24 de setembro de 2013 | 02h14
Tanto que as casas enormes vistas ali são, em sua maioria, de gente que trabalha em Boston, mas teve filhos e resolveu mudar para um lugar mais calmo para criá-los. Quem informa é Lynn Parisi, a guia que parece uma enciclopédia, tal o número de informações que despeja sobre os visitantes e a quantidade de perguntas a que sabe responder.
Rockport vive basicamente da pesca, tendo a lagosta como um dos principais produtos. O porto local, abrigado numa baía minúscula, rústico e em nada parecido com o porto pesqueiro de Boston, reúne barcos cheios até as tampas de gaiolas de pescar. Um cenário para lá de fotogênico, incrementado ainda pelo casebre vermelho chamado de Motif # 1 e tido como um dos prédios mais retratados em pinturas dos Estados Unidos. Até o dentista da animação Procurando Nemo (2003) tem uma tela que reproduz a cabana em seu consultório.
O Motif #1 foi erguido entre 1830 e 1840 como uma espécie de marco fundador da colônia de pescadores e artistas. O nome é atribuído ao pintor Lester Hornby (1882-1956), um dos que sentavam diante do casebre para retratá-lo em suas telas. O lugar é tão querido que, ao ser destruído durante uma nevasca em 1978, não demorou um ano para uma nova versão ser erguida, idêntica à original.
Entre os 6 mil habitantes há ingleses, irlandeses, finlandeses e também açorianos e sicilianos. As nacionalidades distintas têm um ponto em comum: parece que todo mundo ali é artista. O centrinho tem lojas de artesanato, galerias e exposições na agradável Rockport Art Association. Além de um espetacular salão de concertos, o Shalin Liu (rcmf.org), cuja parede do fundo, exatamente a do palco, é de vidro transparente. Atrás do piano está a vista desimpedida do mar.
Tudo sob medida para um bate-volta desde Boston. Mas se não pernoitar em Rockport, você perderá a chance de conhecer o gracioso hotel Emerson Inn (emersoninnbythesea.com; desde US$ 179). Localizado em um ponto rochoso da costa e com jeito de pousada, ocupa uma casa restaurada de meados do século 19 com 36 quartos.
Batalha. Pergunte a qualquer morador onde comer lagostas e você será direcionado à Gloucester House (thegloucesterhouse.com), na cidade vizinha. O restaurante tem 55 anos e serve o crustáceo para iniciados. O bicho vermelho vivo vem inteiro, cozido e acompanhado de milho, batata e pão.
Comer é uma batalha e requer alguma técnica - peça orientações ao staff. Sim, há porções da carne já fora da carcaça. Mas aí perde a graça e o folclore. / MÔNICA NOBREGA
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