Vale a pena comprar passe com desconto para museu e transporte?

Antes de comprar, verifique se os descontos estão de acordo com as atrações do seu itinerário. Caso contrário, você gastará muito para ver tudo o que gostaria

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Por Christopher Elliott
Atualização:
Mapa para viajantes Foto: Grégory Roose por Pixabay

À primeira vista, o Lisboa Card, o passe oficial de turismo da capital portuguesa, parecia ser um ótimo negócio. Por apenas € 42 (R$ 218), oferecia-se três dias de acesso ilimitado ao transporte público e aos museus mais populares de Lisboa, além de outras atrações.

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Mas o cartão foi menos útil do que eu esperava. O Castelo de São Jorge e algumas outras das principais atrações não estavam no pacote, ainda que o cartão me proporcionasse um desconto no ingresso. E o Maat (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia) estava entre os museus fechados ou em reforma quando visitei a cidade.

O cartão deu direito a passagens do transporte metropolitano e do Eléctrico 28, o popular bonde que passa por muitos dos lugares mais interessantes da cidade. Mas, pela mesma quantia, eu poderia comprar um passe mensal.

Por que pensei que o cartão seria boa ideia? Descobri que consultei informações desatualizadas na internet. Alguns artigos diziam que o cartão era aceito em mais lugares do que de fato ocorria. Cometi o erro de acreditar que essas informações tinham sido conferidas recentemente, e paguei caro por isso.

Os bilhetes municipais de acesso oferecem descontos na entrada para as atrações da cidade e o sistema de transporte. São oferecidos por empresas como a CityPASS, que os oferece para muitas cidades americanas, e o Leisure Pass Group, que os oferece para cidades americanas e europeias.

Alguns bilhetes municipais são administrados como instituições de caridade para o benefício do público. Por exemplo, a Parceria Cultural Balboa Park, organização sem fins lucrativos de San Diego, mantém um programa chamado Balboa Park Explorer Pass oferecendo acesso às atrações do parque. O passe de um dia dá direito a até cinco ingressos, incluindo o Centro de Ciências Fleet e o Museu Aeroespacial de San Diego.

“A vantagem dos bilhetes municipais depende do quanto valorizamos a conveniência e o tempo gasto", diz Konrad Waliszewski, diretor executivo do aplicativo TripScout, um guia de viagens. Ele já pesquisou muito esses bilhetes e descobriu que eles representam uma economia para alguns visitantes. “Vale a pena para quem viaja no auge da temporada ou pensa em visitar mais de três das atrações incluídas", ele me disse. “Caso contrário, o melhor é comprar ingressos e passagens separadamente."

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Como saber que o bilhete municipal é uma boa opção para a sua viagem? Perguntei a Jon Owen, diretor executivo do Leisure Pass Group, que oferece passes digitais nos aplicativos Go City em 24 destinos, incluindo Roma, Londres e Paris.

Ele recomenda um estudo detalhado das atrações oferecidas para determinar se elas condizem com os interesses do turista. “O ideal são os bilhetes que oferecem flexibilidade", acrescenta ele. Alguns passes deixam as filas para trás (um recurso ótimo do Cartão Lisboa), e os bilhetes que incluem transporte facilitam a visitação de mais atrações por dia.

Também perguntei aos usuários dos bilhetes municipais se eles valem a pena. A maioria disse que sim, mas recomendando a leitura das letras miúdas da oferta sem dar atenção às afirmações hiperbólicas de acesso “gratuito" às “melhores" atrações (não é gratuito, pois pagamos pelo bilhete). Os turistas também devem ignorar as centenas de opiniões favoráveis que aparecem quando pesquisamos o nome de um bilhete na internet: são criados por marqueteiros astutos e podem conter informações enganosas ou desatualizadas.

A mochileira Nat Took, que mantém um blog de viagens, pagou € 65 (R$ 338) pelo bilhete municipal de um dia de Amsterdã, chamado Iamsterdam City Card. “Não valeu muito a pena", diz ela. “Eu tinha outros planos que não estavam incluídos no passe e, assim, não aproveitei o gasto feito."

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O conselho dela é planejar tudo cuidadosamente: localize no mapa as atrações que deseja ver (principalmente as mais caras) e visite somente as que forem incluídas no bilhete. Não desvie do itinerário para não perder dinheiro. “Se tudo que você quer ver for incluído no bilhete e você planejar a visita com inteligência, a solução vale a pena", acrescenta ela. “Mas é necessário muito planejamento, e a viagem acaba restrita ao que estiver incluído no bilhete."

Grainne Foley diz que é melhor fazer as contas antes de comprar o bilhete. Ela é uma blogueira de viagens que viaja pelos EUA com o marido e dois filhos em um trailer. Recentemente, enquanto visitavam Tampa, decidiram conhecer o Aquário Marinho Clearwater Marine Aquarium.

“Tínhamos pensado apenas em comprar ingressos para o aquário", diz ela. “Mas, quando sugeriram a compra de um bilhete municipal, que também daria acesso ao Zoológico de Lowry Park, o Busch Gardens, o Aquário da Flórida e a opção de visitar o Museu da Ciência e Indústria ou a Coleção Chihuly, aproveitamos a oportunidade." Para a família Foley, os bilhetes do Tampa City Pass foram um ótimo negócio.

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Em meados do ano passado, quando morava em Houston, experimentei o Houston CityPASS. Meus filhos e eu visitamos lugares que não teríamos conhecido, como o Museu de Ciências Naturais de Houston e o Museu de Belas Artes. A atração principal, é claro, era o Centro Espacial de Houston, que se preparava para comemorar o 50.º aniversário do pouso da missão Apollo 11 na Lua.

O mais frustrante era um detalhe do passe que nos permitia visitar uma atração ou outra, mas não ambas. Por exemplo, poderíamos ir ao Zoológico de Houston ou ao Museu de Belas Artes. Da próxima vez que comprar um bilhete municipal, tomarei o cuidado de não cair nas ofertas que nos obrigam a escolher entre o que é oferecido. Ainda assim, sem o CityPASS, o mesmo itinerário teria custado aproximadamente 40% mais.

Um bilhete municipal de acesso pode representar uma economia considerável. Mas é melhor ler as letras miúdas e pesquisar o itinerário antes de fechar negócio. Caso contrário, seu bilhete pode ser reduzido a um caríssimo cartão de transporte.

Tradução de Augusto Calil

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