PUBLICIDADE

Lojas centenárias no coração de uma metrópole

Por PAULA ESCALADA MEDRANO , EFE e CIDADE DO MÉXICO
Atualização:

Comprar pincéis no mesmo lugar onde Diego Rivera comprava, camisas na loja na qual Cantinflas as adquiria ou debruçar-se na balaustrada usada por Pancho Villa para amarrar seu cavalo. Tudo isso é possível no centro histórico da Cidade do México, área declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.Basta um passeio despreocupado pelas ruas da região para se deparar com alguns desses lugares. Um exemplo é o Café de Tacuba (cafedetacuba.com.mx), na rua de mesmo nome, que em seus cem anos de história foi até cenário de casamento e set de filme. Foi lá que o pintor Diego Rivera se casou com sua segunda esposa, Guadalupe Marín, e que o ator Anthony Quinn rodou o filme Os Filhos de Sánchez. Algumas dessas histórias estão reunidas no Guía de Comercios Centenarios del Centro Histórico, publicado recentemente pela Curadoria do Centro Histórico. "A ideia é difundir a memória, o valor destes estabelecimentos", diz Inti Muñoz, diretor geral da Curadoria. No Cafe de Tacuba, por exemplo, turistas e moradores ainda aproveitam o ambiente lindamente decorado, com pinturas espalhadas pelos salões da casa do século 17, e menu diversificado, que oferece de empanadas a tacos, passando por enchilhadas e, claro, cafés. Diego Rivera também era frequentador da Casa Serra (casaserra.com.mx), na Calle Bolívar, a poucos minutos dali. O local, especializado em materiais artísticos, conserva faturas de grandes pintores mexicanos (como Frida Kahlo e David Alfaro Siqueiros) que ali se abasteciam de óleos, pincéis e aquarelas. Na mesma rua, a Camisería Bolívar (camiseriabolivar.com), fundada em 1898, recebeu personagens como Mario Moreno, o Cantinflas, ou o Prêmio Nobel de literatura Octavio Paz. Ramón Sánchez, que trabalha ali desde 1953, revela o segredo da longevidade do comércio: "Uma atenção personalizada é muito importante". É assim que ele vende camisas sob medida a senhores e jovens, que mostram que o negócio segue renovado. E que tal fazer uma pausa saborosa ali pertinho, na Calle 5 de Mayo? O endereço abriga a confeitaria Celaya (dulceriadecelaya.com), fundada em 1874 e cuja essência, segundo o gerente, Jorge Huguenín, nunca mudou: doces artesanais, cuja receita passou de pai para filhos. Aleluyas (um tipo de bolinho de chuva), marzipãs, suspiros e rocamboles de goiaba enfeitam as vitrines da loja centenária, cujo letreiro é patrimônio histórico.Novos tempos. Para se manterem ativos, alguns negócios tiveram de se adaptar. Hoje, a fachada imponente de azulejos de talavera poblana (cerâmica típica do Estado de Puebla), na Calle Francisco I. Madero, decora uma loja de departamentos da cadeia Sanborns . Mas em seu interior, Pancho Villa e Emiliano Zapata tomaram café e chocolate quente em 1916, depois do seu ingresso triunfal na capital mexicana. Bem, pelo menos é o que dizem.A alguns metros, a loja La Palestina conserva em sua fachada a balaustrada de bronze decorada com cabeças e patas de cavalos onde, contam, os revolucionários amarravam os animais enquanto se reuniam para discutir no Palácio Nacional. Aberta em 1884, a casa era especializada em artigos de montaria. E ainda oferece produtos de couro: pastas e carteiras.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.