Mr. Miles, o homem mais viajado do mundo, O Estado de S.Paulo
19 Maio 2009 | 02h33
A propósito de sua última coluna, na qual se refere às viagens dos parlamentares brasileiros, mr. Miles informa que achou especialmente espirituoso o e-mail de Lúcio Tavares, de Belo Horizonte, segundo o qual "a única diferença entre um político e um ladrão é que o político a gente escolhe, enquanto o ladrão escolhe a gente."
Tavares, aliás, confessa que a ilação não é de sua autoria e supõe que, pelo brilho, deva ser da lavra de Millôr Fernandes.
A seguir, a pergunta da semana:
Prezado mr. Miles: sou fã de suas viagens e ficaria muito feliz de, um dia, hospedar-me em um de seus hotéis preferidos. Existe algum que guarde registro de suas passagens?
Ivonete Mendes Lima, por e-mail
"Well, my dear, agradeço a gentileza de sua admiração e espero continuar a merecê-la. Como você sabe, however, tenho por hábito jamais citar hotéis, pousadas e outros refúgios, exceto quando eles são protagonistas de alguma das histórias que tenho para contar. Não o faço por egoísmo ou para preservar minha privacidade. Isso, a meu ver, seria disgusting.
O fato é que grande parte dos que se consultam comigo fazem-no em busca de recomendações pontuais. 'Mr. Miles: dê-me uma dica sobre uma pousada bem localizada na Praia do Espelho' ou 'Mr. Miles: estou indo para Capri e gostaria muito de uma indicação de hospedagem' são mensagens recorrentes em minha caixa postal, às quais não posso responder.
Let me explain why not: o objetivo destas linhas é inspirar e motivar viajantes renitentes, com a intenção de que troquem suas prioridades materiais (um carro novo, uma televisão de plasma e todas essas gadgets irrelevantes) pelo valor intransferível e imorredouro que é conhecer as gentes, os hábitos e as esplêndidas atrações desse belo planeta que nos pertence.
Tento fazê-lo por meio de minha vivência, com o humor possível e, of course, jamais escondendo o encantamento de minhas descobertas and the funny side of my mistakes.
Não sou, therefore, um consultor de endereços. Besides, com a oferta crescente de hospedagem, considero qualquer indicação desse tipo leviana. Acho que, para ter alguma chance de não frustrar a expectativa do consulente, é preciso conhecê-lo profundamente.
Ou, por outra: para escolher onde ficar em suas férias, talvez seja melhor perguntar ao seu analista do que a um estranho - o que, by the way, não é o meu caso, já que há anos sinto-me próximo de meus leitores.
Last, but not least, espero que você, my dear Ivonete, compreenda meus pruridos éticos. Tenho, as you know, amigos e afilhados em quase todos os estabelecimentos que frequento. Mencionar um deles significa magoar os demais - e essa é uma atitude que não faz parte de meus princípios.
Quanto a lugares que guardem indícios de minha passagem (físicos, I presume), sim, existem muitos.
Alguns têm bowler hats que deixei, outros guardam garrafas de whisky para quando eu voltar e há os que, generosamente, emolduraram alguns manuscritos que produzi durante a estadia.
Para descobrir quais são esses estabelecimentos, meu conselho de sempre, darling: viaje. Viaje muito e boa sorte!"
*Mr. Miles é o homem mais viajado do mundo. Ele já esteve em 132 países e 7 territórios ultramarinos
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