PODGORICA - Mais de uma vez durante os cinco dias em que nos acompanhou, a guia Dijana Brkovic usou a expressão “território das memórias partidas”, ora relatando disputas políticas, ora em comentários de natureza religiosa. Aqui, na conturbada Península dos Bálcãs, a ideia faz bastante sentido.
Uma das cisões recentes era central no nosso roteiro:
Sérvia
e
Montenegro
, os dois países que visitamos ao longo de dez dias em janeiro, eram um só até 12 anos e alguns meses atrás. De comum acordo, declararam-se independentes um do outro em junho de 2006. Estão entre os países mais novos do mundo.
Este foi apenas mais um dos episódios de agrupamentos e divisões que marcam os
Bálcãs
ao longo dos séculos. A região foi dominada pelos impérios romano e bizantino. No fim da Primeira Guerra, foi formada a Iugoslávia, que juntou seis países: além de Montenegro e Sérvia, também Croácia, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia e Macedônia. A Iugoslávia começou a se desmanchar em 1991; Sérvia e Montenegro formaram um país unificado em 1992.
Em 2008, a região autônoma do Kosovo (submetida a sangrentas guerras territoriais), se declarou independente da Sérvia, condição reconhecida pela maior parte do mundo ocidental, mas não pela própria Sérvia. A posição da Rússia é dúbia – o presidente Vladimir Putin visitou Belgrado em 17 de janeiro, mesmo dia em que chegamos à capital, mas não tratou do assunto, que é tabu.
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O CAMINHO
Nossa viagem, no alto inverno e sob temperaturas quase sempre negativas, começou em Montenegro, onde aterrissamos na capital Podgorica – diz-se “Pogoritza” –, vindos de Roma. Fomos primeiro ao litoral, seguimos depois para o interior, para a cadeia de montanhas dos Alpes Dináricos e a visita ao espetacular Monastério Ostrog. Passamos à porção sérvia das montanhas e terminamos na capital Belgrado.
No verão, recomendo fazer o roteiro em sentido contrário: começar em Belgrado, cidade com ritmo mais próximo do das principais capitais europeias, passar pelas montanhas e terminar com alguns dias à beira-mar no litoral montenegrino, de onde, inclusive, se chega muito rapidamente à Croácia – embora as praias de Montenegro não deixem nada a desejar às do país vizinho.
As línguas locais são quase sempre um completo mistério, mas cardápios, folhetos e os trabalhadores do turismo falam inglês. O transporte de uma cidade a outra e entre os países é uma preocupação – ônibus é a melhor opção, mas com quase nenhuma possibilidade confiável de compra online antecipada. A boa notícia é que existe uma agência de receptivo criada pelo brasileiro Thiago Ferreira, que mora em Belgrado desde 2011. A
organiza excursões por toda a Península Balcânica, com guia que fala português.
SAIBA MAIS
Como ir:
na
, ida a Podgorica e volta desde Belgrado (ou o inverso) custa, em média, R$ 3.900; selecione a opção “vários stopovers” no site. Swiss e Lufthansa levam só a Belgrado, desde R$ 3.600.
Como passear:
a agência
, baseada em Belgrado, monta roteiros por toda a área dos Bálcãs. Em grupo (geralmente, 4 a 6 pessoas), custa em média 120 a 250 euros por pessoa, por dia, com hotel, guia em português e passeios.