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Processo de ruptura do Glaciar Perito Moreno pode ser visto de perto

Caminhar sobre a imensidão de gelo do glaciar, que acaba de dar início a mais um de seus icônicos processos de ruptura, é especial

Foto do author Luiz Raatz
Por Luiz Raatz
Atualização:
Trekking no glaciar Foto: Luiz Raatz|Estadão

EL CALAFATE - Principal atração turística da região, o Glaciar Perito Moreno está em um momento especial. A secretária de Turismo de El Calafate, Laura Santiago, confirmou à imprensa argentina na semana passada que a geleira iniciou um novo processo de ruptura.

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Trata-se de um fenômeno raro e de forte apelo turístico – a última grande ruptura ocorreu em 2012, seguida por uma de pequeno porte no ano seguinte. Entre 1988 e 2004, foram 16 anos sem que o fenômeno fosse registrado. Houve ainda rupturas em 2006 e 2008. O anúncio da semana passada abre um período de expectativa: a ruptura de fato pode demorar meses para ocorrer.

O Perito Moreno rompe devido à diferença entre os níveis de água nos dois braços do Lago Argentino que tocam o glaciar. Ao receber camadas de gelo que vêm da cordilheira dos Andes, o Perito Moreno avança em direção à terra da Península de Magalhães até tocá-la e interromper o fluxo de água. É isso que causa o desnível – atualmente, de 3,85 metros, segundo informou a secretária de Turismo, Laura Santiago, ao jornal argentino La Nación.

Passarelas e acessos para pessoas com mobilidade reduzida recentemente inaugurados permitem admirar o Perito Moreno. A entrada para o parque nacional, que conta com boa infraestrutura turística, custa 206 pesos (R$ 105).

Mas a geleira ganha um significado especial quando se caminha sobre ela. Há duas opções de trekking no gelo, uma em versão reduzida, para todas as idades, e outra para quem tem bom preparo físico e idade entre 18 e 50 anos. São ambas operadas pela mesma empresa, a Hielo y Aventura, que detém a concessão dos passeios.

Excursões são feitas de agosto a maio, porque nos meses mais duros de inverno fica perigoso caminhar sobre o gelo. O transfer desde El Calafate custa 300 pesos (R$ 121). Mais popular, o minitrekking consiste numa caminhada de 1h40, ao custo de 1.200 pesos por pessoa (R$ 490). A segunda opção, batizada Big Ice, é mais cara: 2.200 pesos (R$ 890) para 7 horas de caminhada sobre o gelo.

Pé ante pé. O passeio sobre o gelo começa cedo, às 9 horas da manhã. A van recolhe os turistas no hotel e percorre os 80 quilômetros que separam a cidade do parque nacional. Após pouco mais de uma hora de estrada asfaltada, a excursão para sobre um mirante, de onde se observa pela primeira vez o Perito Moreno. O vento está lá, junto com o frio, e ambos derrubam a sensação térmica – sem luvas fica difícil até tirar fotos. Mais alguns quilômetros e a van deixa os turistas no fim da Ruta 11, para atravessar o braço sul do Lago Argentino.

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Em setembro, apesar de o inverno caminhar para o fim, o frio e a neve ainda se faziam presentes. Fora da cabine climatizada que atravessa o lago, o vento gelado aumenta de intensidade. É recomendável usar calça e jaqueta impermeáveis, luva, gorro e cachecol.

Feita a travessia, os guias explicam a formação do glaciar e indicam as medidas de segurança, que incluem a colocação de sapatilhas adaptadas para a caminhada no gelo, os grampões. Os guias reforçam também a recomendação de não tirar fotos durante a caminhada, apenas nos pontos de parada, e pisar com a posição correta dos pés e do corpo no gelo.

A caminhada segue em silêncio, interrompido pelo som trovejante de grandes pedaços de gelo que se desprendem do glaciar. Graças à ilusão de ótica, tudo é muito azul. Com o fim do inverno, algumas lagoas se formam dentro do glaciar, ainda que com a superfície congelada em virtude do frio. O contato direto com o glaciar, a imensidão gelada e o vento dão uma sensação de paz.

Após quase duas horas de caminhada, o passeio reserva uma surpresa: uísque com gelo do glaciar e alfajores. A bebida e o doce aquecem os turistas antes do retorno ao ponto de apoio.

O barco faz a travessia de volta e leva os turistas para conhecer as passarelas. É dali que se tira a foto mais tradicional do Perito Moreno.

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