Em Guimarães, a certidão de nascimento do país

No majestoso castelo local veio ao mundo d. Afonso Henriques, que livrou o Condado Portucalense do domínio dos reis de Leão

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Por Rosangela Dolis
Atualização:

Aqui nasceu Portugal. É assim que a cidade de Guimarães, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 2001, se apresenta ao turista. A explicação para o título é simples. Diz a tradição que no Castelo de Guimarães veio ao mundo d. Afonso Henriques, que viria a se tornar o fundador do país. Mas a história da cidade começou muito antes, no século 10º, quando a condessa Mumadona Dias mandou construir em suas terras um mosteiro (no local, hoje está o Convento de Nossa Senhora da Oliveira), ao redor do qual cresceu uma pequena vila. Para defesa dos religiosos e da comunidade, ela ordenou que erguessem uma alta torre na colina próxima, onde também floresceu uma comunidade. Com o tempo, uma via, conhecida como Santa Maria, ligou o castelo ao mosteiro. À época, a região se chamava Condado Portucalense e fazia parte do reino de Leão. Tanto é que foi entregue por d. Afonso VI, rei de Leão, a seu genro, d. Henrique de Borgonha. Ele e a mulher, d. Teresa, construíram no local da torre um castelo, onde nasceu, em 1109, d. Afonso Henriques. D. Henrique morreu pouco tempo depois e d. Teresa assumiu a regência. Em 1128, já crescido, d. Afonso se rebelou contra a mãe e o reino de Leão, iniciando em Guimarães a Batalha de São Mamede. Vitorioso, ele declara o condado independente de Leão e Castela. Essa foi apenas a primeira das batalhas que participou até conseguir formar o país, em 1139. TESTEMUNHA Totalmente restaurado em 1940 e eleito pelos portugueses uma das sete maravilhas do país, o castelo é o ponto de partida dos turistas em Guimarães. Sete torres quadradas circundam a torre original, do século 12. Do alto da muralha, que pode ser percorrida em toda a sua extensão, os visitantes avistam a cidade e o Santuário da Penha. Colada no castelo, a Capela de São Miguel, do século 12, guarda a pia onde d. Afonso teria sido batizado. Ao lado da capela está o Paço dos Duques de Bragança, residência de um filho bastardo de d. João I. Com 39 altas chaminés, o enorme palácio fortificado manteve sua importância até o século 16, quando foi relegado a segundo plano. A ponto de chegar ao século 20 em ruínas - a estrutura foi reconstruída entre 1937 e 1959. Atualmente, o palácio abriga um museu, onde estão expostos tapeçarias, louças portuguesas e chinesas e mobiliário do período pós-Descobrimentos. Saindo da área do castelo, você pode andar pela Rua Santa Maria, caminho que desde a Idade Média leva até o antigo mosteiro. No atual Convento de Nossa Senhora da Oliveira funciona o Museu Alberto Sampaio, que tem acervo de peças de ourivesaria, azulejos e tapeçarias. Não deixe Guimarães sem visitar o Santuário da Penha. O acesso é feito por uma estradinha ou pelo teleférico, que sobe os 400 metros em 10 minutos. Na região há hotéis, restaurantes, campo de minigolfe e rotas para bicicletas, que podem ser levadas no teleférico. AUDIOGUIA Para evitar que os visitantes percam o rumo entre largos, palacetes, igrejas e ruas estreitas da vila medieval, o Posto de Turismo da Praça de São Tiago dispõe de um serviço de audioguia, que custa 5 (R$ 12,50) por dia. O turista recebe um MP3, que indica 61 atrações, como o Largo da Oliveira, onde ficava o mosteiro que deu origem à vila. Posto de Turismo: Praça de São Tiago; site: www.cm-guimaraes.pt Castelo de Guimarães: Rua Conde D. Henrique; a entrada é gratuita, mas subir até a torre custa 1,50 (R$ 3,75) Paço dos Duques de Bragança: Rua Conde D. Henrique; entrada a 4 (R$ 10) para adultos e 2 (R$ 5) para estudantes; grátis para crianças de até 14 anos e nas manhãs de domingo Museu Alberto Sampaio: Largo da Oliveira; ingresso a 3 (R$ 7,50) Santuário da Penha: entrada gratuita Teleférico da Penha: ida e volta por 3,80 (R$ 9,50) para adultos e 1,90 (R$ 4,75) para crianças e idosos

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