os guias foram bárbaros, sempre orientando e me apoiando a cada trecho, sem pressão", conta a consultora de turismo Rogéria Pinheiro, de 37 anos. Durante a caminhada, é comum encontrar moradores se deslocando de aldeia em aldeia, levando mercadorias e rebanhos. Lhamas pastando ao redor são comuns nas inúmeras paradas para se hidratar e beliscar alguma fruta seca ou chocolate. O vento é companhia constante, por isso um casaco corta-vento é muito bem-vindo. Perto do passo a inclinação aumenta e o solo fica mais pedregoso, como um desafio final. Ao alcançar o outro lado, os dois grupos se encontram e, abrigados do vento, posam para uma foto coletiva. Afinal, estamos a 4.442 metros acima do nível do mar, no ponto mais alto da viagem. Daí por diante, só alegria . Cerca de 40 minutos de descida até o Lago de Ipsaycocha, onde o circo estava armado para o almoço. Bonito, com água clara nas margens e trutas pulando aqui e ali (vimos um morador fisgar uma delas), um ótimo consolo para quem não foi até a Lagoa Qeywacocha na trilha ativa da véspera. O macarrão com molho de tomates frescos agradou a todos, e os que pediram dieta sem glúten tiveram sua versão adaptada - e elogiada. Difícil foi prosseguir por mais 1h30 até Patacancha. No entanto, havia um outro ótimo motivo para concluir as cinco horas de trekking deste terceiro dia. Padrinhos. Havíamos sido convidados por Juan, um dos carregadores, para o batizado de seu filho. Seguindo as antigas tradições rurais peruanas, ao completar um ano a criança recebe seu nome definitivo e é apadrinhada. Os padrinhos deixam dinheiro sobre uma bandeja e ali pegam uma tesoura, com a qual cortam chumaços de cabelo do pequeno, que são colocados ao lado das notas. A família prepara um banquete, com direito a perninhas de cuy (porquinho-da-índia). Todos do grupo acabaram apadrinhando o despojado menininho, que parecia estar se divertindo e, desde aquele dia, se chama Adriano. /F.M. Mais dicas:

À venda no Mercado de San Pedro, em Cuzco, a llipta é uma porção de cinzas de plantas andinas compactas e com alto teor alcalino. Uma lasquinha na boca ameniza o amargor da folha de coca e aumenta a disposição na altitude Desde 2011, foi estipulado um número limite de 2,5 mil visitantes diários em Machu Picchu, para minimizar o impacto no local. Ainda assim, é mais do que o dobro do número estimado de moradores da cidadela no século 16

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