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Nordeste além das praias

Cultura e gastronomia fervilham nos nove Estados do Nordeste. Por que não explorar outras facetas dos destinos?

Por Bruna Toni
Atualização:

Ir muitas vezes a um mesmo lugar pode parecer enfadonho ou perda de tempo nessa vida tão fugaz em que livros e destinos jamais serão totalmente conhecidos. Por outro lado, essa é a uma das únicas duas formas de se dizer, com certa autoridade, que o conhecemos, o que é bem diferente de visitá-lo – a outra é passar longa temporada vivendo nele.

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Se há um lugar no Brasil, para além de São Paulo (a cidade e algumas pitadas do interior do Estado), sobre o qual arrisco dizer que conheço, ao menos turisticamente, esse lugar é o Rio de Janeiro – e, ainda assim, sem qualquer pretensão de saber tudo.

O privilégio de ter ido muito pode ser o grande responsável por, das últimas vezes que lá estive, não ter tirado o biquíni da mala. E olha que eu amo o mar. Mas há tantas outras possibilidades na cidade que me coloquei a explorá-la de outras formas. E a viagem foi tão boa quanto as vezes que gastei os dias todos estendida na areia.

Gostaria de ter a oportunidade de vivenciar outros lugares assim, de formas distintas. Por isso, me tocou a defesa de que o Nordeste não é apenas praia, reforçada por alguns nordestinos preocupados, com justiça, com o turismo e a vida econômica de suas cidades diante da tristeza incontornável que é ver manchas de óleo tomando o litoral. Uma provocação a refletirmos sobre tudo que um destino pode oferecer para além daquilo que aparece nas propagandas das operadoras e até mesmo de seus órgãos turísticos.

Em Fortaleza, Teatro José de Alencar tem passeios guiados Foto: Bruna Toni/Estadão

Claro que todo mundo deve ir a cartões-postais - e voltar a eles quantas vezes desejar. E eu jamais diria para alguém pular a ida ao mar em um destino praiano – sobretudo se este mar for o do Nordeste. No entanto, é desperdício pensar que apenas as praias fazem a viagem até lá valer a pena. Estamos falando, afinal, de nove Estados, com centenas de cidades fervilhando cultural e gastronomicamente. 

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Assim, se é justo o cancelamento sem custos de pacotes para regiões atingidas pelo óleo, como defende o Procon-SP, também é justo dizer que, para quem for, essa é a chance de tornar os roteiros mais diversificados e ricos, incluindo, além de praias, museus, centros históricos e culturais, restaurantes, parques...

Deixo aqui, então, algumas sugestões de passeios que você pode fazer em três capitais nordestinas que já visitei. Passeios que me mostraram muitas facetas do lugar para além do litoral, ideais para quem quer ser, um dia, não apenas visitante, mas conhecedor.

Recife

Minha primeira dica turística para quem vai à capital de Pernambuco não são as praias, mas o Museu Cais do Sertão, construído no Armazém 10 do porto. Interativo, o espaço cultural presta bonita homenagem a Luiz Gonzaga, trazendo ao público um pouco da cultura sertaneja. Bem perto dele – o museu fica a alguns passos do marco zero – estão ainda o Centro de Artesanato de Pernambuco; o Paço do Frevo; a Embaixada dos Bonecos Gigantes; e o Parque de Esculturas Francisco Brennand. E, claro, dedique ao menos um dia da viagem à encantadora e histórica Olinda.

Fortaleza

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Foi numa viagem a Jericoacoara – destino sem manchas de óleo segundo colegas de lá – que decidi esticar a viagem e passar alguns dias na capital do Ceará. Fiz programação intensa indo para a praia uma só vez: percorri as salas do histórico Teatro José de Alencar; me esbaldei nos toboáguas do Beach Park; comprei toalhas rendadas na Feirinha Beira Mar. E ainda faltou o Centro Cultural Dragão do Mar e um espetáculo de comédia na terra do humor.

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João Pessoa

Depois de suas piscinas naturais, a capital da Paraíba me conquistou por incontáveis motivos. Preços justos, avenida principal fechada para carros todas as manhãs, gente simpática, um centro histórico especial. Nunca esqueço das igrejas barrocas e dos paralelepípedos de suas ruas; dos sabores do restaurante Mangai, um dos melhores da vida; das cores, cheiros e histórias de seu grande Mercado Central. E quem me dera poder voltar para ver as formações rochosas de Lajedo do Pai Mateus, na vizinha Cabaceiras, onde tantos filmes fizeram cenário. *Envie sua pergunta para viagem.estado@estadao.com.