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Rituais e iguarias exóticas da culinária vietnamita

Tour gastronômico em Ho Chi Minh desvenda os tradicionais pratos e estabelecimentos da milenar cozinha do país

Por David Farley
Atualização:

THE NEW YORK TIMES"Você gosta de sangue de porco?", perguntou meu companheiro de viagem, empurrando-me para dentro de um certo restaurante de Ho Chi Minh. Antes que eu pudesse responder, duas tigelas de chao, um mingau de arroz com linguiça e cubos de sangue coagulado boiando, apareceram em nossas mãos.Mingau com sangue não é algo que eu provaria numa boa. Mas não podia pestanejar. Afinal, quem me guiava nessa jornada gastronômica era Michael Huynh, chef de Nova York, natural da cidade vietnamita. Se Ho Chi Minh carece de beleza estética, compensa na culinária. Prédios amontoados e becos minúsculos escondem os restaurantes mais autênticos. Após o mingau com sangue fomos ao Com Nieu Sai Gon (84-8-3932-6388), onde o som das panelas tomava conta do ambiente. Não eram funcionários desastrados, mas um típico ritual que envolve a especialidade da casa: arroz cozido em recipiente de barro. Antes de servi-lo, os garçons quebram as panelas para raspar as crocantes bolotas de arroz. Depois, polvilham molho de cebolinha verde. Após esse show, os pratos chegavam: berinjela japonesa com alho; berbigão cozido no sangue; peixe caramelizado. Tudo foi parar no nosso estômago com a ajuda de uma bia da, tradicional cerveja com gelo do sul do Vietnã.No dia seguinte foi a vez de conhecer o Minh Duc (84-8- 3839-2240), simples e curioso. O entretenimento fica por conta dos garçons que fazem verdadeiros malabarismos para equilibrar bandejas enquanto atravessam a movimentada rua que corta a cozinha e a sala de jantar. A barriga de porco caramelizado que nos serviram se desfez quando os pauzinhos tocaram a carne. O peixe assado era igualmente macio, comprovando a tese de Huynh, de que a diferença entre a comida vietnamita e a chinesa é que a primeira cozinha o alimento por muito mais tempo. Numa noite jantamos no Lang Nuong Nam Bo (84-8-3863- 2309), especializado em churrasco Mekong Delta, onde os clientes preparam sua própria carne em grelhas dispostas nas mesas. A carne crua chegava em etapas: javali, cabra e, por fim, uma surpresa, o rato Mekong, iguaria local. Sem dar explicação, Huynh se recusou a comê-la. Eu tive de encarar... Apesar de "comestível", a carne era pouca, bem passada e do tipo emborrachada.

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