Onde pássaros viram tartarugas ESCHER IN HET PALEIS

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Por Redação
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Há certo desconcerto no início: tem alguma coisa estranha aqui. Pássaros se transformam em peixes, que se transformam em pássaros, que viram tartarugas, que viram cavalos, que passam a ser pássaros, que se desdobram em casebres e nesse ritmo vai até que uma fluente correnteza d'água sobe por uma torre em vez de descer. Aí você ri. E passa o restante da viagem chamando de Escher tudo o que é ilusão. Um relógio analógico sem ponteiro? Escher! Um prédio de estrutura invertida? Escher! Um político que pense no povo? Escher!Nascido em 1898, filho de engenheiro, esse holandês aprendeu a lidar com madeira desde cedo, mas não ia bem na escola. E a matemática não era o problema… Maurits Cornelis Escher era cobra nos números e na geometria, o que fica evidente no Escher in Het Paleis, museu que Haia ostenta na Lange Voorhout. É um museu-palácio, a residência de inverno de 1901 a 1934 da rainha-mãe Emma e o escritório das três gerações seguintes de poderosas (Wilhelmina, Juliana e Beatrix) até 1984. Tem um dos bulevares mais bonitos da Holanda e abriga uma série de eventos culturais agora, no verão, especialmente para as crianças.Voltando ao acervo fixo de Escher, a joia da coroa entre as 105 obras é Metamorphose III, circunferência de 7 metros de diâmetro na qual dá para sacar o que ele queria dizer com infinitude. Repare também nas suas paisagens italianas e esferas de madeira antes de ir ao 2.º andar, onde a pedida é interagir com espelhos, quebra-cabeças, projeções na parede e um quarto de chão enxadrezado, levemente inclinado, no qual anões parecem Golias, e Golias parecem anões. Há um painel de fotos no qual os visitantes brincam com a inversão de tamanho. Tem noiva (de véu e grinalda) subjugando marido, criança puxando orelha de adulto... Outra marca do lugar são os lustres de cristal de dimensão formidável. Um tubarão, uma estrela, um contrabaixo, uma caveira, um guarda-chuva, uma aranha, um cavalo-marinho se reproduzem ad eternum pelos espelhos. A guia de sotaque britânico me toma delicadamente o caderno de anotações e escreve o nome do designer: Hans van Bentem - aquele a quem Madonna encomendou um revólver para pendurar em casa. Revólver de mentira, claro. Só para reverter conceitos. Mais: escherinhetpaleis.nl; 9

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