Luzes e ângulos
João Marcos Rosa, fotógrafo e jornalista, colaborador da National Geographic
Para João Marcos Rosa, com a popularização da fotografia digital e tanta gente postando, um dos desafios do fotógrafo - profissional ou amador - é buscar imagens que surpreendam.
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Em boa hora. Em lugares muito turísticos, Rosa recomenda buscar horários em que o fluxo de visitantes seja menor. “Acorde bem cedo ou espere o lusco-fusco após o pôr do sol.”
Vale lembrar que um tripé - mesmo na versão mini ou para celular - reduz a chance de fotos tremidas e sem foco em situações de baixa luminosidade. Na falta do acessório, muros e parapeitos ajudam.
Cantos. Caminhar pelos arredores do monumento que você quer fotografar pode fazer com que novos ângulos interessantes apareçam. Vielas no entorno, terraços de restaurantes e janelas de lojas podem oferecer enquadramentos inusitados que sirvam como molduras para o assunto principal.
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Técnicas fáceis
Henderson Moret, fotógrafo da plataforma Phototrip.me
Henderson Moret, que mora em Buenos Aires e faz ensaios profissionais para viajantes, indica um jeito de olhar e duas técnicas úteis e fáceis de aprender para melhorar suas fotos de lugares muito clicados.
Diferença nos detalhes. “Todo mundo já viu milhares de fotos da Torre Eiffel, mas se você colocá-la em um contexto, de um jeito diferente, vai causar um certo estranhamento e as pessoas vão gostar mais”, sugere. E como Moret faz isso? “Priorizo cenas inusitadas, placas engraçadas, pessoas do local, coloco o ponto turístico em contexto.”
Como num quadro. A técnica chamada de framing consiste em colocar o ponto turístico ou pessoa a ser fotografada dentro de uma moldura formada pelos elementos do ambiente: folhas de uma árvore, postes de iluminação, uma fresta entre prédios.
Nove partes. A regra dos terços ajuda a melhorar o enquadramento. Basta traçar duas linhas imaginárias horizontais e duas verticais, e posicionar o assunto principal da foto nos cruzamentos entre essas linhas - observando também o que fica no restante do espaço, claro. Às vezes, é questão de dar dois passos para tirar da sua foto aquele saco de lixo que está ali atrapalhando.
Referência e minimalismo
Cristiano Xavier, fotógrafo, sócio da agência OneLapse
Sócio da agência de viagens fotográficas One Lapse, Cristiano Xavier considera um desafio interessante o de fotografar criativamente lugares onde tanta gente já foi.
Começar pelo óbvio. “Primeiro faço a foto clichê mesmo, que me serve como referência de composição e luz”, ensina. “Depois procuro dar a minha interpretação pessoal fugindo das referências que visualizei antes.”
Mínimo e indireto. Xavier explora detalhe, textura e enquadramento parcial como forma de buscar outras narrativas e resultados para fotos de lugares batidos. “Meu gosto é pelo minimalismo”, diz.
O fotógrafo diz que retrata o local de formas indiretas, como num reflexo em poça d’água ou vitrine, e que aposta em ângulos diversos, como colocar a câmera bem baixa no chão.
“E se o local é muito turístico, por que não abordar exatamente isso, enquadrar a multidão? Daí você terá uma foto que mostra o quanto o lugar é atrativo.”
Treinar é importante
Haroldo Castro, fotógrafo, criador do site e agência Viajologia “A fotografia é criada, primeiro, na mente. Ela, através dos olhos, escolhe a imagem que vamos captar”, pontua Haroldo Castro, criador do site e agência de viagens fotográficas Viajologia.
Exercite a mente. Para quem já buscou milhões de vezes luzes e enquadramentos, o exercício de pensar antes no que quer ou não fotografar é quase instantâneo, segundo Castro. “Conclusão: é preciso treinar a mente”, ensina. “E a melhor maneira de treinar é fotografar muito.”
Como exercício, o fotógrafo recomenda que, depois de capturada uma imagem, você a observe e se pergunte como seria possível melhorá-la. “Concentre-se e, como se seus olhos fossem uma teleobjetiva, tente separar do conjunto aquele pormenor que merece ser sublinhado.”
Use o corpo. Suas pernas são uma ferramenta importante para melhorar as fotos. “Saia do lugar onde estava e procure outro enquadramento. Aproxime-se, afaste-se, abaixe-se, suba, deite-se no chão, use seu corpo para buscar a nova visão”, recomenda. “A preguiça se contenta com fotos banais.”
História visual. Em pontos muito turísticos, Castro procura contar a história visual do lugar. “Para isso, posso até fazer a foto óbvia, mas também diversifico. Fotografo de perto e de longe, busco cenas com e sem gente, com e sem céu ou chão. Queimo neurônios para reunir as imagens como se elas fossem parte de uma só melodia.”
Pacotes para viajar e aprender a clicar
Amazônia O Cristalino Lodge fica na confluência do ecossistema amazônico com o Pantanal e o cerrado, em Alta Floresta (MT). De 29 de outubro a 3 de novembro, workshop com o fotógrafo João Marcos Rosa. De R$ 5.620 a R$ 10.720, sem aéreo: 11-3071-0104; office@cristalinolodge.com.br.
Atacama O roteiro da Venturas para o destino no Chile terá workshop e saída fotográfica com o fotógrafo André Dib. Inclui passeios, refeições e aéreo. De 14 a 20 de novembro, custa de US$ 2.740 a US$ 4.200 por pessoa.
Patagônia e Irã Os dois roteiros são da OneLapse, agência especializada em viagens fotográficas. De 26 de setembro a 6 de outubro, Cristiano Xavier guia um roteiro pela Patagônia, entre El Calafate, na Argentina, e o parque Torres del Paine, no Chile, desde US$ 4.190, sem aéreo. De 18 a 26 de fevereiro de 2018, roteiro pelo Irã, desde US$ 4.390, sem aéreo.
Madagáscar e Namíbia O fotógrafo Haroldo Castro guia as expedições da agência Viajologia. De 9 a 22 de outubro, leva a Madagáscar, desde US$ 4.600, com refeições e passeios, sem aéreo. De 19 a 28 de fevereiro de 2018, roteiro pela Namíbia, desde US$ 4.980, parte terrestre e refeições.