Intercâmbio em Montreal: aprendendo francês e gastronomia

Descobrir os sabores da cidade é uma das tarefas mais deliciosas de um estudante. Além de ser boa oportunidade para treinar o idioma

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Por Nathalia Molina
3 min de leitura
Para treinar no dia a dia o que é estudado nas aulas dointercâmbio: placas de rua em francês Foto: Nathalia Molina

Sempre vi o intercâmbio como uma viagem para aprender línguas. Estava errada. Logo nos preparativos, essa experiência no Canadá se revelou diferente. Havia o francês, que eu não sabia, e a acomodação em casa de família, também uma novidade para mim. Pensei que seriam meus maiores desafios durante o curso em Montreal. Novamente, engano meu. Intercâmbio não é uma viagem qualquer. É uma experiência transformadora, que fala muito sobre nós mesmos, ainda que seja por apenas duas semanas, como foi meu curso de francês. Acostumada a planejar os próprios roteiros, me deparei com uma nova situação – estar no controle não é bem parte da vida de um aluno. Era hora de me manter aberta e aprender. Aos 46 anos, represento um público que vem se tornando tendência nas agências que mandam alunos para cursos no exterior. Seria difícil para mim? Em duas semanas, quanto aprenderia de francês?  Montreal já era uma conhecida de longa data, e mesclar o aprendizado do idioma com gastronomia me pareceu a combinação perfeita na cidade. Cidade apetitosa. Não é só nas vielas de pedra da Vieux-Montréal, a parte antiga, que o ar europeu marca a cidade. O ato de degustar está na cultura do montréalais. Seja comprando produtos frescos em mercados públicos (Marché Jean-Talon e Marché Atwater entre os principais), ou provando o legítimo xarope de bordo. Quebec responde por cerca de 90% da produção nacional. No dia a dia, comer bem é fácil: dos famosos bagels de Montreal – especialmente os produzidos pela Fairmount Bagel Bakery desde 1919 e os fabricados pela St-Viateur desde 1957 – à alta gastronomia. Em 2017, o chef Claude Guérin, do Maison Boulud, foi eleito o melhor pâtissier do país pela revista Canada’s Best 100 Restaurants. O chá da tarde do Ritz-Carlton Montreal é tradição desde a inauguração, em 1912, e inclui canapés e muita confeitaria (ah, mil folhas!). No ranking dos cinco melhores restaurantes do Canadá, de acordo com a mesma revista, há três representantes de Montreal. A MTL à Table, a restaurant week local, é realizada em novembro; consegui conferir um dos menus da sexta edição. Fui fisgada pelas vieiras na entrada do Le Champagnerie. Toda essa fartura na cidade fez a revista de luxo Town & Country apontar Montreal, em 2017, como a Capital Gastronômica da América do Norte. Pois bem, o que mais poderia ser harmonizado com meu intercâmbio de francês do que atividades relacionadas à gastronomia? Não sei cozinhar, mas gosto de comer. Me agarrei a essa premissa para me aventurar a fazer profiteroles e éclairs com Jessica McGovern, na sua escola de culinária The Lincoln Apartment Bakery. Com igual espírito, experimentei o que me foi apresentado no tour gastronômico no centro antigo. Acomodação. Quem fica em casa de família passa suas preferências e necessidades (alergias a alimentos ou a pelos de animais domésticos, por exemplo) para a agência ou a escola. Mas a escolha da casa é feita por eles. A EC Montreal, onde estudei, prefere manter esse controle, decidindo quem recebe quem. Há uma coordenadora para isso. Eu soube da família que me receberia dias antes de embarcar. Pela descrição, gostei da escolha, mas tivemos problem ao vivo. Sim, nem sempre a interação com a família funciona no intercâmbio – no meu caso, a escola agiu rapidamente e logo eu estava em outra residência. O suporte da escola e a tranquilidade dos professores, aliás, me deixaram muito à vontade para arriscar. Nem me dei conta de que a turma era formada, em sua maioria, por alunos jovens, entre 20 e 30 anos. Não fez diferença. Já o curso de francês mudou até a maneira de me relacionar com Montreal. Falar inglês resolve tranquilamente a viagem. Eu nunca tinha me preocupado, então, em me esforçar tanto para entender as pessoas em francês. Com o curso, me encontrei com a cidade de uma nova (e mais bonita) forma. Foi o ponto alto: estar fora do comando e poder se sentir de novo aprendendo. ANTES DE IR1. Qual idioma? Brasileiros escolhem Toronto e Vancouver para estudar inglês. Quem vai para Montreal pode fazer cursos de inglês ou francês, ou ambos no mesmo programa.2. Duração do curso Há intercâmbio até de uma semana. Mas o indicado é no mínimo um mês para ter tempo de se adaptar, aproveitar o curso e curtir a cidade. 3. Carga horária do curso Há opções de 13 a 40 horas semanais de aulas. Lembre-se de deixar tempo disponível para vivenciar a cidade e colocar em prática o que aprendeu na aula. 4. Estudo e trabalho Quem faz cursos de idioma não pode trabalhar enquanto estuda no Canadá. Programas em college e universidade dão direito a uma carga horária semanal de trabalho. 5. Tipos de acomodação Além de casa de família, há dormitório estudantil e albergue. Se você alugar um apartamento, não terá a convivência com um nativo da língua, mas terá mais liberdade para definir sua rotina. É questão de escolha.*VIAGEM A CONVITE DA EXPERIMENTO INTERCÂMBIO CULTURAL, DA EC MONTREAL E DA AIR CANADA.

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