Na Serra Catarinense, veja o mundo acima das nuvens

Cidades acima dos 1.400 metros de altitude, paisagens intocadas e até neve: a região mistura rusticidade e elegância numa agradável surpresa

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Por Adriana Moreira
3 min de leitura
O percurso até o Cânion das Laranjeiras é de aproximadamente 2,5 km, e a recompensa para a caminha é esse visual Foto: Adriana Moreira/Estadão

Entre uma curva e outra, a névoa densa que nos acompanhava pela Serra do Rio do Rastro abria apenas algumas brechas, tal qual o trailer de um filme, que aguça a curiosidade sem revelar o final. Às vezes, surgiam picos escarpados e paredões de pedra; em outras, parecia que o vale se revelaria, mas a neblina acabava por encobrir novamente a paisagem. Conforme subíamos, o visibilidade piorava, até que ultrapassamos a barreira das nuvens. Os picos apareceram e, finalmente, foi possível parar em um dos mirantes. A 1.421 metros de altitude, um tapete branco parecia se estender sob nossos pés, deixando transparecer em pontos estratégicos o serpentear da estrada.

Cartão-postal da Serra Catarinense, a estrada que corta a Serra do Rio do Rastro (SC-390) tem 284 curvas em seus 23 quilômetros entre as cidades de Lauro Muller, ao nível do mar, e Bom Jardim da Serra, no alto da montanha. Não é o único caminho para a região, mas, certamente, é o mais bonito. Só não deve ser feito à noite ou com chuva, já que deslizamentos não são incomuns. O ideal é sair cedo, pegar a estrada com calma e parar em quantos mirantes quiser. Caso o clima não esteja favorável, prefira ir pela BR-282.

Nesta época do ano, o frio é uma das principais atrações da região – e se a neve der as caras, melhor ainda. Quando passamos por São Joaquim, semana passada, a expectativa era de que ela aparecesse no último fim de semana. Dito e feito: bastou nosso grupo deixar a cidade para a neve cair, bela e faceira. Mas não é só a possibilidade de observar a paisagem coberta de flocos brancos que atrai os turistas. Vinhos de altitude, muitos deles premiados, se tornaram uma atração deliciosa e indispensável em São Joaquim. 

Urubici, por sua vez, encanta aqueles que não dispensam o contato com a natureza. Cachoeiras, trilhas e formações rochosas atraem quem gosta de aventura, enquanto Bom Jardim da Serra é pura contemplação. Há três cânions visitáveis na região, que se unem aos Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul.

Para combinar as três cidades em um roteiro, não tenha pressa. Agasalhe-se bem, vá cantando como Roberto Carlos, “Eu prefiro as curvas...”, e aproveite cada uma delas para perceber os diversos ângulos dessa paisagem única.

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Como ir à Serra Catarinense De Florianópolis, siga pela BR-101 até Tubarão e depois, pegue a SC-390 rumo a Bom Jardim da Serra. São 3h30 de viagem Outra opção é via BR-282 e SC-416   Passeios São Joaquim: Na Trilha Certa (natrilhacerta.com.br); Urubici: Caminhos da Serra (49-9153-1392); Bom Jardim da Serra: Tribo da Serra (tribodaserraeco.com.br)

Esticadas Florianópolis Embora o aeroporto de Lages receba voos da Azul, saídos de Campinas, é provável que você chegue pelo aeroporto de Florianópolis. Uma ótima desculpa para passar um ou dois dias na cidade – nos dias quentes, a pedida são as praias, claro, mas no frio vale visitar o Mercado Público, a Casa da Alfândega e os restaurantes de Ribeirão da Ilha.

Santo Amaro da Imperatriz  Quem vai para a região pela BR-282 passa pela cidade de águas termais, distante 38 km de Florianópolis. Aquecidas naturalmente a 39 graus, as águas têm propriedades terapêuticas – e são usadas nas piscinas e spas de hotéis da região, como o Plaza Caldas da Imperatriz. Aproveite para fazer passeios pela área de Mata Atlântica ou, em dias quentes, curta o rafting do Rio Cubatão.

Gramado e Canela Quem tem tempo de sobra – e gosta de dirigir – pode seguir até a Serra Gaúcha, em uma viagem que dura de 4h30 a 5 horas. Gramado e Canela, mais turísticas e repletas de opções de restaurantes, hotéis e entretenimento, têm perfil bem diferente das cidades da Serra Catarinense – que, por sua vez, guardam uma atraente rusticidade.

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