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Horas de dedicação ao pecado da gula. E à merecida e sagrada siesta

Aprenda com os locais a arte de ir de tapas. Em cada bar, diferentes goles e pitadas para [br]sentir o gosto da região

Por Camila Anauate
Atualização:

A vida para pontualmente às 14 horas. Comerciantes começam a baixar as portas. Museus, igrejas, monumentos históricos: tudo fecha. As ruas ficam vazias. É um momento sagrado. Pelas próximas duas horas, os extremeños vão se dedicar ao prazer da gula. E da siesta.Movimento mesmo só em botecos e restaurantes. Pelo tilintar de pratos e copos dá para imaginar tamanha satisfação. Melhor aprender com eles a arte do tapeo. Ir de bar em bar, debruçar no balcão, sentir a cada gole, a cada pitada, o gosto da região. O sabor vem da terra: muitos produtos feitos em Extremadura têm denominação de origem. Dos pimentões vermelhos picantes às cerejas, aos vinhos e ao inigualável jamón ibérico. Uma porção deles já está à mesa antes mesmo de você sentar. Com pão ou torradas, é assim que se deve começar uma refeição. O melhor jamón vem dos porcos que são criados soltos e se alimentam de uma castanha típica chamada bellota - em Extremadura são criados 65% dos porcos ibéricos da Espanha.O ritual gastronômico segue com outros embutidos. A morcilla patatera (com purê de batata) é a entrada mais tradicional, mas os cardápios também incluem torresmos, lombo, paio, salsichão e chouriço.Para variar o paladar, nada como o queijo de ovelha Torta del Casar. Tem gosto intenso, é cremoso, derrete na boca. O tradicional gazpacho e o zorongollo, uma salada de pimentão, cebola e atum, são saborosas opções. A rica e variada cozinha também é feita de produtos silvestres, como aspargos trigueiros, alcachofra-brava e cogumelos subterrâneos. Eles acompanham tanto carnes de caça quanto peixes. O azeite de oliva é indispensável em qualquer prato por motivos óbvios. E o que dizer do vinho? A região tem ótimos tintos da terra, de origem controlada e qualidade atestada, sem falar no fortíssimo vino de pitarra, produzido no quintal de cada família.Um cálice de aguardente de cereja ou de licor de castanha nunca pode faltar. Para finalizar a refeição como se deve, acompanhando o técula mécula, um doce típico à base de ovos, amêndoas e mel. Depois desse banquete, só a siesta mesmo.

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