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Encontro noturno com as arraias

Programa leva turistas a ficar cara a cara com as gigantes do mar

Foto do author Adriana Moreira
Por Adriana Moreira
Atualização:

O sol mergulhava nas águas do Pacífico no primeiro dia na Big Island, enquanto nos preparávamos para nosso mergulho, ao lado das arraias-manta, em Kona Coast. Ainda não tinha entendido exatamente o que isso significava, ainda que a Relações Públicas do Sheraton Kona, Katie Vanes, que nos acompanhava, explicasse pacientemente. “Mas se elas estão livres no mar, como elas são atraídas?”, perguntei eu. “Pelas luzes”, disse ela, pela milésima vez. Luzes? Tudo ainda parecia muito confuso. 

Tomei o Dramin de todas as vezes que ponho os pés em um barco, peguei meu kit com snorkel e pé de pato e me preparei para viajar longe, mas não demorou mais que cinco minutos para a lancha atracar, na frente do mesmo Sheraton onde estávamos hospedados. Os instrutores começaram a falar o que deveríamos fazer ao cair n’água, em um inglês abafado, coletivo e confuso. Entendi que deveríamos ficar sempre na horizontal, nunca com os pés de pato para baixo para não machucar os animais. E nada além disso.

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Me joguei na água fria e grudei nas boias coletivas, que seriam rebocadas a nado pelos instrutores até o local onde as arraias estavam, um pouco mais à frente. Era possível observar a alguns metros outros barcos, turistas em boias-espaguete e luzes que vinham do fundo do mar.

Com a permissão do instrutor, segui nadando até aquela multidão – e, na escuridão da noite, ficou difícil saber, de fato, onde estava meu grupo. Enquanto me segurava na boia de outros turistas, tentando me localizar, percebi que algo acontecia sob mim: eram as arraias!

Lá embaixo, instrutores de vários barcos seguravam lanternas que iluminavam o mar – e atraíam os plânctons, pequenos crustáceos que são o prato favorito das arraias. Agora tudo começava a fazer sentido.

Encontrei meu grupo, grudei na nossa boia e o que veio a seguir me deixou tão embasbacada que quase me fez engolir água. Uma arraia subiu em minha direção, com a boca escancarada, flutuando. Não senti medo – estava maravilhada demais para sentir qualquer outra coisa. Ela passou coladinha ao meu corpo, engolindo a maior quantidade de plânctons possível.

Foram dezenas de vezes em que diversas arraias-manta (que em Kona têm de 1 a 4 metros de envergadura) passaram coladinhas em mim. Era lindo, e eu não me cansava daquele espetáculo, mas estava começando a esfriar.

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De volta à lancha, tremendo de frio, com a boca seca e sem conseguir água em lugar algum da embarcação, teria sido fácil chamar aquilo de programa de índio. Mas não: foi uma das experiências mais incríveis que vivi e faria tudo de novo. Custa a partir de US$ 85 na Manta Ray Divers.

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