Dunas no horizonte de Mangue Seco

Na praia do vilarejo isolado, peça uma cerveja e desligue de tudo

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Por Eduardo Diório
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Pelo sucesso de Tieta, romance do escritor baiano Jorge Amado adaptado para cinema e televisão, daria para arriscar que Mangue Seco - onde vivem os personagens da obra - se tornou um destino concorrido. Mas isso não aconteceu. Até hoje, o vilarejo que fica na divisa entre Sergipe e Bahia é visitado por poucos sortudos. A dificuldade para chegar ao local explica em parte a ausência de turistas. Saindo de Aracaju, são cerca de 100 quilômetros pela Rodovia Ayrton Senna. Nela há placas para a balsa que parte a cada 45 minutos (e custa R$ 7,50). Depois, são mais 40 minutos de estrada até Pontal ou Terra Caída, onde existem duas opções: barco ou, quando a maré está baixa, veículo 4X4 a partir da Praia Costa Azul. No povoado não existem ruas asfaltadas nem carros. No máximo, dá para se locomover em um buggy - que os moradores chamam de bugre. O passeio de uma hora custa entre R$ 30 e R$ 50 e é muito tranqüilo. Não há momentos de frio na barriga. Procure pelo motorista Vilobaldo, um garoto articulado capaz de contar histórias divertidas. ''''Ali estão os coqueiros Romeu e Julieta. Isolados de tudo e de todos, formam um casal apaixonado que toma conta de tudo aqui'''', diz. Vender peixes é outra forma de sustento da população local. Mangue Seco é uma reunião de ecossistemas litorâneos: manguezais, praias e dunas da área foram declarados, em 1994, Área de Proteção Ambiental. Por isso, é preciso ficar atento na hora de se divertir por lá, para não prejudicar a natureza. Apesar de isolada, a região conta com alguma infra-estrutura. Há energia elétrica e telefones públicos, além de uma antena para celular fincada no meio da cidade. A vila tem ruas de areia e fica entre a margem do Rio Real e as dunas que se estendem até a praia. Subir em uma delas é uma boa opção para admirar a imensidão de areia e o ponto onde o rio encontra o mar. Desça sentado em um prancha (R$ 2). Não esqueça de passar bastante protetor solar na hora de relaxar na praia. Peça uma cerveja gelada e uma porção de caranguejos e desligue de tudo. RETORNO Na hora de voltar à civilização, depois do primeiro barco e antes da balsa, dê uma parada no Bar do Seu Zé. À beira da estrada, o local não tem placa nem número, mas é fácil de ser encontrado graças ao recado pintado na parede: ''''não aceitamos som''''. O dono do estabelecimento é uma figura de 75 anos que não gosta de rádio ligado. Conhecido na região por ser paquerador, tem 57 filhos registrados e, atualmente, namora seis mulheres - que convivem na maior harmonia. Bom de papo, recebe os clientes. ''''Tenho propriedades e gosto de mulher. Propaganda é a alma do negócio. Mercadoria boa todo mundo quer e, por isso, faço tanto sucesso'''', filosofa.

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