Mainz de Gutenberg

Cais de partida para cruzeiros pelo Rio Reno, a cidade fica a cerca de 45 quilômetros de Frankfurt

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Por Maria Fernanda Rodrigues
4 min de leitura
Simpático museu (foto) na cidade antiga de Mainz conta história da invenção dos tipos móveis e sistema de impressão em massa Foto: Roemischer Kaiser/ Museu Gutenberg

Cais de partida para cruzeiros de um dia pelo Rio Reno, Mainz fica a cerca de 45 quilômetros de Frankfurt. Fácil de chegar de trem ou de carro – boa opção para quem quer ver com mais calma um pouco da paisagem da região, com seus vinhedos, ou apenas experimentar dirigir nas rápidas rodovias alemãs.

E não estamos falando só da grande história do lugar habitado séculos atrás por celtas e romanos e que ainda exibe suas heranças medievais. Mas de uma história que repercute na vida de cada um de nós – e que, se não fosse por ela, você não estaria lendo este (ou nenhum) jornal.

Foi em Mainz que nasceu Johannes Gutenberg, um século antes de o Brasil ser descoberto – no dia 3 de fevereiro, completou-se 550 anos de sua morte. Ferreiro e ourives, foi ele quem inventou uma nova maneira de fazer livros: ele criou a imprensa. Se antes os livros eram escritos manualmente, a partir dos anos 1450, com a invenção dos tipos móveis e seu sistema de impressão em massa, com a utilização de tinta a base de óleo, foi possível imprimi-los em grandes quantidades. E, assim, propagar o conhecimento.

Um simpático museu na cidade antiga de Mainz conta toda essa história e exibe exemplares raros da famosa Bíblia de Gutenberg, impressa ao longo de vários anos e com rubricas à mão. Menos de 200 exemplares foram impressos na época – e dois deles estão guardados ali, em vitrines com vidro à prova de balas. Depois que os visitantes vão embora, a sala é fechada com uma pesada porta de aço. Nem ladrão nem fogo chegam perto das raridades.

Visitantes podem visitar réplica de antiga oficina de Gutenberg e experimentar imprimir como se fazia no século 15 Foto: Bachert Rechte/ Museu Gutenberg

O visitante pode conhecer uma réplica da oficina de Gutenberg e experimentar imprimir como se fazia no século 15. A visita, aliás, acaba sendo também uma viagem pela história do livro, dos jornais e revistas. Acompanhamos sua trajetória ao longo de vários séculos, com originais que mostram a evolução tecnológica e de design. Um ótimo passeio para os amantes dos livros.

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Criado em 1900, o museu também exibe sua coleção de arte gráfica e pôsteres, folhas de rosto de livros e edições raras de pequenos editores e de livros artísticos. Um grande painel mostra os países que respeitam ou não respeitam a liberdade de imprensa. O Brasil está em uma situação intermediária, com problemas reportados, ao lado de alguns de seus vizinhos, como Argentina, Paraguai, Bolívia e Peru.  A entrada custa 5 euros; fecha às segundas-feiras. Site: gutenberg-museum.de.

Pausa para um café ou vinho Ao lado do Museu Gutenberg, fica o Cuvée 2016, um moderno wine bar para refeições rápidas, café da manhã, um espresso ou apenas uma taça de vinho – a carta é extensa e uma boa amostra do que é produzido na região vinícola ali próxima. 

Mais Gutenberg Caminhando pela Mainz medieval, repare em eventuais placas nos edifícios: elas assinalam lugares que fazem parte da história de Gutenberg. O centro de turismo local criou um roteiro para o visitante fazer a pé, por conta própria, que passa por esses pontos – imprima o mapa em bit.ly/gutemainz

O tour passa pela Universidade Antiga, onde o inventor foi enterrado, e pelo Monumento dos Tipos, com grandes cubos que representam os tipos móveis de Gutenberg, logo ao lado do museu. Na Catedral de São Martin, destaque para o claustro da época de Gutenberg, construído entre 1400 e 1410 como um lugar de reflexão. E é possível ver o local onde Gutenberg nasceu e instalou sua primeira oficina, onde funciona, hoje... uma farmácia.

Catedral de Mainz sofreu um incêncio no dia em que foi inaugurada, em 1009 Foto: Bistum Matschak

+ Não perca

Vitrais de Chagall A praça da igreja de St. Stephan guarda nove vitrais azuis feitos pelo artista russo Marc Chagall (1887- 1985), de origem judaica, com imagens bíblicas. O primeiro deles foi instalado em 1978 na igreja gótica. Engraçado que Chagall se tornou cidadão honorário da cidade, mas nunca pisou em Mainz. Ele terminou o último vitral pouco antes de morrer, aos 97 anos. 

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Resquícios romanos Descoberto em 1999 durante a construção de um shopping, o Heiligtum der Isis und Mater Magna é um sítio arqueológico com resquícios da vida romana: moedas, frutas secas, utensílios e estátuas. Site: tabernaroemisches-mainzde.Catedral de Mainz  A catedral sofreu um incêncio no dia em que foi inaugurada, em 1009. O prédio foi reconstruído várias vezes ao longo dos anos, o que se nota pela mistura dos estilos romântico, gótico e barroco

No centro, o restauranteBratwurst Glöckle oferece oschweinebratene mais pratos tradicionais Foto: Bratwurst Glöckle

Em que estação? No verão, o Festival do Vinho é realizado entre o fim de agosto e o começo de setembro, com produtores locais. Se for no inverno, não perca o tradicional mercado de Natal em frente à Catedral, com comidas, bebidas e artesanato típicos.

Pausa para o almoço No centro, o Bratwurst Glöckle oferece os tradicionais schnitzel (empanados de carne de porco; 8,90 euros) e o schweinebraten, carne de porco assada, com molho e acompanhada de kartoffelknödel, uma bolota de batata, e de sauerkraut, o famoso chucrute (10,90 euros). Endereço: Schusterstrasse 18-20.

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