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Dicas de Bangcoc (ou Bangkok)

Agito mundano e calmaria espiritual na capital da Tailândia

Por Felipe Mortara
Atualização:
Grande Palácio, em Bangcoc Foto: Felipe Mortara|Estadão

BANGCOC - Não chega a ser aquela loucura de Se Beber Não Case 2, mas também passa longe da monotonia de um filme iraniano. Senhora de múltiplas facetas, Bangcoc assusta ao primeiro olhar. Colossais, as filas na imigração do aeroporto e o trânsito na grande via que leva até o centro da cidade dão uma sensação de terra de ninguém. Ou melhor, de gente demais. Mas basta uma caminhada pelo centro, um passeio pelo Rio Chao Phraya ou até mesmo uma noitada na icônica Khao San Road, a célebre rua dos mochileiros, para perceber que Bangcoc também pode ter a sua cara. Parada obrigatória até para o mais abastado visitante, a Khao San tem mais a oferecer do que barraquinhas com espetinhos de escorpião, sucos coloridos, frutas tropicais no espetinho e promoções de drinques para todas as idades. Com suas ofertas de restaurantes, lojas de souvenir e camisetas com frases pasteurizadas como “Same same, but different”, bancas de massagem nos pés (e estabelecimentos que oferecem um, digamos, algo a mais), vai além de uma versão asiática da Passarela do Álcool, em Porto Seguro. É a síntese de uma Tailândia que permite, aberta à diversão e aos prazeres. A ruela de pedestres pintada por letreiros de néon e fumaça de fritura é apenas um dos pontos que o visitante deve explorar da vívida metrópole. De tuc-tuc, táxi ou metrô (que, por sinal, é muito bom) parta em busca do que torna Bangcoc especial. Faces do Buda. O Wat Pho talvez seja a síntese superlativa de toda a crença budista do país. A célebre imagem do Buda deitado tem 46 metros de comprimento por 15 de altura e fica abrigada em um pavilhão proporcional. É normal não caber direito na foto. Ao lado, uma fila de vasilhas de cobre perpetua a tradição de depositar moedinhas e fazer pedidos. Os tailandeses acreditam haver um Buda para cada dia da semana. Em Wat Pho há enormes imagens dele de pé e também sentado, bem como 394 imagens menores por todo o templo. As centenas de pagodas, monumentos cilíndricos onde se acredita haver relíquias do Buda enterradas, se espalham pelo imenso espaço no centro de Bangcoc e abrigam também cinzas de famílias importantes. Um olhar atento sempre traz à tona detalhes das obras, mas a companhia de um guia é essencial para compreender a complexidade do espaço e dos rituais. Minha guia tailandesa Norma Tassanee explicou em ótimo português de Portugal o que ocorria numa cerimônia de ordenação de jovens monges, com suas túnicas laranja-ferrugem, na capela principal. Talvez a única vantagem de enfrentar o calor de maio seja a festa de Buda, comemorada no primeiro dia do mês e que deixa tudo ainda mais enfeitado. No Grande Palácio, de onde o rei se mudou há alguns anos, a atração é a imagem do Buda de Esmeralda, com 75 centímetros de altura, a mais sagrada da Tailândia. Fica em um templo anexo, o Wat Phra Kaew. Acredita-se que date do século 13 e que tenha sido trazida do Sri Lanka. Ali, nada de fotos, apenas orações.  Pelo resto do palácio, veja as imensas estátuas de figuras mitológicas e as pinturas com cenas do Ramakian, a versão tailandesa do épico indiano Ramayana, que datam de 1782. Outro edifício belíssimo é o Chakri Mahaprasat, erguido em 1882 por arquitetos britânicos mesclando um quê de renascimento italiano com arquitetura tradicional tailandesa. Um primor.  Um pouco distante dali, mas a poucos minutos em tuc-tuc, encante-se com o Wat Benchamabophit, mais conhecido como o Templo de Mármore. O belíssimo chão de mármore branco se espalha pelo salão e pelo pátio a céu aberto e apoia a estátua do Buda caminhando. De forma celestial surgiu ao meu lado o monge da foto principal desta página. É, parece mesmo um lugar mais perto do céu.CURIOSIDADE O Bangkok National Museum (4, Na Phra That), um dos maiores do Sudeste Asiático, guarda coleção de arte religiosa dos períodos Dvaravati a Ratanakosin. A capela de Buddhaisawan tem preservados murais de 1795.

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