O mundo como sala de aula

Viajar é também uma oportunidade para aprender com o passado. Em uma semana em que a intolerância se destacou, veja lugares que ajudam a entender os horrores da discriminação

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Foto do author Adriana Moreira
Por Adriana Moreira
Atualização:
Hall dos nomes no Yad Vashem, em Jerusalém, com nome e fotos de judeus mortos pelo holocausto Foto: Baz Ratner/Reuters

Férias são para relaxar, claro, mas também podem ser uma ótima oportunidade para entender o passado e aprender aquilo que, muitas vezes, pode ter passado batido nos tempos da escola. Os acontecimentos da última semana – que incluíram um ato com cartazes nazistas em Charlottesville, nos Estados Unidos, outro antimuçulmanos no Rio, um atentado terrorista em Barcelona e o aviso pedindo que “judeus se banhassem antes de entrar na piscina” em um hotel nos Alpes suíços – são o exemplo vivo de quanto é necessário aprender com a História. 

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Selecionamos aqui cinco lugares que ajudam a ampliar a visão histórica e a entender os horrores que podem surgir quando o preconceito e a discriminação dão as cartas em uma sociedade.

MUSEUS JUDAICOS

Há muitos museus judaicos para entender os horrores do holocausto. Berlim, claro, tem o seu, com destaque para a impressionante área forrada de sapatos de judeus mortos pelos nazistas. O Yad Vashem, em Jerusalém, vem criando uma base de dados de mortos durante o holocausto – o Hall dos Nomes, com mais de três milhões de nomes de vítimas, é uma das salas mais tocantes. Em Nova York, o Museum of Jewish Heritage guarda 2 mil fotos sobre a Segunda Guerra, e conta com exibições permanentes e temporárias. Até dezembro, por exemplo, dá para assistir a um documentário sobre o julgamento, em 1961, de um dos arquitetos do regime nazista, Adolf Eichmann. E há Auschwitz, o mais simbólico campo de concentração, na Polônia, hoje um memorial e museu.

BERLIM

Antigo Muro de Berlim se transformou na famosa galeria de arte ao ar livreEast Side Gallery Foto: Adriana Moreira/Estadão

Dividida em Oriental e Ocidental depois da Segunda Guerra, a capital alemã é uma aula de história – muitos pontos importantes podem ser visitados gratuitamente. Caso da East Side Gallery, antigo trecho do Muro de Berlim coberto de grafites. Outro exemplo é a Topografia do Terror, onde ficava o quartel-general nazista, hoje um espaço amplo, com painéis que explicam detalhes sobre o regime. Aos domingos, às 15h30, há tours guiados pelo local – também grátis.

O Memorial do Holocausto, com 2.711 caixas de concreto de diferentes tamanhos, representa os judeus mortos na Europa (e não, não é um lugar para selfies engraçadinhas). Sem falar no Checkpoint Charlie, um dos postos de controle entre as duas Berlins. Repare no chão da cidade: tijolinhos marcam exatamente onde a muralha passava.Há vários tipos de tour, contudo, para aprender mais. A cidade é bike-friendly e plana, por isso alguns dos meus favoritos são pedalando. Um dos operados pela Berlin on Bike e pela Fat Tire Tours percorre a Trilha do Muro, passando por torres de controle e dando detalhes históricos. Prefere a pé? Também existem opções grátis, nas quais você dá uma gorjeta (em torno de 5 euros ou 10 euros) para o guia no final, como o da Free Tours by Foot. Fora da cidade, há um campo de concentração, o Sachsenhausen, cuja entrada é gratuita – mas diversas empresas operam tours guiados, pagos, até o local. Mais: visitberlin.de

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ÁFRICA DO SUL

Seguir os passos de Nelson Mandela é entender a luta contra o apartheid, regime que segregou a população negra no país por mais de 40 anos. O tour por Robben Island, ilha próxima à Cidade do Cabo onde o líder sul-africano ficou preso por 18 dos 27 anos em que foi privado da liberdade por lutar pelos direitos de seu povo, é impactante. Também há pontos em Johannesburgo.Veja mais informações em southafrica.net

CASTRO, SÃO FRANCISCO

O famoso cinema que leva o nome do bairro com a bandeira- símbolo do movimento gay Foto: Jim Wilson/The New York Times

O bairro da californiana São Francisco não é apenas um ícone da comunidade gay, mas também guarda forte apelo político. Em 1978, o assassinato do ativista Harvey Milk causou um grande impacto e transformou o local em centro de resistência contra o preconceito. Hoje, 41% de seus moradores se declaram gays. Além de lojas de decoração moderninhas e cafés convidativos, a vida noturna é uma das mais famosas da cidade. Site: mycastro.com.

IMIGRAÇÃO

O Museu da Imigração, em São Paulo, funciona na antiga hospedaria que recebeu italianos, espanhóis, alemães e outros imigrantes nos séculos 19 e 20. Renovada há três anos, a casa – que considera a migração um fenômeno contemporâneo – ganhou exposições interativas. Em seu acervo, mostra como essa fusão de culturas formou a identidade paulistana.