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Essa estranha terça-feira

O 7 de setembro pode ter manifestações contra a democracia. Mas também é o dia em que 4 mil mulheres indígenas devem chegar a Brasília. Veja três passeios que ajudam a saber mais sobre o País onde vivemos

Por Monica Nobrega
Atualização:

Escrevo horas antes dessa estranha terça-feira que presumidamente será marcada por manifestações públicas contra a democracia. Brasileiros estarão nas ruas enrolados em bandeiras cuspindo ódio, vociferando preconceitos, alguns provavelmente ostentando armas de fogo com incompreensível orgulho. É difícil entender o que querem essas pessoas. O que pedem? Não é comida, não é vacina. Nem emprego. Até onde sabemos, pedem repressão. Pedem para que protestos públicos como esse que fazem hoje sejam tratadas a cacetete, bala, tortura.

Mas este 7 de setembro também é o dia em que cerca de 4 mil mulheres indígenas devem chegar a Brasília para dar início a uma vigília pela garantia de seus territórios. Organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), essa manifestação vai até sábado, dia 11. A pauta delas é a vida: meio ambiente saudável, direito à sua cultura e seus modos de viver.

Indígenas do Acampamento Luta Pela Vida protestam contra o novo Marco Temporal, em Brasília Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Talvez você não saiba, porque não tem sido muito noticiado, mas os povos indígenas do Brasil estão já há duas semanas realizando um enorme e contínuo protesto em Brasília para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a afastar a tese do marco temporal. Essa tese é uma interpretação segundo a qual os povos indígenas só têm direito de reivindicar demarcação de terras que ocupavam na data da promulgação da Constituição de 1988, 5 de outubro daquele ano. Se o marco temporal for considerado válido, pode dar espaço para expulsão de dezenas de povos de suas terras.

Eu sei, talvez você ache que terras indígenas são improdutivas. Esse é um preconceito muito comum a quem nunca pisou num desses territórios, nunca conheceu de fato uma pessoa indígena e não tem ideia de como vivem. Na esperança de mudar a sua percepção, sugiro aqui três passeios turísticos que podem ajudar você e sua família a saberem mais sobre o país em que todos nós vivemos. Importante: os territórios indígenas têm seus próprios protocolos contra a covid-19; consulte antes.

Terra Indígena Tenonde-Porã

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Fica no extremo sul do município de São Paulo e tem um programa de visitação turística extremamente organizado. Há experiências disponíveis para vivenciar jogos e brincadeiras Guaranis, a comida, o artesanato, até trilhas na natureza e hospedagem nas aldeias.

Aldeia Boa Vista

Em Ubatuba (SP), no sertão do bairro do Prumirim, a uma altitude que garante uma vista espetacular da praia de mesmo nome, essa aldeia Guarani Mbya oferece uma tarde deliciosa entre trilha, banho de rio e até aula de arco e flecha. No meio de tudo, muita conversa sobre cultura e tradição.

Pico da Neblina

Ponto mais alto do Brasil com 2.995 metros, o Pico da Neblina é duplamente protegido: pelo parque nacional e por estar dentro da Terra Indígena Yanomami, no Estado do Amazonas. O plano de visitação turística ao Yaripo - o nome Yanomami do pico - foi aprovado pelos órgãos competentes, como ICMBio e Funai, pouco antes da pandemia. A Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca) é responsável pelo roteiro.

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