Festa junina à maranhense: conheça a tradição do bumba meu boi

Em São Luís, quadrilha dá lugar a encenações folclóricas; mês é ótimo também para visitar os Lençóis Maranhenses

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Por Murilo Busolin
Atualização:
Apresentação de bumba meu boi em São Luís, Maranhão Foto: Roberto Castro/MTur

Esqueça a paçoca em formato de rolha e a quadrilha com casamento do noivo e da noiva. Substitua o emblemático “olha a cobra/ é mentira” por “foi em uma noite estrelada de São João / que eu encontrei meu boizinho encantado”. Pronto: você chegou à festa junina de São Luís, que este ano ocorre, oficialmente, de 15 de junho a 1.º de julho. A capital maranhense não segue exatamente o roteiro das celebrações que estamos acostumados por aqui. Começando pelo básico: a estrela, ali, é o boi.

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Não qualquer boi: o bumba meu boi, cuja lenda, estima-se, venha lá do século 18, repleta de folclore indígena e negro. Conta-se que Catirina, grávida, sentiu desejo de comer a língua do boi mais precioso da fazenda onde trabalhava. Para satisfazer as vontades da amada, Pai Chico matou o boi – causando a ira de seu patrão. Mas, com ajuda de seres mitológicos, o boi ressuscitou, deixando todos felizes.

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As celebrações de bumba meu boi se dividem nos dois principais arraiais da cidade: Ipem e Maria Aragão. Além de ver as apresentações, é uma ótima oportunidade para provar os quitutes locais: bolo de tapioca, tacacá e canjica (que lá é chamada de mingau de milho). A paçoca não vai fazer falta.

A encenação

Entender a encenação não é algo fácil para iniciantes. Começando pelos personagens presentes: Catirina, Pai Chico, o vaqueiro, seres mitológicos (como o caipora). Dependendo do sotaque (ou seja, estilo), há diferença nas danças, nas vestimentas, nos instrumentos musicais. Ao todo, são cinco sotaques: Zabumba, Orquestra, Costa de Mão, Matraca e Baixada.

Com sorte, você ainda pode ver alguma apresentação surpresa, extraoficial, no centro da cidade, encabeçada por grupos folclóricos locais. 

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Aliás, é nas comunidades que se consegue ter noção da importância da cultura do boi para seus moradores. Visitamos o Boi da Floresta, no bairro Liberdade, onde a tradição é repassada de geração em geração. Deu até para aprender uns passinhos.  Vale lembrar que a época também é boa caso esteja em seus planos conhecer os Lençóis Maranhenses – uma ótima maneira de unir o agradável ao agradabilíssimo. Afinal, o calor é constante (quando desembarquei, percebi que aquele seria meu último momento usando calça jeans pelos próximos dias), a temporada de chuvas já está no fim e as lagoas estão cheias. Dependendo de como se programar, dá para pegar os festejos na ida e na volta. Nada mal, não é mesmo?

VIAGEM A CONVITE DO MINISTÉRIO DO TURISMO E DA PREFEITURA DE SÃO LUÍS 

Centro histórico de São Luís com os tradicionais azulejos azuis Foto: Roberto Castro/MTur

ANTES DE IR

Aéreo: SP-São Luís-SP, em junho, a partir de R$ 656,24 na Latam, R$ 739,84 na Azul e R$ 764,70 na Gol.

Praias: Atenção à balneabilidade das praias: neste verão, 8 dos 21 pontos de análise entre a capital e São José do Ribamar estavam impróprios. A Praia do Calhau é famosa – aproveite os quiosques convidativos da Avenida Litorânea.

Curiosidade: Além dos tradicionais santos juninos, São Luís homenageia São Marçal no dia 30. A celebração surgiu com uma antiga lei que proibia os grupos de bumba meu boi no centro da cidade – eles se reuniam no limite da entrada e faziam a própria festa.

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