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Na companhia de um curioso filhote

Por Cenário: Felipe Mortara
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Virei criança quando botei a cara no mar de Galápagos. Mais de 20 anos depois de ter feito o primeiro snorkeling da minha vida, na Ilha Grande (RJ), tive novamente aquela sensação de estar descobrindo um mundo novo. Não eram as cores dos peixes nem dos corais, que são escassos,mas o espantoso volume de vida. Tartarugas, arraias, tubarões - que eu não vi - e inúmeros cardumes. Enquanto você lê estas linhas tem muita coisa acontecendo debaixo d'água naquele arquipélago. Nada tão impressionante quanto a experiência de nadar na companhia de um leão-marinho. Na baía da Ilha de Santa Fé, eu estava explorando o mundo submerso com uma câmera GoPro nas mãos quando levantei a cabeça e me deparei com um filhote, de cerca de um metro de comprimento, sentado na pedra. Olhamo-nos, curiosos. Me aproximei até a barriga quase raspar nas cracas. Olhos nos olhos. Mexia de leve a cabeça para um lado, ele se aproximava. Claramente já tinha sua atenção total. Recuei um pouco, ele mergulhou. Nadava veloz ao meu redor, intrigado. Fazia piruetas e parecia se divertir. Não tanto quanto eu, que gritava, extasiado. Como eu disse no começo deste texto: virei criança. Por isso, não é exagero afirmar que me sentia mais livre do que nunca.Lembrei do que um amigo disse e comecei a rodopiar também, prendendo a respiração quando a água entrava pelo snorkel. Ele reproduzia meus giros, passando a centímetros de mim. Jamais ficava estático ou lento, era um molecão interessado neste ser com um treco colorido no focinho e na boca. Duas crianças se divertindo despreocupadamente no meio do mar. Já estávamos há mais de cinco minutos nessa farra. Foi quando ele decidiu brincar de esconde-esconde e desapareceu entre as pedras. Mas meu sorriso, não: continua no rosto até agora.

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