Tempos modernos: a nova cara de Viena

A Viena das valsas e dos palácios segue firme e forte. Mas uma profusão de cafés e bares descolados, lojas e festivais moderninhos deixaram a cidade mais jovem – e ainda mais atraente

PUBLICIDADE

Por Mari Campos
3 min de leitura
Mural às margens do Rio Danúbio, que no verão recebe até praia artificial Foto: Leonhard Foeger/Reuters

Rodeada por livros e objetos de decoração moderninhos à venda, ouvia uma trilha ambiente meio beat baixinha, enquanto tomava meu einspanner (um espresso forte com generoso chantilly). Além das poucas mesas do lado de dentro e na calçada estarem ocupadas por pessoas de diversas faixas etárias e estilos tão variados quanto o das cadeiras da casa, o movimento no balcão do café era intenso, com gente comprando a bebida para viagem o tempo inteiro. Muitos passavam também no caixa do outro lado para pagar por um livro ou revista, como em movimentos sincronizados.

O adorável phil (assim mesmo, com letra minúscula) é um dos mais bem-sucedidos cafés da nova leva que assola Viena. A cidade, que tem uma relação intensa com a bebida desde o século 17 (o primeiro café foi aberto oficialmente em 1683), inaugura cada vez mais casas do tipo – já são mais de 2.500 –, num perfil muito diferente da fórmula clássica que consagrou seus endereços mais icônicos. 

A modernização dos cafés vienenses é apenas uma das facetas dessa cidade cada vez mais cosmopolita e descolada: hotéis, bares, bairros inteiros e a própria relação de Viena com a música estão em profunda e constante transformação e evolução. 

Café phil também é livraria Foto: Reiner Fehringer/Wien.info

Tudo novo. Seguindo o exemplo de outras cidades europeias, alguns bairros de Viena têm se transformado por inteiro e em pouco tempo. Áreas antes quase exclusivamente residenciais passaram a abrigar em seus apartamentos jovens artistas e intelectuais. A fórmula é conhecida: depois deles, vieram cafés, lojas e bares descolados que transformam toda a área num point jovem-hipster-moderno. 

Em comum, são bairros cheios de vida, de manhã até a noite, com produtos fora do óbvio, imensos mercados de rua e comércio instalado em espaços democráticos. 

Continua após a publicidade

Há alguns anos, foi o 7th District, o bairro quase grudado ao Museumquartier (área de museus que, no verão, recebe shows e outras programações culturais), que começou esse processo. Depois dos bares, cafés e lojas, vieram os ateliês, galerias e centros culturais. Devagarzinho, a coisa expandiu para além da Neubauasse e tomou a Burggasse e os arredores da St.Ulrichs-Platz, em espaços sempre multipropósito – livraria-café, barbearia-bar, boutique-restaurante e assim por diante. 

Depois foram os arredores do animado Naschmarkt (e suas barracas cada vez mais diversificadas) e do Freihaus District. Agora a coisa chegou até o Karmeliter District, rodeando o mercado homônimo que é, sem dúvidas, uma das mais excitantes vizinhanças de Viena atualmente – e totalmente fora da rota da imensa maioria dos turistas internacionais. Bistrozinhos simpáticos e incontáveis espaços de arte contemporânea estão transformando definitivamente o bairro. 

Dos palácios de Schonbrunn e Hofburg às carruagens que levam turistas para seguir os passos da imperatriz Sissi, as atrações clássicas continuam todas lá, é claro. Mas, nos últimos anos, Viena tem mostrado seu lado mais trendy. E está mais sedutora do que nunca. 

SAIBA MAIS

Aéreo: São Paulo - Viena - São Paulo, com conexões, custa a partir de R$ 3.354 na KLM; R$ 3.625 na Lufthansa; R$ 4.787,60 na Latam; R$ 4.981,99 na TAPVienna Card: o Vienna City Card dá direito a uso ilimitado do transporte público da cidade (com a passagem gratuita de uma criança até 15 anos), além de descontos em atrações turísticas. Há opções de 24, 48 e 72 horas, a partir de 13,90 euros; à venda em hotéis e postos de informação turística Sites: austria.info; wien.info

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.