Dia Mundial do Turismo: 5 tendências da pandemia que vieram para ficar

Exigência de vacinação ou teste de covid, mais viagens no Brasil, roteiros em busca de bem-estar, lazer com trabalho combinados e escapadas na natureza devem continuar em alta

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Por Nathalia Molina
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Algumas tendências surgidas ou aceleradas pela pandemia vieram para ficar. As escapadas na natureza, a (re)descoberta do Brasil pelos viajantes nacionais, a busca por roteiros de bem-estar, a mistura de lazer com trabalho nas viagens e a exigência de vacinação ou teste de covid devem continuar em alta por um bom tempo ainda.

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Neste Dia Mundial do Turismo – definido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), em 1979, como sendo todo 27 de setembro –, destacamos essas cinco macrotendências, que se cruzam e englobam diferentes outras menores:

Exigência de vacinação no exterior e até no Brasil

Só a vacinação pode controlar a pandemia e, por consequência, impulsionar as viagens no Brasil e no mundo, especialistas vêm repetindo desde 2020. Dentro do País porque os brasileiros se sentem mais seguros de planejar dias longe de casa. No exterior porque muitos países reabertos para brasileiros sem quarentena exigem imunização com esquema completo (duas doses ou a única).

Espanha exige vacinação de viajantes brasileiros, mas aceita todos os imunizantes aplicados aqui Foto: Turismo da Espanha

Para viagem internacional, a exigência de vacinação ou teste de covid é uma tendência fortíssima. Um passaporte de vacina, como proposto pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (International Air Transport Association - Iata), não foi instituído mundialmente. Cada país vem definindo suas regras para a entrada de turistas estrangeiros, mas o esquema completo de imunização (duas doses ou a única) geralmente está entre elas. Veja como emitir o certificado de vacinação em inglês, espanhol e português para viagem.

Alguns países liberam a entrada apenas de viajantes que receberam as vacinas aplicadas no próprio país (caso do Canadá) ou aprovadas por órgãos reguladores como a Agência Europeia de Medicamentos (caso da França e da Alemanha, que não aceitam viajantes vacinados com Coronavac). Já Espanha permite todos os imunizantes aplicados no Brasil, enquanto Portugal e Peru aceitam apenas teste contra covid. Argentina e Estados Unidos anunciaram que vão exigir vacina, mas ainda não divulgaram quais são aprovadas.

Até no Brasil a vacinação passa a ser pré-requisito de viagem para Fernando de Noronha: sem nenhuma dose não entra mais no destino de 1º de outubro em diante. Quem tem o esquema de imunização completo não precisa fazer teste PCR ou antígeno de laboratório para entrar no destino pernambucano. Se o turista tomou apenas uma das duas doses pode viajar para o arquipélago até o fim de novembro fazendo o exame de covid. Depois de 1º de dezembro, só mesmo estando vacinado.

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Roteiros em busca de bem-estar

Quando feitas de forma responsável – vacinação, máscara, álcool em gel e distanciamento –, viagens beneficiam a saúde mental, explicam especialistas. Passar uns dias longe da rotina pode combater a exaustão e o estresse causados pelo longo período de isolamento e de convívio com a pandemia.

Dias longe de casa podem ajudar a combater estresse e cansaço provocados pela pandemia Foto: Cláudio Ferreira

A busca por atividades que promovam o bem-estar leva hotéis a investirem nesse segmento até mesmo para famílias. O Anantara Spa, no Tivoli Mofarrej São Paulo, prreparou uma oferta em outubro para estilumar agendamentos simultâneos para pais e filhos. Chamada de Family Time, dá 15% de desconto nessas sessões durante todo o mês.

Viagens no Brasil e turismo de proximidade

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Os primeiros a voltar na pandemia foram os bate-voltas (por exemplo, em passeios perto de São Paulo) e as viagens de carro, que viraram a aposta até de empresas do setor de turismo que não trabalhavam apenas com pacotes de hospedagem. Enquanto as viagens ao exterior exigem flexibilidade e atenção aos detalhes para lidar com possíveis mudanças causadas pela pandemia, o turismo doméstico segue muito aquecido.

O Boletim Mensal Braztoa, feito em parceria entre a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo e a consultoria UP Soluções em Turismo, mostra que os principais desafios para a retomada do turismo internacional apontados pelas integrantes da associação são: restrições de circulação entre países, retorno da malha aérea e custo da passagem de avião. A lista de dificuldades segue com a taxa de câmbio desfavorável do real em relação a moedas estrangeiras e o surgimento de variantes do coronavírus.

