Suíça: cotidiano impecável no centro da Europa

País merece atenção por suas atrações turísticas, cenários encantadores e farta gastronomia, que faz render quilos a mais na bagagem

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Por Marco Antônio Carvalho
Na parte antiga de Zurique, programe um passeio pelo Rio Limmat Foto: MARCO ANTÔNIO CARVALHO/ESTADÃO

O que te motiva a acordar logo cedo e sair para o trabalho, para transformar o quê? Tive vontade de fazer a pergunta a alguns suíços enquanto estava em

Zurique

, a cidade que vi funcionar de forma mais perfeitamente organizada nesses meus poucos anos de andança na parte ocidental do mundo. A vontade era especialmente forte no terceiro e último dia nesta que é a maior cidade do País – se é que um canto com 391 mil habitantes pode receber algum título de tamanho. Só num país de 8,3 milhões de pessoas e de área menor que o Rio de Janeiro. É que por aquele dia já tinha certa noção do que é usar o farto sistema de trams, cujos bondinhos trafegam entre as diferentes regiões, ainda que com baixa velocidade, fazendo diminuir o ritmo do cotidiano, fator essencial para quem está de férias.

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Não só. Passear nas margens do Rio Limmat, com suas águas verdes transparentes, e literalmente potável, tem algo de desesperador para quem diariamente atravessa uma das pontes sobre o Rio Tietê para chegar ao trabalho. Lá, no verão, o intervalo para o almoço costuma ser acompanhado de um mergulho para se refrescar. Numa quinta-feira de setembro, uma pessoa lia um jornal sentada de frente para o rio, na altura do Parque Lindenhof, o que fez a minha curiosidade se aguçar ainda mais: o que enche aquele monte de papel de notícias por essas bandas? Bem, em alemão, língua falada por cerca de 70% dos suíços, não pude entender a manchete que trazia perto uma imagem da chanceler Angela Merkel, que disputava a reeleição no país vizinho, e alguma menção ao acirramento da situação na Catalunha.

A neutra Suíça há muito se preocupa com as relações internacionais, intermediando tratados e sediando organizações diplomáticas, como a ONU, em Genebra, no sudoeste do país. Bem que os suíços podiam ajudar o Brasil nesse momento turbulento, pensei, numa ideia rasa. Não lembrei que as instituições de lá começaram a entregar uns figurões com aktas somas na conta bancária – complacentes em certa medida? –, aumentando o bolo da Operação Lava Jato.

Fato é que o número de brasileiros visitando a Suíça aumentou 58%, entre 2006 e 2016, com 231 mil pernoites no último ano, sendo 41% de pessoas naturais de São Paulo e uma permanência média de 2,4 dias no país. Zurique está entre as cidades favoritas, ao lado de Berna, Genebra e Lucerna. Metade dos turistas brasileiros tem menos de 35 anos.

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A influência predominante em Zurique é a alemã. Além da língua, pode ser notada na arquitetura, em especial na renovada parte industrial da cidade. A duas horas de distância na direção sudoeste, partindo da estação central, estaríamos em Lausanne e já não se acreditaria que ali era o mesmo país. Pela quantidade de “madame” e “monsieur” falados no lobby do hotel, era fácil notar a forte influência francesa, que tomou para si também a gastronomia. 

Mas não se engane, eles não se fazem de rogados sobre essa maravilha que é o cantinho deles. Não era preciso perguntar para ouvir elogios e exaltações à eficácia e pontualidade do sistema de transporte, por exemplo. E não se engane de novo: a marca implícita sob a cruz branca com o fundo vermelho não precisa indicar necessariamente uma viagem de luxo – mas, se quiser, pode. Há muitas opções em conta sem perder nada de melhor do que se pode aproveitar.

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Valeu, Suíça. Constrangido, não perguntei o porquê de vocês acordarem, mas se for para manter tudo isso, que é um baita trabalho, acho que já vale.

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