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Julinha das cavernas (ou: tem criança na trilha)

Com 5 anos já é possível tentar caminhadas leves; confira algumas dicas

Por Monica Nobrega
Atualização:
Júlia nas trilhas do Parque Nacional das Cavernas. Foto: Felipe Rau/Estadão

Meu filho tinha 5 anos em nosso primeiro roteiro de trilhas na natureza. Foi na Ilha Grande, litoral do Estado do Rio, onde não entram carros e só há duas formas de visitar praias. Uma é ir a pé pela floresta; a outra, pegar barco. 

Passei a semana no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no interiorzão de Minas Gerais (vem reportagem completa por aí). Uma área de proteção natural onde se faz basicamente uma coisa: caminhar. É preciso tênis macio e pernas fortes para visitar as espetaculares – es-pe-ta-cu-lares – cavernas.

Pois nosso grupo nesse lugar tão deslumbrante quanto isolado, visitado por menos de 20 pessoas por dia, era formado por quatro adultos e a menina Julia. Aos 9 anos, Julia encarou, como todos nós, 6 a 7 quilômetros de trilhas médias a intensas a cada dia. 

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Julia é uma garota para lá de gente boa. Sua gargalhada fácil e seus causos infantis acrescentaram animação e doçura às nossas andanças. Sua disposição reforçou minha certeza anterior, construída a partir das experiências com meu filho, de que levar as crianças para fazer trilha é não apenas possível, mas um jeito delicioso de viajar em família. Com 5 anos, como eu fiz (por pura intuição), já é possível. Sinta o ritmo das suas crianças e siga as dicas. 

Capriche na mochila.

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Para qualquer trilha, leve dois tipos de repelente, com princípios ativos diferentes, e pelo menos um deles em spray, mais fácil de passar por cima das roupas e de reaplicar. Protetor solar, bastante água. E comidinhas para beliscar, porque criança come o tempo todo. Vale fruta, bolachinha, chocolate, bala – sim, eu sei, mas é que açúcar dá energia (e alegria) imediata. 

Esses lanchinhos mais distraem do que enchem barriga. Também recomendo fortemente um sanduíche frio caprichado para cada criança, para a hora da parada “oficial” para piquenique. 

Conversem muito.

Trilha destrava língua de criança. Sabe aquela pergunta diariamente ignorada sobre como foi na escola? A hora é essa. Julia me contou do tombo que levou no piso molhado de casa, que lhe “rachou a cabeça”. Ensinou sua receita de pipoca doce. Falou sobre aranhas e seu veneno implacável enquanto iluminava rochas dentro das cavernas para evitar picadas. 

Brinquem muito.

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Na subidona ao alto de um mirante, Julia quis apostar uma corrida com o fotógrafo do nosso grupo. Com câmera, lente e um tripé no ombro, Felipe topou a brincadeira – e prolongou o bom humor da criança no meio da tarde, na terceira trilha do dia. 

Estimule a curiosidade.

Julia ficava alegríssima cada vez que conseguia me mostrar um mocó, um roedor daquele ecossistema, no encontro de caatinga, cerrado e mata atlântica. Faça a criança se sentir uma autêntica exploradora: deixe que use instrumentos como bússola, lanterna, binóculo e a máquina fotográfica ou a câmera do celular. 

Desacelerem.

Evidente que tudo isso toma tempo. Os pequenos querem observar, cutucar, sapatear na poça d’água (você vai mesmo impedir um pequeno morador de cidade de sentir a textura da lama fresca nos pés?). Acerte com o guia para que ele cobre o justo e não precise apressar o fim do passeio por conta do fim de seu horário de trabalho. O combinado não sai caro.

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Comecem em casa.

Clássico de infância, a animação

Mogli

(“o menino-lobo”, lembra?) dá uma vontade danada de se aventurar na floresta. Em 2016 foi lançada a versão live action, com o apaixonante ator mirim Neel Sethi como protagonista e Bill Murray como o urso Baloo cantando “necessário, somente o necessário...”. É a preparação perfeita para qualquer trilha na mata.

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