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Diamantina, fascinação de pedra preciosa

Com grutas, montanhas esculpidas pelo vento e pela chuva e cachoeiras com quedas incríveis, a bonita chapada na Bahia está entre os destinos de aventura mais consagrados do Brasil

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Por Redação
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Vale o suor. Trilhas são longas, mas o cenário é que tira o fôlego. Foto: Ricardo Freire/AE

 

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Fernando Pessoa, com pseudônimo de Alberto Caeiro, escreveu: "Vi que não há Natureza / Que Natureza não existe / Que há montes, vales, planícies / Que há árvores, flores, ervas / Que há rios e pedras / Mas que não há um todo a que isso pertença / Que um conjunto real e verdadeiro / É uma doença das nossas ideias. / A Natureza é parte de um todo. / Isso é talvez o tal mistério de que falam (...)" Acredite: a sensação na Chapada Diamantina, no interior da Bahia, é algo próximo disso. É como se sentir intruso em seu planeta. Um intruso fascinado.

 

Esse estranhamento faz da chapada um consenso entre os viajantes. Atrai quem não conhece e traz de volta quem já esteve por lá. Há vales, planícies e montes (de topo aplainado e com altitudes que variam dos 400 aos 1.200 metros). Há também árvores em pleno sertão, orquídeas coloridas, rios cristalinos e pedras que estão na região há pelo menos 1,8 bilhão de anos, quando o sertão era mar. Camadas de sedimentos se acumularam, movimentações tectônicas agiram e as serras da chapada despontaram. Vento e chuva esculpiram escarpas abissais, paredões rochosos, cânions e vales. Partes de um todo arrebatador.

 

Há belezas menos evidentes, mas que impressionam. Uma delas é o Poço Encantado, em Itaité, a 40 quilômetros de Andaraí, uma das cidades que servem de ponto de partida para o Parque Nacional da Chapada Diamantina (as outras: Lençóis, onde fica o aeroporto, Palmeiras, Xique-Xique do Igatu e Mucugê). O Poço Encantado é, na verdade, uma piscina natural dentro de uma caverna. Entre abril e setembro, raios de luz entram pela fenda nas rochas, entre 9 e 13 horas, e dão diferentes tonalidades à água. Parece mágica.

 

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Na chapada há centenas de grutas e muitas dezenas de cachoeiras, graças à localização: entre o vale do Rio São Francisco e o litoral baiano. A profusão de água e a umidade presa pelas montanhas colorem uma Caatinga mais verde que o habitual. Em áreas como o Vale do Capão, essas águas se derramam como na Cachoeira da Fumaça (são duas horas e meia de caminhada para dar de cara com o véu d'água), que, com 340 metros de queda, está entre as maiores do País. Na região, cartão-postal mais fotografado só o morro do Pai Inácio (acesso pela BR-242 para Seabra, a 22 quilômetros de Lençóis). Com quase 1.200 metros de altitude, oferece belo visual. Preço: 30 minutos de caminhada.

 

Andar muito, por sinal, é quase regra na chapada. É preciso vir preparado para as trilhas, pois há muito o que ver. Entre as atrações estão Iraquara, a cidade das grutas, e Marimbus, área alagada entre Lençóis e Andaraí que tem olhos d'água cristalinos, vitórias-régias, aves e jacarés, não por acaso é conhecida como o Pantanal da chapada. Há ainda Mucugê, cidadezinha com ares de século 19 que tem um cemitério bizantino e o Cachoeirão, com 300 metros de altura. Outra imperdível é Xique-Xique do Igatu. O movimentado centro de mineração do passado hoje abriga casas de pedra, que conferem aura de cidade fantasma ao local.

 

No que diz respeito às trilhas, uma das mais belas é a travessia entre o Vale do Capão e Guiné, cruzando, por 16 km e seis horas, os campos de altitude das serras do Candombá e do Sincorá, onde afloram as orquídeas. O visual do Vale do Pati é um dos mais belos do Brasil. "Você se sente insignificante diante daquelas montanhas", diz Maisa Porto, uma das intrusas fascinadas pela chapada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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