Antes, durante e depois da viagem: saúde é o que interessa

Estar com a vacinação em dia e consultar seu médico antes do embarque são cuidados que evitam sufoco durante as férias

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Por Felipe Mortara
Atualização:
As cepas B constituem de 20% a 25% das cepas de vírus da gripe em circulação Foto:

Na hora de preparar a mala, não dá para esquecer de itens fundamentais: tênis confortável, um casaco para o voo, checar as vacinas exigidas no destino e levar uma "farmacinha". Quem toma medicação regularmente, por exemplo, deve calcular uma dose a mais, pois há sempre chance de atrasos e cancelamentos de voo. Diabéticos e pacientes que fazem uso de medicamento controlado evitam chateação nas alfândegas levando prescrição médica com o nome genérico da substância ativa em inglês para justificar o porte do produto.

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Consultar seu médico antes da viagem - ou mesmo fazer um check-up - pode ser uma boa ideia, especialmente no caso de doenças preexistentes. A médica Karina Oliani, especialista em socorro em áreas remotas, explica que, em vez de arriscar, é muito melhor resolver eventuais problemas ainda no Brasil. "É sempre uma dificuldade se tratar no exterior, até nos países desenvolvidos", diz. "Um dente sensível antes da partida pode se transformar numa crise de canal e acabar com a viagem." Karina dá outra recomendação simples: levar um par de óculos extra.

Grávidas devem ficar atentas às regras das companhias aéreas. "Se possível, o ideal é viajar até 20.ª semana", recomenda. Meia elástica é importante, especialmente em voos longos, e vale checar com seu médico que medicamentos levar - muitos são proibidos na gestação. Caminhar durante o voo é recomendável não só para grávidas, mas para todos os viajantes, a fim de evitar risco de trombose.

Vacinação em dia.

Desde o ano 2000, o Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto Emílio Ribas (oesta.do/medicinaviajantes) oferece atendimento gratuito - de vacina contra febre amarela a comprimidos para combater sintomas de malária, tudo de acordo com o próximo destino do paciente.

"Fazemos uma avaliação individual, levando em conta o estado de saúde, se a vacinação está em dia e se é a mais adequada ao propósito da viagem. Verificamos também se o paciente é portador de doenças que impeçam a vacinação", explica o médico infectologista e coordenador do núcleo, Jessé Reis Alves. Segundo ele, o detalhe está no itinerário. "Temos de saber com precisão o roteiro do viajante para evitar medidas desnecessárias e alertar sobre os perigos de cada região. Em zonas tropicais, há o perigo de doenças como malária e outras provocadas por mosquitos, como a chikungunya."

A doença, comum no Caribe, é transmitida pela picada do Aedes aegypti (o mesmo da dengue) e já chegou ao Brasil. "Para evitar, é preciso saber qual repelente pode durar mais tempo na pele e fazer uso correto dele. Alguns podem ser aplicados sobre a roupa, o que aumenta a proteção."

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Durante a viagem, uma série de pequenos cuidados com água e alimentação podem evitar dissabores. "Independente do destino, diarreia costuma ser o sintoma mais comum", alerta Alves. Ele indica procurar água engarrafada e, se tiver dúvidas sobre o lacre, pedir água com gás, mais difícil de falsificar. "Não coloque gelo no copo e evite comidas cruas, como saladas e carnes. Só o faça se tiver boas recomendações sobre o local."

 

DEPOIMENTO
'A gente acha que só os Estados Unidos são rigorosos'
Ana Paula Lóes, Publicitária
"Faltava menos de uma semana para uma reunião de trabalho, marcada em cima da hora, na Costa Rica. Embarcaria com um colega no sábado e a apresentação, superimportante, seria na segunda-feira. Sabia que precisava tomar a vacina contra a febre amarela e que deveria fazê-lo pelo menos dez dias antes do voo. Entretanto, faltava apenas uma semana quando a viagem foi agendada. Arrisquei e tomei a vacina sete dias antes.
Imaginei que, se fosse barrada, seria ainda no check-in, no Rio de Janeiro. No entanto, o atendente da companhia aérea não disse 'não' - eu também não perguntei. Porém, quando desembarquei no domingo pela manhã no aeroporto de San José, na Costa Rica, após um exaustivo voo, fui impedida de entrar no país. 
Os funcionários da imigração foram supereducados comigo, mas me explicaram que apenas após dez dias a proteção é garantida. "Sua vacina só permite que você entre no país daqui a três dias", me disseram. Tentei argumentar que a minha reunião seria no dia seguinte e que ficaria só por um dia, mas foram muito categóricos: não havia jeito. 
Foram algumas horas no aeroporto até pegar o voo de volta para o Brasil. Me senti no filme O Terminal, com Tom Hanks. A gente acha que só os Estados Unidos são rigorosos com esse tipo de regra. Ainda bem que deu tudo certo e conseguimos fazer a reunião por videoconferência. Pretendo voltar para a Costa Rica - agora posso entrar à vontade." 

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