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Fish River Canyon: 11 horas na estrada que valeram a pena

Caminho de 333 quilômetros cruzando o Parque Richtersveld garantiu incrível paisagem

Por Edison Veiga
Atualização:
Quiver, árvore típica do sul da Namíbia enfeita a paisagem Foto: Mariana Veiga

Foi com uma interrogação que começamos a jornada seguinte. O Google nos dava três opções de trajeto até a próxima parada: dois mais longos, com 410 e 483 quilômetros de distância e estrada asfaltada até pertinho do destino; e um mais curto, de 333 quilômetros, cruzando o Parque Richtersveld e com promessa de uma rústica estrada de areia e pedra, muita pedra. Nosso carro não era um 4X4, e sim uma valente SUV Toyota RAV 4. Antes de iniciar as férias, a promessa que fizemos para nós mesmos era tentar sempre privilegiar as rotas mais bem estruturadas, mas...

Mas e a paisagem do tal parque? Viajar, afinal, não era desbravar lugares incríveis? Decidimos trocar uma ideia com o proprietário do lodge. Mapa na mesa, ele foi incisivo. “Podem ir sem medo, vários turistas com carros simples encararam essa rota, sem problemas”, encorajou.

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Fomos. Realmente foi incrível dirigir por trechos de estrada que quase sumiam em meio à seca e pedregosa paisagem, muitas vezes com um desfiladeiro de um lado e um penhasco do outro – apenas a largura do carro, sorte que nunca encontrávamos ninguém pelo caminho. Ao longo do percurso, eram muitos os sinais de rios intermitentes, todos secos, cruzando a estrada. No final da rota, um com água e a dúvida: conseguimos passar ou vamos ficar atolados até amanhã? Não tínhamos escolha: fomos.

Eram 333 quilômetros, repito. Para vencê-los, gastamos 11 horas. E por aí dá para se ter uma ideia da precariedade da estrada. Enfim, chegamos ao hotel que foi o ponto alto de toda a viagem: o Fish River Lodge (leia na página 9), com seus 20 chalés distribuídos na borda do Fish River Canyon.

OK, mas não bastava acordar, abrir a sacada e dar de frente para o cânion. Era preciso conhecê-lo por dentro. Senti-lo. Mergulhar no Fish River. Então, cedinho do dia seguinte, foi a vez de um tour de jipe com um dos guias do hotel. No caminho, começamos a avistar bichos – ainda poucos, aqueles que conseguiam se adaptar à aridez da região. Avestruzes, antílopes... Na flora, destacava-se a peculiar árvore quiver, uma parente da babosa, autóctone da região.

O cânion impressiona pelo gigantismo. São 160 quilômetros de comprimento e, no trecho maior, 27 quilômetros de largura. Na parte mais funda, 550 metros de profundidade. O almoço foi um piquenique às margens do rio. Depois veio o mergulho, gelado, mas necessário. O dia seguinte seria de estrada, mais uma vez.

 

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