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Gana investe em passeios que levam turistas às origens africanas

Quatrocentos anos depois de os primeiros navios negreiros chegarem à América, descendentes fazem o caminho oposto como turistas

Por Alessandra Prentice e Siphiwe Sibeko
Atualização:
Mulher observa barcos a partir do Castelo de Cape Coast, em Assin Manso Foto: Natalija Gormalova/AFP

ASSIN MANSO -  Em uma clareira na saída de Assin Manso, em

Gana

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, um outdoor mostra duas pessoas negras vestindo tangas, com os braços e pernas acorrentados e os dizeres “Nunca mais!”. Esse é o “Rio Escravo”, onde os ganeses capturados tomavam um último banho antes de serem enviados para a escravidão na

América

, séculos atrás, para nunca mais voltar. Hoje, é um local sombrio para os descendentes daqueles que viveram suas vidas como propriedade alheia.

A popularidade do lugar aumentou neste ano, quando completou

400 anos da chegada dos primeiros africanos escravizados às colônias inglesas da América

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. A efeméride provocou uma onda de interesse no turismo ancestral, com gente dos Estados Unidos, do Caribe e da Europa indo atrás de suas raízes na África Ocidental.

“Dez anos atrás, ninguém ia ao

Rio Escravo

. Neste ano, a procura foi enorme”, contou Awuracy Butler, que administra a empresa Butler Tours. O aumento da demanda a obrigou a alugar mais carros para levar os turistas. “Todo mundo quer incluir o Rio Escravo no seu roteiro. Os fortes no litoral onde as pessoas escravizadas passavam seus últimos dias em Gana, em condições sufocantes, também são cada vez mais populares.”

O aumento do turismo foi um benefício econômico para Gana, que, ao contrário de outros países da África Ocidental, fez um marketing agressivo em cima da data. As autoridades enxergaram uma oportunidade para atrair investimento estrangeiro para a economia, castigada nos últimos anos por inflação e dívida pública elevadas, o que exigiu o socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

Portão de acesso ao 'Rio dos Escravos' Foto: Francis Kokoroko/Reuters
Entrada para os portões do castelo Foto: Natalija Gormalova/AFP
Vista do Castelo de Cape Coast para a praia, onde homens jogam futebol Foto: Natalija Gormalova/AFP
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