Memórias do Holocausto narradas onde tudo ocorreu

PUBLICIDADE

Por ARIEL PALACIOS e AUSCHWITZ
Atualização:

"Pela primeira vez, então, nos damos conta de que a nossa língua não tem palavras para expressar esta ofensa, a aniquilação de um homem. Num instante, por intuição quase profética, a realidade nos foi revelada: chegamos ao fundo." A frase acima, referente ao Holocausto, é da autoria do escritor italiano Primo Levi no livro É Isto Um Homem?. Levi foi prisioneiro em Auschwitz e sobreviveu para contar a história. Esse centro de concentração e extermínio é um dos campos que o Terceiro Reich de Adolf Hitler instalou na Europa durante a 2.ª Guerra Mundial. Aproximadamente 6 milhões de pessoas foram assassinadas pelo regime nazista. Alguns desses campos, especialmente na Alemanha e Polônia, foram transformados em museus. As instalações não precisam de nenhuma espécie de exibição sensacionalista, já que, para explicar o horror, basta mostrar as pilhas de cabelos, sapatos e óculos que restaram dos prisioneiros judeus exterminados. Visitado a cada ano por 600 mil turistas, Auschwitz é o exemplo mais emblemático. Para o brasileiro Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico Latino-americano, "transitar por estes lugares é voltar a um passado recente e saber que, infelizmente, a humanidade ainda não conseguiu aprender o que devia com isso". O próximo domingo, dia 27 de janeiro, é considerado pela ONU o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Na data, em 1945, tropas soviéticas libertaram os prisioneiros de Auschwitz. Auschwitz-Birkenau. A 43 quilômetros de Cracóvia está o complexo Auschwitz-Birkenau, que reunia os campos de concentração de Auschwitz e o de extermínio de Birkenau. Ali, entre maio de 1940 e janeiro de 1945, foram aprisionadas e assassinadas entre 1,2 milhão e 1,5 milhão de pessoas, a maioria delas judeus. Outro meio milhão de pessoas morreu de fome. O complexo foi o cenário do maior massacre organizado da história da Europa. Atualmente, Auschwitz-Birkenau (auschwitz.org.pl) é um museu, declarado Patrimônio da Humanidade pela ONU, já que é um dos lugares de maior simbolismo do Holocausto. Auschwitz ficou notório pelo portão de ferro com os sarcásticos dizeres "Arbeit Macht Frei" (o trabalho os faz livres). A letra B foi feita de cabeça para baixo de propósito, o protesto sutil por parte do prisioneiro que teve de fazer o letreiro. Em Auschwitz não existiam barracões, mas prédios que abrigavam os prisioneiros. Ali está a primeira câmara de gás, onde os nazistas realizaram as primeiras experiências com esse tipo de morte. O campo recebeu, além dos prisioneiros judeus, 70 mil intelectuais poloneses e prisioneiros de guerra soviéticos. Birkenau tornou-se famoso pela imagem de sua entrada: uma torre acima de uma linha ferroviária que transportava os prisioneiros para dentro do campo. Ali, além de barracões onde os prisioneiros eram amontoados, é possível visitar câmaras de gás e fornos crematórios.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.