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Giacometti pelo valor de um ingresso

Com obra vendida a R$ 191 milhões, recorde em leilões, artista pode ser visto em museus na Europa

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Por Redação
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Se havia alguma dúvida, ela foi dissipada por um milionário que, obviamente, fez questão de conservar o anonimato: ter uma obra do artista suíço Alberto Giacometti (1901-1966) para chamar de sua, definitivamente, não é para qualquer um. A escultura de bronze L"homme qui marche (O Homen Caminhando) foi vendida no começo do mês em um leilão da casa Sotheby"s, em Londres, por preço recorde em leilões de obras de arte no mundo. A magrela figura - ok, fina e alongada, expressão aceita para descrever os trabalhos assinados por Giacometti a partir dos anos de 1940 - foi vendida por US$ 104,3 milhões (cerca de R$ 191,6 milhões). Preço que desbancou o recordista anterior, Pablo Picasso (1881-1973), com seu Garçom à la pipe (Menino com Cachimbo), vendido em Nova York em 2004 por US$ 104,2 milhões (por volta de R$ 191,4 milhões).Já que as cifras estratosféricas impedem a maioria dos mortais de levar um Giacometti para casa, os museus são a (excelente) opção para admirar a técnica apurada e a notável expressividade do trabalho do suíço, que se tornou um dos nomes de maior destaque na arte moderna. E já que o assunto é dinheiro, não é demais destacar: o valor do ingresso nunca é superior ao equivalente a R$ 30. SUÍÇAFilho do pintor impressionista Giovanni Giacometti (1868-1933), Alberto Giacometti nasceu em Borgonovo, no cantão italiano da Suíça. Em Zurique, o país natal do artista mantém um dos acervos mais completos e importantes de suas obras do ponto de vista cronológico. No museu Kunsthaus estão 150 esculturas, 20 pinturas e uma boa quantidade de desenhos - peças que pertencem à Fundação Alberto Giacometti (fgiacometti.web1.clight.fr). Das criações da juventude aos trabalhos feitos na maturidade, o museu leva o visitante a um passeio pelos numerosos aspectos surpreendentes de sua produção: o fascínio pelo cubismo e pela arte primitiva, a fase surrealista, até chegar às esculturas mais significativas, que consagraram o artista entre 1947 e 1951. Mulher Deitada a Sonhar, A Gaiola, Cabeça de Homem I e O Cão são algumas obras que podem ser vistas em Zurique.Para ir: Heimplatz, 1. Ingresso: 18 francos suíços (R$ 31). Mais: www.kunsthaus.ch.FRANÇAFoi na França que Alberto Giacometti viveu e trabalhou durante mais de 40 anos, a partir de 1923, no ateliê da Rua Hippolyte-Maindron, perto de Montparnasse. O prédio praticamente não existe mais. Com a morte do artista, sua mulher, Annette (1901-1993), continuou vivendo no local até que os proprietários pediram o espaço de volta. Para não perder as anotações que ele fez durante toda a vida, ela chegou a levar pedaços de paredes - que rodam o mundo em exposições junto aos trabalhos do artista.Memórias deste período e obras de Giacometti estão na Galeria Maegh. Inaugurada em 1936 em Cannes, e transferida à capital francesa dez anos depois, a galeria organizou, entre outras mostras, a primeira exposição de litografias do artista, em 1951. O espaço fica na margem esquerda do Rio Sena, perto do Boulevard Saint-Germain.Complete o circuito na Fundação Maegh, em Saint-Paul de Vence, na Riviera Francesa, no Sul do país. Neste museu em meio à natureza estão expostas, em um jardim de esculturas ao ar livre, algumas das criações mais famosas de Giacometti: O Cão, Mulher Alta III e um exemplar de O Homem Caminhando, idêntico à escultura vendida no começo deste mês.Para ir: Fundação Maegh: 06570 Saint-Paul. Ingresso: 11 (R$ 28). Informações: www.fondation-maeght.com. Galeria Maegh: Rue du Bac, 42. Mais: www.maeght.com/galeriesINGLATERRAA londrina Tate Modern tem um acervo de 21 trabalhos de Alberto Giacometti, expostos com o didatismo que caracteriza a galeria, mas que seguem um esquema itinerante pelas quatro unidades - as outras três são Tate Britain (também em Londres), Tate Liverpool e Tate St. Ives. Mulher Andando, uma das obras da fase surrealista (nos anos de 1930), cujo destaque é a simplicidade das formas, faz parte da coleção. As pinturas Interior e Homem Sentado têm paleta de cores idêntica e representam o isolamento do indivíduo diante do mundo. O segundo mostra o rosto do irmão de Giacometti, Diego, um de seus modelos mais frequentes, que aparece de novo na escultura Busto de Diego e em um retrato. Já da fase das figuras humanas e de animais compridas e delgadas se destacam Homem Apontando e Mulher Parada - em nada menos que três versões. Na visão do artista, as formas frágeis são reflexo da precariedade e do absurdo da vida nos duros e amedrontados anos de guerra na Europa. O busto da mulher do artista, Annette, faz parte de uma série de oito trabalhos semelhantes esculpidos entre 1962 e 1965, cujo objetivo era buscar a precisão nas expressões faciais. Para ir: escolha a unidade em www.tate.org.uk. A entrada é gratuita.

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