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O que fazer na cheia de classe Vale do Uco, em Mendoza, na Argentina

Por Marcelo Lima
Atualização:
Ócio. Na varanda da Andeluna, descanso e olhos ao longe Foto: Marcelo Lima/Estadão

MENDOZA - A cerca de uma hora e meia do centro da capital, na base da cordilheira, a região do Vale do Uco oferece uma experiência única de imersão no estilo mendoncino de viver. São mais de 1.500 hectares de vinhedos, cercados por uma natureza exuberante, o que, claro, não passou despercebido para os proprietários locais.

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Além das bodegas, que oferecem de suas sedes generosas vistas para a eclética paisagem – picos nevados, lagos cristalinos, áridos campos –, a infraestrutura de acolhimento instalada por lá e as opções gastronômicas da cozinha regional satisfazem ao mais exigente dos turistas.

Nossa primeira parada, a vinícola Andeluna, a 1.300 metros de altitude, em Gualtallary, Tupungato, surpreende por sua privilegiada locação, fator realçado ainda mais pela arquitetura de seu edifício-sede. Antes mesmo de qualquer degustação, é impossível deixar a câmera fotográfica na bolsa. Mais ainda ao entardecer, a partir da ampla varanda que se abre para os vinhedos da propriedade, tendo a cordilheira ao fundo. Não por acaso, o local é um dos ambientes onde são organizadas as degustações da bodega, quando a temperatura permite. O outro é o subsolo da construção.

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Foi lá, em meio a barris cenograficamente iluminados, que viemos a conhecer os rótulos da casa: os vinhos da série Andeluna 1300, mais jovens e frescos. Os da Altitude, mais encorpados e, por fim, a linha premium, a Pasionado, cujo cabernet franc denso e intenso me deixou boas lembranças. 

Durante as degustações, que custam de 180 a 490 pesos por pessoa (R$ 70 a R$ 190), a depender da categoria dos vinhos incluídos e dos seus acompanhamentos, o Pasionado é presença confirmada. Mas, dada sua notoriedade, o vinho é oferecido para consumo no local, por 365 pesos (R$ 142) a garrafa. 

Coração aberto. De volta à estrada, avistamos, ao longe, um edifício de concreto, de linhas contemporâneas, mas plenamente integrado ao contexto rochoso da região. Sede da vinícola Corazon del Sol, estávamos nos domínios do indiano Madaiah Revana. Um cardiologista – daí o nome da bodega – amante de vinhos e residente nos Estados Unidos que se encantou com o terroir local e resolveu cultivar por ali, em modalidade semiartesanal, vinhos de alta distinção.

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Hoje, como nossa guia nos fez saber, ele conta com mais de 17 hectares de vinhedos, cultivados nos solos compostos de rocha e areia, extremamente profundos e bem drenados. O que resulta, segundo os especialistas, em vinhos de grande complexidade.

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Fresca e aromática, a malbec é a uva que domina a produção em pequena escala da casa, que raramente ultrapassa 300 garrafas por safra. Na sequência, vinhos elaborados com cabernet franc, merlot e, para mim, as inéditas grenache e mourvèdre nos foram apresentados.

Estávamos no fim da viagem e, com meu nível de exigência sensivelmente aprimorado, o Soleado 2012, um malbec envelhecido por 24 meses em barris de carvalho, me seduziu de imediato. Na verdade, o entusiasmo foi grande. Mas acabou contido quando, na loja da casa, me deparei com a etiqueta indicando US$ 95 por garrafa. Valor sem dúvida à altura de sua classe e distinção. Mas um tanto quanto inapropriado para um enólogo amador, em sua primeira incursão a Mendoza e em fim de viagem.

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