Salvador é um dos destinos mais procurados pelos turistas no Brasil, ao lado de Fortaleza e Natal Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Segundo o levantamento, embora as viagens internacionais tenham crescido com a divulgação de novos países abertos para brasileiros, 74% dos embarques foram para destinos nacionais e 65,31% das vendas efetuadas em agosto pelas integrantes da Braztoa foram para o mercado brasileiros. Viagens para a praia continuam sendo a preferência; destaque para o Nordeste, com Fortaleza, Salvador e Natal. Com o doméstico aquecido, o turismo de luxo no Brasil segue em alta.

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Lazer com trabalho combinados na viagem

O anywhere office, possibilidade de se trabalhar de qualquer lugar remotamente, também vem sendo um forte movimento na hotelaria ao longo da pandemia. Empreendimentos criaram quartos voltados para home office e investimento no público local e fizeram adaptações de espaços de pais trabalharem e filhos estudarem. De olho na demanda reprimida por viagens, o setor prevê muitas inaugurações de hotéis no Brasil.

Preferência no Airbnb é por destinos localizados perto de grandes centros Foto: Airbnb
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No Airbnb, no segundo trimestre de 2021, as reservas no Brasil já ficaram acima dos números de antes da pandemia. A preferência era por destinos distantes até 500 quilômetros dos centros urbanos – leia mais sobre turismo de isolamento –, perto da natureza e para conciliar descanso em família com trabalho ou estudo remoto. Numa pesquisa encomendada pela plataforma ao Ipsos, 82% dos entrevistados dizem ter preferência por viagens de carro para lugares perto de casa e 75% afirmam que o meio ambiente e a sustentabilidade são aspectos importantes a serem considerados em acomodações e destinos.

Escapadas na natureza e passeios ao ar livre

As viagens sustentáveis já vinham sendo discutidas antes da pandemia, no contexto do 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), mas a pandemia acelerou o processo e a busca por viagens de natureza. Para estar de acordo com os ODS e também com as exigências de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance; na tradução, Governança Ambiental Social e Corporativa), empresas de turismo também investem em ações de sustentabilidade.

A combinação de várias dessas tendências vem contribuindo para a recuperação, por exemplo, do turismo de São Paulo, Estado já com mais da metade da população totalmente vacinada. Um período contínuo de crescimento até o fim do próximo ano é previsto pelo Centro de Inteligência da Economia do Turismo (Ciet). Relatório do órgão do governo paulista indica que o PIB do setor turístico no Estado deve subir 9,3% em 2021 e mais 10,6% em 2022, podendo igualar os resultados de 2019 a partir de junho e ultrapassá-los até dezembro do próximo ano.

Escapadas na natureza para cidades como Campos do Jordão aumentaram na pandemia Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

“O turismo terrestre, de carro em São Paulo, já passou 2019 neste ano. Já o aéreo está em 75%”, afirma o secretário estadual de Turismo, Vinicius Lummertz. Duas tendências responsáveis pela retomada das viagens no Estado de São Paulo são o turismo de proximidade e as escapadas na natureza. Cresceram ainda mais as viagens de carro para cidades paulistas como Olímpia e Campos do Jordão (veja roteiro fora do centro e com atividades ao ar livre).

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Já Brotas, conhecido destino de ecoturismo, ultrapassou, de janeiro a julho deste ano, o total de Imposto Sobre Serviços (ISS) de turismo recolhido no mesmo período de 2019 (R$ 895,8 mil ante R$ 746,3 mil). “Da mesma maneira com que conseguimos associar São Paulo à palavra turismo, não apenas de negócios, vamos trabalhar para ligar turismo a meio ambiente. Temos três milhões de visitantes em parques em São Paulo e podemos ter dez vezes isso. Temos duas Bélgicas ou um Portugal inteiro em parques”, diz Lummertz. O secretário paulista explica que está sendo preparada uma campanha de divulgação dos parques paulistas.

Enquanto isso, na capital paulista, o Plano de Desenvolvimento Turístico do Polo de Ecoturismo da Cantareira busca estabelecer uma rede de roteiros para passeios na região norte da cidade. “O ecoturismo é uma tendência que está se ampliando mundialmente por ser uma atividade ao ar livre, segura e que nos aproxima da natureza”, diz a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Aline Cardoso.

Iniciado entre outubro e dezembro de 2020 com a coleta de dados e análise das informações, o trabalho também mapeou os principais atrativos locais, já visitados isoladamente por paulistanos da zona norte e moradores de cidades vizinhas. Agora será formada uma comissão com representantes dos governos estadual e municipal, membros da sociedade civil e empresários interessados em desenvolver o turismo, para definir futuramente as medidas a serem tomadas na região, onde fica o Parque Estadual da Cantareira, uma das maiores florestas urbanas do mundo, com 7.910 hectares.

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