07 Maio 2012 | 19h30
Não foi apenas o idioma, logicamente, que mudou. Saneamento, saúde, cultura, artes e arquitetura ganharam em qualidade, de acordo com o livro 1808, de Laurentino Gomes. Era preciso, afinal, “modernizar” a cara – e os hábitos – da então capital. Na época, mesmo a Quinta da Boa Vista, palácio que serviu de residência para a família real, foi considerada “acanhada e pessimamente mobiliada” pelo negociante inglês John Luccok. Hoje Museu Nacional, o edifício está cercado por um belo parque.
D. João também ordenou que as fachadas das casas mudassem. A maioria das janelas tinha estilo mourisco, com treliças de madeira na parte inferior que permitiam aos moradores observarem o movimento sem serem vistos, e o príncipe regente mandou que todas fossem removidas em no máximo oito dias.
A Capela Real, no bairro do Flamengo, recebia os principais concertos, assim como o Teatro São João – foi inaugurado em 1813, mas acabou destruído por um incêndio e deu lugar ao Teatro João Caetano. Fica na Praça Tiradentes, que passou por uma ampla reforma no ano passado e tem no centro uma escultura de D. Pedro I, inaugurada por D. Pedro II em 1862.
Antes de se fixar no Rio, D. João VI e comitiva passaram um mês em Salvador, uma cidade de construções coloniais e uma infinidade de igrejas – dizem que há uma para cada dia do ano. A maioria delas, afinal, foi erguida antes da chegada da família real, entre os séculos 17 e 18.
Tal parada, que durante muitos anos se imaginou acidental, hoje já é dada por muitos historiadores como estratégica. Primeira capital do Brasil, Salvador estava descontente com a transferência do título para o Rio de Janeiro, em 1763, e a chegada da família real era um gesto de prestígio. Durante o tempo que ficou na cidade, D. João também turistou: visitou, ao lado de D. Pedro, a Ilha de Itaparica. /ADRIANA MOREIRA E NATHALIA MOLINA
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