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Capital tem maior perda de empregos no turismo do Brasil

Setor fechou 18.649 vagas na cidade em 2020, aponta estudo de pesquisadora da USP. São Paulo foi duplamente afetada por concentrar segmento de negócios e principais empresas de viagens de lazer

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Por Nathalia Molina
Atualização:

O turismo parou com a pandemia e talvez se pudesse pensar que o setor encolheria mais em conhecidos destinos de viagem do Brasil. Não, São Paulo foi a cidade mais afetada, em termos de empregos. Na capital, a área fechou 18.649 vagas em 2020, de acordo com estudo realizado pela pesquisadora Mariana Aldrigui, professora de Políticas de Turismo no curso de Lazer e Turismo da Universidade de São Paulo (USP).

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“A minha grande conclusão é que o que sustenta os empregos do turismo no Brasil tem forte relação com negócios, especialmente a relação entre cliente e fornecedor, em visitas para uma reunião ou representação comercial”, afirma Mariana, desde 2018 à frente da pesquisa Monitora Turismo, lançada oficialmente no fim de 2020. O Estado de São Paulo é o primeiro no ranking de maiores perdas de vagas no turismo no ano passado: 36.678.

A capital teve seu setor de turismo duplamente atingido pela pandemia, em termos de empregos. A cidade concentra tanto o segmento de negócios e eventos quanto as principais empresas que trabalham com viagens a lazer, que começaram a ver alguma recuperação apenas no último trimestre de 2020. “Parte dos deslocados de turismo, por exemplo, gente que trabalhava na montagem de estandes em feiras, tem mais probabilidade de ter migrado para serviços de delivery e apoio em eventos online”, diz Mariana, atual presidente do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

São Paulo foi afetada duplamente: a cidade concentra turismo de negócios e maiores empresas que vendem viagens a lazer Foto: Taba Benedicto/Estadão

De acordo com a pesquisa dela na USP, enquanto o turismo perdeu 110.833 vagas entre janeiro e dezembro, o País como um todo teve saldo positivo de 142.690. Para o estudo Monitora Turismo, a professora consolidou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2020, referentes a 571 atividades relacionadas ao setor de viagem, sendo 21 diretas, 191 compartilhadas, 142 indiretas e 217 aquecidas.

Além das empresas que atuam na prestação de serviços turísticos, Mariana considera outras influenciadas pelo setor. “As atividades compartilhadas são aquelas em que o turista gasta dinheiro, mas elas existem sem o turismo, como a padaria e o táxi. As indiretas fornecem (produtos e serviços) para o direto ou para o compartilhado, caso da lavandaria”, explica a pesquisadora. Atividade aquecida é o caso da concessionária de veículos em relação à locação de carros, maior conforme aumenta a demanda de viajantes.

No País todo, menos da metade das vendas

Entre as operadoras, empresas que montam os pacotes turísticos, as vendas em dezembro ficaram abaixo de 50%, em comparação com o mesmo mês em 2019. Os dados são da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), responsável por 90% das viagens de lazer vendidas no Brasil.

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Existem muitas pessoas que não veem a hora de viajar. O consumidor tem canalizado seu desejo para o planejamento desse momento. Tudo feito com calma e a esperança de que acontecimentos importantes, como a vacina e a abertura de fronteiras, tornem o ambiente mais seguro”, diz o presidente da Braztoa, Roberto Haro Nedelciu.

Feira híbrida e MBA em turismo

A Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) teve queda de 58,7% no faturamento de suas integrantes: um total de R$ 14 bilhões em 2020, contra R$ 33,09 bilhões no ano anterior. “A gente fez junto com o Sebrae uma pesquisa no ano passado com agências de viagens de todo o País. As 2,2 mil associadas da Abav reagiram melhor à crise, conseguiram ter uma sustentabilidade maior”, afirma Magda Nassar, presidente da entidade. No geral, 41% disseram que fecharam as portas do ponto físico, mas continuaram o atendimento online. No recorte com as agências da Abav, o número sobe para 62%.

Para 2021, a Abav Expo & Collab, feira anual do setor, está marcada para o período entre 29 de setembro e 1º de outubro, em São Paulo. Híbrido, o evento será espelhado virtualmente. A entidade também passou a oferecer um MBA online de Gestão em Serviços com Ênfase em Turismo, Hotelaria e Eventos, realizado desde 25 de fevereiro em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).

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