Dijon, a saborosa cidade da mostarda

A capital da Borgonha é famosa pela produção do condimento

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Por Redação
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A Porte Guillaume, em Dijon, uma cidade com construções medievais e ares modernos ao mesmo tempo Foto: Lucineia Nunes/Estadão

Difícil não associar Dijon imediatamente à mostarda. De fato, a cidade é famosa pela produção do grão e do condimento de sabor intenso. Mas não só. A capital da Borgonha é um pequeno tesouro a ser explorado.

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Cidade com muitas características medievais, também mescla outros estilos, como o gótico, o renascentista e o rococó. Em 2015, o centro histórico entrou para a lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco.

A Place Darcy é um ótimo ponto de partida para explorar suas ruas, sem pressa e atento à arquitetura, ao comércio – com lojas como as Galerias Lafayette – e às delícias gastronômicas como o restaurante do Hotel La Cloche. Pegue um mapa distribuído nos hotéis e siga o trajeto indicado pelas placas numeradas e fixadas no chão com o desenho de uma coruja, o mascote da cidade.

A figura tem um significado importante para os moradores de Dijon. “Acredita-se que a escultura de uma coruja cravada na fachada da igreja Notre Dame, no século 15, dê sorte e realize o desejo de quem passar a mão esquerda sobre ela”, diz a simpática guia de turismo Carmen Caussanel. Não custa tentar.

Vale conhecer o Jardim Darcy, o primeiro jardim público, construído em 1880 ao redor do reservatório de água projetado pelo engenheiro Henry Darcy, 40 anos antes, para levar a água do Vale Suzon à cidade.

Na entrada da cidade, a Porte Guillaume é uma construção romana, datada de 100 anos depois de Cristo, que fazia parte das muralhas originais e foi redescoberta no século 19. Ao lado, fica a Rue de la Liberté, que concentra bons restaurantes, pâtisseries, chocolaterias, mercados, farmácias, antiquários e lojas de grife, formando um eixo comercial de encher os olhos com as ruas vizinhas.

Outro cantinho charmoso é a Praça François Rude, de 1904, batizada em homenagem ao escultor dijonense. O lugar também é conhecido como Place du Bareuzai, por causa da escultura Le Vendangeur, de um homem pisando nos cachos de uva – o bareuzai, como é chamado esse profissional na França. Um antigo carrossel confere ar nostálgico à praça.

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Com 156 mil habitantes na região central e 251 mil em todo o seu território, Dijon foi eleita patrimônio gastronômico francês em 2013, e se prepara para ser “reinaugurada” em 2019, reforçando o título de cidade da gastronomia, com a abertura de um complexo que inclui hotel quatro-estrelas, salas de conferência, restaurantes, feira livre e escola de gastronomia.

De grão em grão. A França tem 5 mil hectares dedicados ao cultivo de mostarda, dos quais 60% ficam na Borgonha. Ainda assim, um bom volume de grãos é importado do Canadá. Além da popular loja da mostarda Maille, visite a butique Edmond Fallot, empresa familiar que faz mostardas artesanais desde 1840 e conquistou em 2010 o selo IGP, de indicação geográfica protegida. Há mostardas com vinho branco, cassis, pimentão, manjericão, grãos, pimenta verde, entre outras (3 euros o pote). Algumas são fortes a ponto de fazer chorar. Na dúvida, prove as mostardas que saem das torneiras no balcão.

Outra parada é a butique e salão de chá La Rose de Vergy, que produz mais um clássico de Dijon, o pain d’épices, pão-de-mel um tanto pesado, mas saboroso, que pode ganhar até oito especiarias ou recheio de geleia. A receita secular leva mel e farinha de trigo, e nada de manteiga ou óleo (9,90 euros a lata). Outra especialidade local vendida na La Rose de Vergy é o licor de cassis.

Por fim, uma paradinha na La Boutique de la Truffe, que vende uma linha de produtos com trufa da Borgonha, uma parte extraída da propriedade da família, entre Dijon e Beaune, e outra comprada de vizinhos. Na loja há azeites, mostardas, patês e até joias com um pedacinho da iguaria. Trufas in natura ficam protegidas na vitrine e o quilo chega a custar 500 euros.

Vinho servido no restaurante Relais Bernard Loiseau Foto: Lucineia Nunes/Estadão

 

NOS PASSOS DE PASTEUR

Dole

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Localizada a 53 quilômetros de Dijon, Dole é uma cidade dedicada especialmente ao turismo ecológico e de aventura, com trilhas, canoagem e passeios de bicicleta às margens do Rio Doubs, que tem 197 quilômetros de extensão. O passeio de barco é outra atração do lugar.O cientista Louis Pasteur nasceu em Dole e até hoje o ateliê onde seu pai costurava couro é aberto à visitação (5,30 euros). Durante o verão, a cidade atrai visitantes para festas, shows e eventos próximos ao rio.

Arbois

A pequena Arbois é um vilarejo romântico e com boas surpresas gastronômicas, como pâtisseries, restaurantes e boucheries – um tipo de empório que vende embutidos, queijos e molhos. Localizada no departamento de Jura, próxima à cadeia de montanhas que separa a França da Suíça, Arbois foi a cidade onde viveu o cientista Louis Pasteur, homenageado com o desenho de um microscópio nas plaquinhas fixadas no chão para guiar turistas. Outra curiosidade são as portas de ferro na calçada em frente das casas, que levam às adegas subterrâneas. A casa do cientista é aberta a visitação, por 6,80 euros.

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