Roteiros até para sedentários

Do super exigente Circuito W a programas mais 'light', há muitas formas de explorar o Parque Nacional

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Por Paulo Favero
Atualização:
Passeio a cavalo não necessita de experiência e permite uma bela vista do parque Foto: Paulo Favero/Estadão

Torres del Paine é um destino para amantes das trilhas e caminhadas. Então o primeiro desafio era saber o quanto eu aguentaria estando muitos quilos acima do peso e levando uma vida sedentária há alguns anos. No grupo de jornalistas viajantes estavam um maratonista, um fotógrafo em boa forma física e duas mulheres com pique de fazer inveja. E eu.

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Logo de cara já tinha percebido que não conseguiria fazer a trilha para a base das três Torres, que dura o dia inteiro em nível difícil. Talvez até aguentasse, pois muitas vezes é a cabeça que dita o ritmo do esforço. Mas pensei que poderia me machucar caso não tomasse cuidado. Meu alívio foi que tinha à disposição outras opções de passeios.

Obviamente é para se lamentar não conseguir ir até a base das Torres. Meus colegas retornaram radiantes - e exaustos - da caminhada de 22 quilômetros. No entanto, nesse mesmo dia eu acabei fazendo dois passeios que me contemplaram e proporcionaram ótimos momentos.

Devagar e sempre

A caminhada bastante agradável foi pela Laguna Azul e Cañadón Macho. Nesse trajeto de aproximadamente 8 quilômetros, de nível baixo de dificuldade, o viajante percorre trilhas que passam por lugares de beleza ímpar. A todo momento dá vontade de tirar fotos, então cada parada para retomar o fôlego acaba sendo estratégica para ampliar o álbum da viagem.

Benedito de Toledo Junior, arquiteto de 57 anos, teve uma inflamação nas costas e parou de se exercitar antes de ir para Torres del Paine. Sua mulher Lucila, uma veterinária de animais silvestres, de 60 anos, tinha conhecido o Atacama, no norte do Chile, e quis desta vez ir para Torres del Paine. O casal então tratou de se aventurar pelas trilhas do parque e eles foram meus companheiros na empreitada. "Minhas pernas reclamaram, mas minha autoestima está alta", comentou Toledo.

Cañadón Macho é uma opção de passeio com menos exigência física Foto: Paulo Favero/Estadão

Pinturas rupestres

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Existem outras excursões pelo parque, como uma que leva até rochas com pinturas rupestres feitas pela tribo dos Aonikenk, índios nômades que viveram na região. É chamada de Trilha dos Caçadores e tem cerca de 8 quilômetros, que podem ser percorridos com calma e sem grande esforço - exceto na subida da montanha que leva às pinturas rupestres, de onde se tem uma visão bem bonita do vale.

E foi pelo caminho menos atlético que me aventurei por Torres del Paine, que oferece possibilidades diversas para além das grandes caminhadas em trilhas, como excursões de bicicleta, caiaque e até cavalo. A Estância Lazo recebe os turistas para uma cavalgada bucólica em um lindo bosque que culmina em um local de vista incrível. Uma outra excursão a cavalo, nas estepes de Baguales, requer uma experiência maior para a cavalgada.

"A gente tenta se adaptar ao máximo ao turista. Por isso criamos passeios exclusivos como Cornizas e as cavalgadas, que refletem ainda mais a cultura patagônica. E todos os anos pesquisamos, nossos guias também trazem ideias, para ver o que podemos oferecer como novidade", explica Constanza Leiva Arellano, diretora de marketing da rede Tierra Hotels.

A excursão para Cornizas, citada pela executiva, é um grande achado na Patagônia. São cerca de 3 quilômetros de caminhada para chegar ao topo de um morro em Cerro Guido (depois precisa voltar ou seguir em frente por mais alguns quilômetros). Do penhasco, o viajante tem uma vista impressionante do vale, com o maciço Paine à frente. A presença de enormes condores é constante, com seus balés nas correntes de ar.

Ao final de cada atividade, existe um momento de relaxamento que serve também para conversar sobre o passeio: os guias costumam montar uma mesa ao lado da van para o piquenique improvisado, com bebida gelada, incluindo cerveja local, e petiscos variados. É lá que você já começa a pensar na próxima caminhada.

Nível avançado

Trilha avançada até a base das Torres Foto: Victor Ruiz Caballero/NYT

Quem vai em busca de trekking pesado, no entanto, encontra no Circuito W - o mais famoso do parque - seu principal desafio. O trajeto compreende 71 quilômetros e quatro dias de caminhada, passando por paisagens lindas, mas enfrentando frio e carregando na mochila itens de acampamento e alimentação. É preciso planejamento: o parque exige reserva para pernoitar nas áreas de acampamento, e a cada temporada pode haver mudanças na logística do circuito - vale sempre consultar o site do parque.

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