O Estado de S.Paulo
05 Agosto 2014 | 02h06
Nascido em 1898, filho de engenheiro, esse holandês aprendeu a lidar com madeira desde cedo, mas não ia bem na escola. E a matemática não era o problema… Maurits Cornelis Escher era cobra nos números e na geometria, o que fica evidente no Escher in Het Paleis, museu que Haia ostenta na Lange Voorhout.
É um museu-palácio, a residência de inverno de 1901 a 1934 da rainha-mãe Emma e o escritório das três gerações seguintes de poderosas (Wilhelmina, Juliana e Beatrix) até 1984. Tem um dos bulevares mais bonitos da Holanda e abriga uma série de eventos culturais agora, no verão, especialmente para as crianças.
Voltando ao acervo fixo de Escher, a joia da coroa entre as 105 obras é Metamorphose III, circunferência de 7 metros de diâmetro na qual dá para sacar o que ele queria dizer com infinitude. Repare também nas suas paisagens italianas e esferas de madeira antes de ir ao 2.º andar, onde a pedida é interagir com espelhos, quebra-cabeças, projeções na parede e um quarto de chão enxadrezado, levemente inclinado, no qual anões parecem Golias, e Golias parecem anões. Há um painel de fotos no qual os visitantes brincam com a inversão de tamanho. Tem noiva (de véu e grinalda) subjugando marido, criança puxando orelha de adulto...
Outra marca do lugar são os lustres de cristal de dimensão formidável. Um tubarão, uma estrela, um contrabaixo, uma caveira, um guarda-chuva, uma aranha, um cavalo-marinho se reproduzem ad eternum pelos espelhos. A guia de sotaque britânico me toma delicadamente o caderno de anotações e escreve o nome do designer: Hans van Bentem - aquele a quem Madonna encomendou um revólver para pendurar em casa. Revólver de mentira, claro. Só para reverter conceitos.
Mais: escherinhetpaleis.nl; 9
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