Maravilha árabe

Conheça todas as facetas do Marrocos num circuito de Marrakesh a Fez

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Por Camila Anauate
Atualização:

MARRAKESH - O barbudo tocava flauta e olhava feio. E eu só queria uma foto da serpente dançando. De longe, bem longe. A mulher de lenço puxava de supetão braços e mãos alheios para tatuar com henna. O homem do macaco amestrado tentava jogá-lo em ombros desavisados. Por um clique - e um troco. O da barraca de laranja, desesperado, acenava e o das castanhas até arremessava algumas, pedindo atenção.

 

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Parada bem no meio da Praça Djemaa el Fna, sem saber o que ver, ouvir ou fazer, tive certeza de que havia entrado em outro mundo. O mundo particular de Marrakesh. Naquele quadrado barulhento todos devem estar e, de fato, estão: moradores, turistas e caçadores de turistas, prontos para comer, comprar, vender, rir, rezar.

E aquela seria apenas a primeira escala da viagem. O que poderiam reservar as outras facetas do Marrocos? Com 3 mil anos de história, o país combina herança africana, arquitetura moura e influências europeias. As paisagens se revelam em cidades imperiais, praias, montanhas, deserto, ah, o deserto...

 

Mas ainda estou na praça, cujo nome significa "lugar do morto" - em outros tempos, ali eram exibidas as cabeças dos inimigos - e que de morto, hoje, não tem nada. Melhor é seguir andando no ritmo do caos. Flauta, apito, gritos. Chamado do muezim para a próxima oração na mesquita.

 

 

Quando se decide ir por um lado, o barbudo da cara feia vem de outro querendo cobrar a foto da cobra. Basta desconversar e continuar em frente. Da mulher da tatuagem de henna e do macaco amestrado também é fácil se livrar. Mas das barracas de laranja e frutos secos, impossível. A boca enche de água diante de damascos, amêndoas e castanhas.

 

Nem pense em resistir, mesmo porque é preciso energia para encarar a maratona dos zocos, os mercados. A partir da praça saem dezenas de vielas que vão se entrelaçando entre lojinhas, barracas, mulas e multidões.

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Barganha

 

Antes de comprar, saiba que a pechincha é uma tradição levada a sério. Converse, insista e depois finja pouco interesse pelo produto. O preço final será, no mínimo, metade do oferecido pelo vendedor. Mesmo os sem vocação para angariar descontos vão enlouquecer - e se divertir - com o jogo. Os marroquinos adoram o Brasil, sabem tudo de futebol e enrolam qualquer língua. Basta puxar papo.

 

Um lenço aqui, uma almofada lá, um brinco de prata acolá. Bolsa de couro, chaveiros, caixinha de madeira. Babuches! A essa altura não existe qualquer noção de tempo, espaço e valor.

 

Custa encontrar o fim do labirinto e reconhecer a Djemaa el Fna. Já é noite e a praça parece outra. Tem barracas de comidas típicas, mesas e bancos espalhados para todos os lados (leia mais ao lado). Cor, cheiro, gosto. O muezim chama mais uma oração. Apito, gritos.

 

O barbudo não está mais lá, nem as tatuadoras de henna, tampouco o homem do macaco amestrado. Agora são grupos musicais perdidos na multidão. Gente, muita gente, fumaça. Impossível não sair satisfeito deste mundo. E ansioso para as novas descobertas.

 

Fora dos limites da Praça Djemaa el Fna, Marrakesh é toda rosa e ocre. Casas, praças e mesquitas, com o trânsito barulhento, formam um cenário um pouco mais moderno. Em algumas horas, dá para ver as outras atrações da cidade.

 

OUTRAS ATRAÇÕES

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Mesquita Koutoubia

É o cartão-postal de Marrakesh. Seu esplêndido minarete, com 69 metros de altura e visto de qualquer parte da cidade, serviu de inspiração para os arquitetos da Giralda, em Sevilha. Erguida no século 12, a mesquita exibe um estilo hispano-mourisco e fica a poucos metros da praça Djemaa el Fna. Não-muçulmanos não podem entrar.

 

Tumbas Saadian

O palácio guarda as tumbas de sultões, príncipes e membros da corte da Dinastia Saadian. A estrutura foi construída no fim do século 16 e inclui um jardim rodeado por palmeiras, salas e mausoléus todos cobertos por colunas de mármore e coloridos mosaicos. Destaque para o hall das 12 colunas, onde descansa o sultão Ahmed el Mansour.

 

Palácio Bahia

O cardeal Ahmed Ibn Moussa mandou construir, no fim do século 19, o que pretendia ser o palácio mais bonito de toda região. De fato, o local traduz a essência - e a opulência - dos estilos islâmico e marroquino em apartamentos luxuosos, salões de recepção e pátios secretos, todos voltados para os jardins interiores.

 

 

 

 

 

 

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