Sucessão de cartões-postais em San Cristóbal

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Por SAN CRISTÓBAL
Atualização:

Haja diversidade de paisagens num mesmo lugar. San Cristóbal, a última parada do meu roteiro em Galápagos, foi surpreendente. A ilha conquistou os visitantes em três etapas. A primeira começou às 6 horas da manhã, com o sistema de som das cabines interrompendo o sono de todos. No bote que levaria o grupo do navio à ilha, uma profusão de rostos cansados e braços se espreguiçando. Logo saberíamos que foi por uma ótima causa. Ou melhor, causas, centenas delas. No extremo leste da ilha, Punta Pitt tem em sua enseada recortada uma praia delicada e pequenina. Em não mais de 50 metros, uma dezena de leões-marinhos dormem tranquilos, sem se importar com a gente. Começamos a trilha mais pesada da viagem, de cerca de 2 horas, em ritmo puxado e morro acima - inadequada para pessoas sem preparo mínimo ou um bom calçado. Tanta subida tem sua recompensa. De um lado, a vista cinematográfica da praia. Do outro, montanhas alaranjadas de formação vulcânica, que lembram uma superfície marciana. Pássaros e mais pássaros surgem pelas encostas. Punta Pitt é o único lugar em Galápagos onde se pode encontrar juntos os três tipos de piqueros: de pata azul, vermelha e de nazca (cinza). Em seus ninhos ou voando, o espetáculo é garantido. Hora de subir a bordo para o almoço.Depois de breve descanso, os botes voltam à água diante de Cerro Brujo. As câmeras começaram a trabalhar quando nos aproximamos de imensos e escuros paredões verticais. Ao longo dos anos, a força das marés foi esculpindo imensas fendas de até 100 metros de altura - é possível atravessar algumas delas com os botes. A principal ganhou o nome de Catedral em razão da altura de seu salão alagado. Pelo barulho das máquinas fotográficas - que lembra o dos turistas de Notre Dame, em Paris -, o apelido é merecido. No lugar de pombas, um pelicano cruza o cenário. Difícil definir o que é mais belo no arquipélago. A uns 15 minutos de bote das fendas, dezenas de pedras pintavam a areia da praia de Cerro Brujo, cercada pelo calmo mar turquesa. Ao se aproximar, a surpresa: as "pedras" eram, na verdade, uma numerosa colônia de leões-marinhos.Pode estender a canga que eles nem se mexem. O mar é bom para um refresco, mas também para praticar snorkeling. A regra é a mesma para qualquer ponto de mergulho: quanto mais perto das pedras, mais vida. Foi o que pude comprovar ao nadar por longos minutos ao lado de uma enorme tartaruga do Pacífico. Na volta à areia, cuidado para não tropeçar nas pedras, digo, nos leões-marinhos. Protagonistas. Nenhum outro animal é tão associado a Galápagos quanto as tartarugas terrestres gigantes. Em julho, com a morte do último exemplar da subespécie Chelonoidis abingdoni - o Solitário George, com idade estimada de 100 anos -, restaram 10 das 14 subespécies. Mas boas notícias vêm da reserva Cerro Colorado Tortoise (também chamada de Galapaguera), a 40 minutos de Puerto Baquerizo Moreno, a capital do arquipélago, com 8 mil habitantes. Nesse belo trecho de floresta preservada vivem cerca de 300 tartarugas. A novidade é que, apesar das tentativas frustradas de se conceber um 'Georginho', a reprodução em cativeiro de outras subespécies no arquipélago tem números animadores. Em 1978, eram 17 mil animais - hoje são quase 30 mil. O passeio na reserva dura cerca de 2 horas, e caminha-se por uma trilha de madeira suspensa. O berçário de tartarugas é um show à parte. De volta a Puerto Baquerizo Moreno, tire meia hora para garimpar souvenires nas poucas lojas no calçadão à beira-mar. Camisetas de George e de Darwin são fáceis de encontrar, bem como canetas com animais. Cruze a pacata rua para a última espiada: os leões-marinhos dormem sob a gangorra da pracinha./F.M.

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