Pelos trilhos de Minas Gerais, ao apito da maria-fumaça

Em preto, dourado e vermelho, o charme da locomotiva enche os olhos dos passageiros, enquanto a composição deixa para trás São João del Rey e segue rumo à elegante Tiradentes

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Por Bruna Tiussu - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO JOÃO DEL REY  - O trajeto, de 12 quilômetros, é todo percorrido pela antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, inaugurada por D. Pedro II em 1881. A verdade é que, durante a quase uma hora de viagem entre São João del Rey e Tiradentes (bilhete de ida e volta a R$ 35), pouca coisa da paisagem vai prender seu olhar na direção da janelinha. Sua atenção, desta vez, ficará voltada para quem conduz a composição: a maria-fumaça.

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Brilhante, charmosa, pintada de preto com detalhes em vermelho e dourado, é exatamente como as que vemos nos filmes que retratam o século passado. Uma raridade, como os mineiros dali insistem em ressaltar, pois é uma das poucas locomotivas a vapor do mundo que ainda roda em bitola de 76 centímetros.

A sensação de fazer parte de uma cena de novela de época segue dentro dos vagões, de madeira avermelhada e com poltronas em couro acolchoado. Escolha o seu lugar e em que sentido prefere se acomodar, já que os encostos são móveis. Antes mesmo de o trem partir, mais uma passagem tradicional: lá vem a Edna com seu tabuleiro apetitoso. Vendedora oficial de guloseimas da maria-fumaça há 10 anos, traz cocadas, balas e pirulitos de mel com sabor de infância. Abasteça-se com muito açúcar e esteja pronto para o início deste doce e bucólico passeio pelas raízes mineiras. O apito já vai soar.

São João del Rey. Programe-se para chegar na estação uma hora antes de seu trem sair. É lá que fica o Museu Ferroviário, com peças, fotos e painéis que contam a história da ferrovia. Outras locomotivas à vapor também estão expostas ali - em ótimas posições para saírem bem na foto.

Para explorar o resto da cidade, siga dali, a pé, até o centro antigo. Como em toda cidade histórica do Estado, as principais riquezas de São João del Rey se concentram nas igrejas. Invista mais tempo na de São Francisco de Assis: repare em seu lustre de cristal Baccarat e as grandes imagens de santos que todo guia vai afirmar terem cabelos naturais. Lá fora, a fachada fica ainda mais interessante graças às altíssimas palmeiras centenárias, plantadas na época de D. Pedro I.

Por outro lado, a matriz de Nossa Senhora do Pilar tem discreta fachada neoclássica. Toda opulência barroca está no interior, aí sim com muito dourado e teto pintado por inteiro. É ali que se concentram os festejos da Semana Santa, celebração tradicional da cidade. 

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