BELGRADO - Simonida Popov nos deu as boas-vindas à
Sérvia
com um abraço largo em cada uma das seis pessoas do grupo. Então, nos levou para comer. Nos dias seguintes, entenderíamos que a acolhida calorosa e informal de nossa guia sérvia, sem deixar de ser profissional, carregava muito do modo de ser da população local. Quando conhecemos o brasileiro Thiago Ferreira, que mora em
Belgrado
desde 2011 e criou a agência de turismo receptivo Bem-vindo à Sérvia, uma das primeiras coisas que ele nos disse foi que
“sérvios são os brasileiros dos Bálcãs”
.
Apesar disso, são ainda poucos os brasileiros que viajam à Sérvia: 2.579 em 2018, segundo o Ministério do Comércio, Turismo e Telecomunicação do país.
A população é 85% adepta da fé cristã ortodoxa, e os monastérios estão entre os grandes pontos turísticos. Encontramos o
Mileseva
, nossa primeira visita no país, na cidade de
Prijepolje
, todo coberto de neve fresca. Dentro do templo, que é do século 13, há uma espetacular coleção de afrescos medievais que retratam dinastias reais e patronos religiosos da Sérvia – é como uma Capela Sistina narrando a história local numa mistura de crenças e fatos mundanos. A imagem mais famosa é a do Anjo Branco, e diante dela a guia Simonida contou a história de Saint Sava, que tornou a igreja sérvia independente em 1219, 800 anos atrás – este ano de 2019, portanto, é de festa no país.
Passamos a primeira noite na Sérvia na cidade de
Zlatibor
, um destino de inverno com estação de esqui. O
tem arquitetura à moda dos chalés alpinos como a maioria das casas da localidade. A diária começa em 4.650 dinares sérvios (em torno de 40 euros; R$ 173) por pessoa. Diferentemente de Montenegro, a Sérvia não está na Zona do Euro – exatamente por isso, o país é barato para se hospedar, passear e comer.
A conta a se fazer é de 120 dinares para 1 euro
.
De Zlatibor a Belgrado, paramos na cidade de
Topola
para conhecer
Oplenac
, o mausoléu da família real sérvia, da linhagem do Rei Pedro. Oplenac, monumento nacional, narra boa parte da história do reino da Sérvia e da Iugoslávia.
CAPITAL
A Sérvia é o coração da antiga Iugoslávia, e sua capital,
Belgrado
, era a capital daquela república socialista. A chegada causou a sensação de voltar à Europa das metrópoles, depois de uma semana viajando por cidadezinhas. Hospedados no excelente
, que tem quartos e flats bem modernos (o nosso, com sala, estrutura de cozinha, quarto e banheiro, começa em 120 euros para dois), exploramos a pé o centro da cidade.
Há antigos edifícios bombardeados. A poucos passos está a
Praça da República
, ponto de concentração popular para manifestações políticas, e em volta dela, uma grande área de quarteirões comerciais exclusivos para pedestres. Dá para caminhar em 20 minutos até o
Museu Tesla
, dedicado ao inventor Nikola Tesla. Em 25 minutos, chega-se ao
Templo de São Sava
, o maior ortodoxo do mundo e cujo subsolo é recoberto por mosaicos.
No sentido contrário, são outros 20 minutos até o
Forte Belgrado
, que acumula 16 séculos de história nas muralhas e palacetes. A entrada é gratuita, a fortaleza é enorme – pense em um passeio de três horas – e fica no encontro do
Rio Sava
com o lendário
Rio Danúbio
.
CIDADE CENOGRÁFICA DE EMIR KUSTURICA
Para filmar
'Life is a Miracle
' (
'A Vida é um Milagre
'; 2005), o cineasta sérvio Emir Kusturica construiu uma típica vila sérvia perto de Zlatibor, em Mokra Gora. Gostou tanto que foi morar na vila. E transformou
Mecavnik - Drvengrad
em ponto turístico.
A cidadezinha é construída de madeira e pedras. Tem hotel quatro-estrelas desde 70 euros por casal (R$ 303), com café e jantar, estruturas de esportes, piscina, três restaurantes, bar e uma loja de bolos que serve deliciosos (e ultradoces) bolos típicos sérvios. A igrejinha ortodoxa na praça central é consagrada a Saint Sava.
Em janeiro, Mecavnik - Drvengrad recebe o festival de cinema
Kustendorf
, também criado por Emir Kusturica (aliás, diz-se “Kuturitza”). Os filmes são apresentados na sala de cinema e nos anfiteatros interno e ao ar livre. Tudo cercado pela beleza das montanhas ao redor:
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