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Escapadas a partir de Paraty, ao norte e ao sul

O casario hipnotiza quem chega à cidade histórica, mas há muito mais para ver seguindo pela Rio-Santos

Por Felipe Mortara
Atualização:

Quem chega em Paraty pela primeira vez não quer sair do centro histórico. Também, pudera: casario colonial, ruas de pedra e delicadas igrejas cercadas pela Serra da Bocaina são mesmo cativantes. Em tempos de redes sociais, cada esquina é um clique, com muitos compartilhamentos e curtidas garantidas. 

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Ainda que seja difícil enjoar, algumas dicas de escapadas pela Rodovia Rio-Santos satisfazem tanto os novatos quanto os habitués da cidade. Como a agenda de eventos em Paraty é intensa – a de 2015 está disponível em oesta.do/calendaparaty –, estas sugestões podem ser úteis em qualquer época do ano. Seja para quem for bater ponto na 13.ª edição da Flip, a disputada Festa Literária Internacional de Paraty (este ano, de 1 a 5 de julho; flip.org.br) ou para o Bourbon Festival, que traz música boa do Brasil e do mundo para a Praça da Matriz, entre 29 e 31 de maio. 

Selecionamos aqui duas fugidinhas próximas (menos óbvias que Trindade): uma ao norte e outra ao sul. Separe um dia para cada e boa viagem!

Vista do Saco do Mamanguá Foto: Felipe Mortara/Estadão

NORTE

Praia, campo e sofisticação num único dia? Parece estranho, mas é apenas uma questão de sair cedo e se organizar. Estar motorizado é essencial para aproveitar ao máximo e conhecer cantinhos que não costumam estar nos tours oferecidos pelas agências. Se não tiver veículo próprio, alugue um na Paraty Rent a Car (R$ 25 + R$ 0,49 por quilômetro rodado; paratyrentacar.com.br). Antes de partir, uma passadinha em algum mercado ou padaria: prepare um farnel básico para um dia na praia. Ao chegar no trevo de Paraty, vire à direita, rumo ao Rio de Janeiro, e siga pela Rio-Santos sentido norte por 31,5 quilômetros. A vegetação pode ofuscar a escassa sinalização – fique atento. A placa para a Praia de São Gonçalo surge de repente, no km 545. Um pequeno bolsão às margens da estrada faz as vezes de estacionamento. Caminhe por 15 minutos em uma linda e bem sinalizada trilha – vá de chinelo mesmo.  A linda faixa de areia é a mais longa ao norte de Paraty, com pouco mais de 2,5 quilômetros de extensão. As águas calmas e rasas são um convite à brincadeira com crianças ou às braçadas mais atiradas. No extremo norte da praia, deságua o Rio São Gonçalo, onde há dois bares, caso você não queira farofar sentado na canga. Deste ponto também partem barcos rumo à Ilha dos Pelados – logo em frente –, onde, além de ótimas praias, há restaurantes que servem bons pratos de peixe. Nosso conselho? Segure a fome, vai valer a pena.  Quando for tomar o rumo de volta a Paraty, preste atenção em uma interminável reta da Rio-Santos. Há uma discreta placa de quilometragem: você vai entrar à direita, na altura do km 558, em direção a Graúna. A paisagem se transforma: de litoral vira roça. Bois e cavalos pastam em extensos e bucólicos campos.  Toque francês. Na entrada de Graúna, um pequeno distrito de Paraty, as primeiras sinalizações começam a aparecer: Le Gîte d’Indaiatiba (legitedindaiatiba.com.br). Escondido em meio à Mata Atlântica, o espaço caprichado é o sonho do francês Olivier e da brasileira Valerie, que transformaram seu refúgio pessoal em uma charmosa e exclusiva pousada, com cinco acomodações, entre lofts, suítes e bangalô (diárias desde R$ 250, para dois). Pela propriedade, uma trilha leva a uma cachoeira e a uma raia de natação de 25 metros com água da nascente, para deixar qualquer um boquiaberto. 

Ceviche doLe Gîte d'Indaiatiba Foto: Divulgacao

Mas não é preciso pernoitar para desfrutar das criações do casal. O restaurante, cujos pratos mesclam um toque francês com ingredientes da região, funciona em uma das salas da casa principal. De entrada, ceviche de peixe com frutas (R$ 85) ou raviólis de taioba (R$ 80). Como principal, o peixe à manga rosa (R$ 160) ou o delicado peixe au coeur de palmier (R$ 160; ambos para duas pessoas) são a síntese dessa mistura de ingredientes frescos e sofisticação. 

SUL

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É certo que será necessário alguma disposição, mas a recompensa ao chegar ao Saco do Mamanguá é única. Trata-se de uma entrada de mar com 8 quilômetros de extensão por 1,2 de largura, salpicado por 33 praias – algumas com pouco mais de 10 metros de comprimento. E praticamente intocada. 
Da beira-mar, a Mata Atlântica sobe vertical por montanhas altas dos dois lados. Daquelas águas clarinhas, oito comunidades caiçaras tiram seu sustento: badejos, dourados e camarões. O mar calmo é um convite a famílias com crianças de todas as idades. São poucas. 
Além do óbvio descanso e repouso, trilhas são programa obrigatório. A mais clássica sai da Praia do Cruzeiro e sobe por uma hora até o Pão de Açúcar (sim, há um ali também, com 575 metros de altitude). Do ponto mais fotogênico está a vista mais incrível do golfo e a explicação do porquê do nome. Mesmo sendo um caminho de dificuldade moderada, procure começar a trilha cedo, não só por conta do calor forte e úmido, mas também pela luz. 
No fundo do saco – ou enseada –, está o maior e mais conservado manguezal da baía da Ilha Grande, repleto de vida. A Interação Ambiental (interacaoparaty.com) oferece pacotes de 1h30 de caminhada, saindo do condomínio Laranjeiras até o mangue, e mais 1h30 de remada em canoas canadenses, com almoço em uma típica casa caiçara incluído, por R$ 165. A novidade, porém, é o tour de 3 horas em caiaques oceânicos que a empresa passa a operar em fevereiro, saindo da Praia Grande do Mamanguá, com transfer de barco até Paraty Mirim (R$ 170). 
Como chegar. De fato, o melhor jeito de chegar ao Saco do Mamanguá é de barco, a partir de Paraty Mirim – são 40 minutos de uma linda navegação. Do centrinho, marinheiros como Luiz (24-99841-3067) fazem viagens de ida e volta por cerca de R$ 150 por grupo – é só combinar a hora que ele vem buscar. Até a vila, contudo, é possível chegar de carro. Saindo de Paraty, pegue a Rio-Santos por 10 quilômetros no sentido São Paulo até o km 593. Dali, são mais 8 quilômetros por uma estrada de terra.
Se um só um dia não bastar, considere esticar o passeio. Entre as poucas acomodações disponíveis, há opções sofisticadas – e preço equivalente. Um deles é o Mamanguá Eco Lodge (mamangua.com.br), cuja diária, que começa em R$ 899 para casal, inclui jantar e café. Já no Refúgio Mamanguá (sacodomamangua.com; desde R$ 500 o casal, com café e jantar), o transfer de barco de Paraty Mirim está incluído, assim como as canoas, que podem ser usadas livremente pelos hóspedes.
Além de casas para alugar, há outras opções mais rústicas. Na comunidade do Cruzeiro, o Restaurante do Seu Orlando serve um PF justo, com peixe ou camarão fresquinhos, por R$ 12. Seu amplo quintal funciona como um camping: R$ 25 por dia, por pessoa.

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