PUBLICIDADE

Nos centros históricos, os tesouros

Cinco cidades preservaram o passado impresso em museus, igrejas e casarões. E foram reconhecidas por isso

Por Camila Anauate
Atualização:

Há cidades que preservam, com afinco, seus centros históricos. Lado a lado, igrejas, museus e casarões compõem cenários dignos de figurar na lista de patrimônios da Unesco e são, naturalmente, sinônimo de atrações turísticas de primeira linha. No Brasil, a entidade concedeu tal título aos centros de Olinda, de Salvador, de São Luís, de Diamantina e da Cidade de Goiás. Não é difícil entender o valor universal desses sítios históricos. O centro de Olinda, primeiro deles a ser nomeado, em 1982, conserva o traçado urbano e a paisagem da vila fundada em 1535 por Duarte Coelho Pereira, quando os portugueses iniciaram a ocupação no País. A cidade floresceu no ciclo da cana-de-açúcar e surpreende pela imponência do casario colonial e das igrejas num cenário emoldurado pelo mar. A Igreja da Sé, com a fachada maneirista restaurada e os altares folheados a ouro, e o Mosteiro de São Bento, primeira escola de Direito do Brasil, por onde passaram Castro Alves, José de Alencar e Rui Barbosa, são os cartões-postais. Na Basílica de São Bento, aliás, está o mais rico exemplo do barroco colonial local: o altar de 14 metros de altura, que já foi exposto até no Guggenheim de Nova York. O passeio continua pelas igrejas Nossa Senhora da Misericórdia e São Francisco, repletas de ouro e azulejos portugueses, e faz uma parada no Museu de Arte Sacra. Repare na obra Presépio Nordestino, onde Cristo está deitado na rede e Maria e José são negros. Termine o tour na Rua do Amparo, o pólo cultural do setor histórico, com restaurantes, pousadas e lojas. Site: www.olinda.pe.gov.br. Salvador A primeira capital do Brasil, fundada por Tomé de Souza entre o mar e as colinas da Baía de Todos os Santos, em 1549, tem um acervo artístico e cultural inigualável, Patrimônio Mundial desde 1985. É na Cidade Alta, a parte mais antiga de Salvador, que estão os atrativos culturais e históricos. Comece pelo inevitável Pelourinho, cujas ladeiras e vielas exibem 800 casarões dos séculos 17 e 18, além de praças, igrejas e museus. Para chegar à Cidade Baixa, desça os 72 metros do Elevador Lacerda. Já na Praça Visconde de Cairu, entre no Mercado Modelo, um dos principais pontos turísticos da cidade. Aqui, o turista encontra o artesanato típico da Bahia. Site: www.emtursa.ba.gov.br. São Luís A capital maranhense foi fundada em 1612 pelos franceses e ainda passou pelas mãos de espanhóis e holandeses antes de cair nas graças dos portugueses. O resultado dessa mistura rendeu ao seu centro histórico o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1997. A área, na Praia Grande, tem nada menos do que 3.500 imóveis, entre igrejas, museus e casarões coloniais, erguidos sobre um traçado urbano intacto. A característica mais marcante desse conjunto arquitetônico são as fachadas com azulejos - o Solar São Luís, por exemplo, é o maior prédio de azulejos portugueses do País. Tudo preservado graças ao programa do governo de revitalização do patrimônio. Entre as paradas obrigatórias, estão o Teatro Arthur de Azevedo, de 1817, e o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, sobre as manifestações regionais do bumba-meu-boi. Site: www.turismo.ma.gov.br. Diamantina Diamantina ainda vive impulsionada pela herança do século 18. Toda riqueza histórica, artística e cultural proporcionada pelo garimpo de diamantes foi revalorizada em 1999, quando ganhou status de Patrimônio Mundial, e é o principal motivo pelo qual turistas invadem a cidade. Uma volta pelas ruas de pedra leva à casa da lendária Xica da Silva e ao local onde morou o presidente Juscelino Kubitschek, seus filhos ilustres. A Igreja Nossa Senhora do Carmo é a mais rica da cidade, obra-prima da arquitetura religiosa mineira. Erguida em 1765, tem uma única torre, altares folheados a ouro e pintura dos forros em perspectiva ilusionista. Igualmente imperdível é o Passadiço da Glória, passarela que liga dois sobrados dos séculos 18 e 19. A construção foi inspirada na Ponte dos Suspiros, em Veneza. Site: www.diamantina.mg.gov.br. Goiás O centro histórico da Cidade de Goiás é o mais novo Patrimônio da Humanidade em território brasileiro, eleito em 2001. Sua história está relacionada aos bandeirantes, como Anhangüera, que desbravaram o interior e encontraram jazidas de ouro. Batizada Vila Boa de Goiás, em 1739, a cidade tem pontos turísticos que preservam expressões culturais únicas. A casa de Cora Coralina é o mais famoso. Depois de visitá-la, vá ao Museu das Bandeiras, com acervo de 300 peças dos séculos 18 e 19. Na Praça Brasil Caiado há outras construções históricas: o Chafariz de Pedra e o Quartel do 20, antiga sede do Exército. Entre as igrejas, destaque para a de Santa Bárbara - depois de subir cem degraus, a vista alcança todo centro da cidade - e para a da Boa Morte, onde funciona o Museu de Arte Sacra. Dali parte a tradicional Procissão do Fogaréu, realizada na Semana Santa. Site: www.vilaboadegoias.com.br.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.