PARK CITY - Estávamos parados em silêncio num topo de montanha – éramos dois turistas e um guia – tomados de encanto pela beleza dourada do sol que se punha. Ao mesmo tempo, a lua se erguia no céu. De repente, a poucos metros de nós, surgiram dois alces adultos e um filhote, que passaram a se alimentar nas árvores. “Eu poderia ficar horas aqui”, disse Walter, o guia, justamente quem deveria estar acostumado à cena. “É um raro privilégio, não é tão fácil ver alces.”
O celular indicava temperatura de 8 graus negativos. E foi só por causa do frio cada vez mais intenso que ligamos os motores das nossas motos de neve para pegar o caminho de volta entre as montanhas de Park City, no Estado americano de Utah.
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Urbana e cosmopolita Apesar daquele flagrante da vida selvagem durante o tour na moto de neve – o snowmobiling –, Park City é um destino de inverno urbano e cosmopolita. Tem menos de 10 mil habitantes, mas está a apenas 50 quilômetros da capital de Utah, Salt Lake City, onde fica o aeroporto. Atrai celebridades como Justin Bieber, Will Smith e Michael Jordan, felizes proprietários de casas de luxo na cidadezinha.
A variada e refinada oferta gastronômica se concentra principalmente no centrinho, em torno da Main Street, onde até o grafiteiro Banksy dá uma canja: há uma obra em uma parede, protegida por vidro – um vidro rachado pelo frio, registre-se.
Park City recebe, todos os anos em janeiro, um dos festivais de cinema mais importantes dos Estados Unidos, Sundance, criado em 1978 pelo diretor e ator Robert Redford. O festival, este ano de 24 de janeiro a 3 de fevereiro, chega a levar 45 mil pessoas a Park City durante os dez dias de exibições e festas.
Esportistas das modalidades de inverno também são frequentadores da cidade, tanto por causa da celebrada boa qualidade da neve quanto pelo Parque Olímpico. O Utah Olympic Park, depois de receber a Olimpíada de Inverno de 2002, foi transformado em complexo de lazer e treinamento. É impressionante observar, do topo e da base, a plataforma de saltos do ski jumping (o tour guiado de 1 hora custa US$ 12).
Turistas também podem descer em boias no tubing (US$ 25 por pessoa), deslizar em alta velocidade nos trenós do bobsled (US$ 175 por pessoa) e ver artefatos e histórias da Olimpíada de Inverno de 2002 no museu da Fundação Utah Legado Olímpico.
Nas montanhas A temporada de inverno em Park City começou em novembro e vai até a primeira semana de abril. Desde 2014, quando foi comprada pelo grupo Vail Resorts, Park City Mountain virou o maior resort de inverno dos Estados Unidos, unida a Canyons, que já pertencia ao grupo: são mais de 330 pistas e 41 meios de elevação.
Deer Valley é o outro resort de inverno na cidade. Várias vezes eleito como o melhor dos EUA, é mais exclusivo e elegante, limita o número de visitantes diários a um máximo de 9 mil e não recebe snowboarders, apenas esquiadores. São cerca de 100 pistas e 21 meios de elevação.
Quatro bases de montanhas hospedam os turistas em Park City. Deer Valley tem opções no núcleo Silver Lake e em volta da recepção principal, o Snow Park Lodge. O cinco-estrelas St. Regis fica aqui, acessado por um funicular. Park City tem a Canyons Village e a Park City Village, onde fiquei hospedada no The Lowell, um prédio de apartamentos de temporada – condos, como dizem os americanos – com diárias de US$ 450 a US$ 1.000, a poucos passos das pistas. Os condos são um tipo de hospedagem comum na cidade. Muitos contam com facilidades como recepção, limpeza diária e academia no prédio. Na Main Street, há uma opção com rooftop panorâmico, da Park City Lodging.
Só não garanto que você conseguirá ficar parado ao ar livre por muito tempo, como constatei no passeio de snowmobile da North Forty Escpaes (desde US$ 130). Ao fim do tour, embora vestindo as roupas certas, sentia as extremidades dos pés e mãos congelarem.
Tive a mesma sensação durante as subidas à montanha nos teleféricos de cadeira aberta. O inverno de Park City tem temperatura média de 10 graus negativos e é preciso enfrentar isso para ter o prazer de esquiar, snowboardear ou mesmo dar a sorte de ver alces em seu ambiente natural. Recompensas pedem algum esforço, afinal. No pain, no gain, como se diz.
Para ir a Park CityAéreo: as companhias americanas que operam no Brasil levam a Salt Lake City – American Airlines, Delta e United. Sempre com conexão – demorei 16 horas na ida, via Los Angeles, e 15 na volta, via Dallas.Quanto custa: o passe diário custa no mínimo US$ 139 na Park City Mountain e US$ 157 em Deer Valley.